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Med ganha asas na sua maioridade

Written by  Rita Pina Ft direitos reservados

Nos dias 30 de junho, 1, 2 e 3 de julho, o Festival MED regressa em pleno depois de um ano de paragem (2020) e de uma edição especial adaptada à pandemia, o interMEDio (2021).

A Zona Histórica de Loulé recebe um dos mais importantes eventos da Europa enquadrado na indústria das músicas do mundo, que volta em força este verão e com um motivo de interesse acrescido, a celebração da sua maioridade, já que assinalam-se este ano os 18 anos de existência do MED.

Com um cartaz musical de excelência, aliado a um programa cultural eclético onde cabem manifestações artísticas como Cinema, Literatura, Teatro, Artes Plásticas, sem esquecer o Artesanato e a Gastronomia dos quatro cantos do mundo, o Festival traz, em 2022, muitas novidades e promete surpreender ainda mais o público. A animação ao mais alto nível está garantida pois não é todos os dias que um festival alcança a idade adulta, sempre em crescendo em termos de notoriedade e reconhecimento por parte do público, da crítica e dos próprios artistas que se reveem no espírito único do MED

Passados 18 anos, as raízes do Festival MED estão cada vez mais fortes e os objetivos do distante evento que nasceu “tímido”, no ano de 2004, mantêm-se, por um lado, dar a conhecer artistas e tendências na área da world music e divulgar a interculturalidade nos diferentes campos artísticos; e por outro lado, promover a união dos povos e a tolerância e sensibilizar os espectadores para matérias como a questão da emergência climática, a luta contra o racismo e xenofobia ou o desperdício alimentar.

No dia 3 de julho, a organização do Festival MED’22 irá proporcionar ao visitante um dia de entrada livre, oferecendo um programa cultural diversificado naquela que será a derradeira noite desta 18ª edição. “Queremos que todos possam usufruir deste evento. E apesar de nesse dia já não termos os grandes cabeças-de-cartaz, quem aqui vier no domingo vai poder vivenciar um pouco do espírito do Festival, através de algumas propostas musicais e de outros conteúdos interdisciplinares”, explica o diretor do MED, Carlos Carmo.
O programa do “Open Day” arranca na Casa do Meio Dia, às 18h30, com a Conferência “Sustentabilidade Ambiental nos Festivais de Música”. Numa iniciativa que tem como parceiro a APORFEST – Associação Portuguesa de Festivais de Música e com moderação do seu presidente, Ricardo Bramão, a preocupação para com o ambiente na organização dos festivais vai ser o mote desta tertúlia que contará com a presença da jornalista Catarina Canelas, da vice-reitora da Universidade do Algarve, Alexandra Teodósio, da cantora Viviane, Verónica Guerreiro (Loulé Design Lab) e ainda do diretor do Festival e vereador do Ambiente, Carlos Carmo. De referir que, ao longo dos anos, o MED tem agregado diversas ações de promoção da sustentabilidade como é o caso do copo ecológico, a introdução de painéis solares na zona de restauração, a recolha seletiva de resíduos, a colocação de distribuidores de água da rede ao longo do festival ou a participação do Movimento Zero Desperdício.


Já dentro do recinto convencional do festival, o foco vai estar desde logo num Património Cultural Imaterial da Humanidade que tem estado sempre presente no MED desde que recebeu esta distinção, em 2013, a Dieta Mediterrânica. A partir das 19h30, os Claustros do Convento Espírito serão o cenário para workshops de culinária onde são valorizados os produtos locais e esta tradição e cultura alimentar. A Tertúlia Algarvia é um dos parceiros desta iniciativa e a sua chef Alexandra irá cozinhar cataplana de frango com amêndoas, alperces e especiarias e gaspacho de tomate e melancia.
O outro parceiro é a Associação In Loco, que através de Margarida Vargues, irá elaborar um empadão de lentilhas mediterrânico, enquanto que Rui Palma apresentará um gaspacho de melancia com morangos, queijo de cabra fresco e manjericão. Sustentabilidade, respeito pelos ciclos agrários e promoção de hábitos alimentares saudáveis são, pois algumas dos benefícios desta tradição secular.
Às 21h00, o Ensemble de Flautas de Loulé e a Orquestra de Sopros e Percussão do Conservatório sobem ao Palco Matriz para um espetáculo que irá mostrar o talento musical que existe em Loulé e aquele que tem sido o trabalho realizado no Conservatório de Música Professor Francisco Rosado. Uma proposta que traz sonoridades mais eruditas a um festival que marca também por essa diversidade musical.
Às 21h45, no Palco Castelo, o Festival MED apresenta um concerto especial com o artista africano Remna. Em maio de 2019, o músico atuou na apresentação desse ano, no Capitólio, em Lisboa, e estava prevista a sua participação no Festival em 2020 mas devido à pandemia só este ano Loulé irá receber este concerto.
Verdadeiro nómada de paisagens sonoras, é hoje considerado um tesouro africano pelos seus pares. Nascido no Senegal, Remna Schwarz viveu em países como Congo, Mali, Senegal, Guiné, Cabo Verde França, Cuba ou Estados Unidos. Apresentou-se no ano 2018 no “Festival South By Southwest", no Texas, a maior mostra de música do continente americano, recebendo ótimas críticas como a da Wobean Music, que apelidou a sua música de "Great Pan African Music".

O filme “Surdina”, musicado por Tó Trips, encerra o ciclo de Cine-Concertos, bem como a celebração dos 18 anos de Festival MED. Às 22h30, a película de Rodrigo Areias lançada em 2020 vai ter acompanhamento do virtuoso músico que regressa a Loulé, desta vez a solo, depois de duas presenças com os Dead Combo.
Motivos não irão faltar para quem quiser experienciar toda a vivência que o MED oferece já que neste dia o público terá ainda a oportunidade de degustar os sabores do mundo, apreciar o artesanato nas mais de uma centena de bancas presentes, visitar as exposições e instalação artística que fazem parte do programa e interagir com os artistas de rua.

E é para que o visitante possa vivenciar da melhor forma essa experiência que a organização introduziu algumas inovações. Desde logo, o MED vai extravasar o seu programa para outros locais do centro da cidade de Loulé, para além da Zona Histórica que tem sido o seu “habitat natural”.

O Cineteatro Louletano junta-se pela primeira vez ao cartaz do MED para receber o concerto de abertura do Festival, com Lina_Raül Refree, no dia 29 de junho, pelas 21h00. É também aqui que, a 2 de julho, pelas 17h00, a peça “Chovem Amores na Rua do Matador”, história escrita por Mia Couto e José Eduardo Agualusa, vai estar em cena. “O teatro era uma valência do Festival que estava um pouco apagada e, com a presença do Cineteatro, achámos que esta era a oportunidade certa para termos aqui uma peça esta dimensão e que pudéssemos ter uma sala cheia”, ressalva o diretor.

Mas também a Literatura, setor que estava “um pouco adormecido”, vai ganhar em 2022 uma nova dinâmica, precisamente num espaço fora de portas. A Casa da Cultura será o parceiro e a sua sede, o recém-inaugurado edifício do Atlético, o lugar onde irão acontecer momentos de poesia, prosa e outros géneros literários.

Outro dos “palcos” fora do recinto é a Casa do Meio Dia, parceiro que abre as suas portas para receber, no dia 3 de julho, pelas 18h30, a conferência “Sustentabilidade Ambiental nos Festivais de Música”. “Alinhado com aquele que tem sido o trabalho da Câmara Municipal”, a Autarquia de Loulé e a APORFEST – Associação Portuguesa de Festivais de Música promovem uma iniciativa que contará com diversos oradores ligados ao jornalismo mas também representantes do mundo académico.

Ano após ano, o MED Classic leva ao interior da Igreja Matriz concertos de música erudita, mas terá nesta edição um novo palco já que as obras de reabilitação deste edifício eclesiástico inviabilizam a sua realização aí. Como tal, nos dias 30 de junho e 1 e 2 de julho, a Igreja de S. Francisco, outro espaço fora do casco medieval da cidade, acolhe os concertos de Rui Mourinho, Ensemble com Spirito e Duo Acordeão e Tuba – Surrealistic Discussion. Já no dia 3 de julho, o MED Classic regressa ao recinto, para levar ao Palco Matriz, pelas 21h00, o Ensemble de Flautas e a Orquestra de Sopros e Percussão do Conservatório. O diretor do Conservatório de Música Professor Francisco Rosado, Sérgio Leite, assume a curadoria desta valência.
Como era expectável, os Banhos Islâmicos de Loulé, inaugurados este sábado, passam a integrar o programa e a incorporar a essência do MED. O espaço arqueológico estará aberto para visitas guiadas durante os dias do Festival enquanto que a área exterior (logradouro) vai receber o Palco Hamman (designação árabe para “banhos”). Terra Sul, Suricata e Amar Guitarra são os artistas que integram aqui alinhamento musical.

Já o Cinema MED apresenta nesta edição uma forma diferente de experienciar a sétima arte: os Cine-Concertos. Os filmes exibidos (19h15) serão musicados ao vivo, mas neste espaço haverá também, diariamente, a atuação de DJs (22h15). As propostas são as seguintes: 30 de junho, “Todo o Cinema do Mundo”, Cineconcerto by JP Simões, e DJs Rui Pedro Tendinha/Marie Lopes; 1 de julho – “Sistema Sonoro” by Bando à Parte (Pedro Bastos, Jorge Quintela e Rodrigo Areias), e DJ Pedro Ramos (futura Rádio de Autor); 2 de julho – “Dentre” by Joaquim Pavão, e DJ Pedro Ramos (futura Rádio de Autor). No encerramento do Festival, a 3 de julho, pelas 22h30, é apresentado “Surdina” com cineconcerto by Tó Trips, o ex-Deab Combo que regressa a Loulé, desta vez a solo.

A curadoria do espaço volta a estar a cargo do crítico de cinema Rui Tendinha e a produção é do Loulé Film Office. O espaço funcionará Rua do Município, junto ao edifício da Câmara de Loulé.
O envolvimento do movimento associativo cultural do concelho é outra das notas deixadas pelo diretor durante a apresentação deste domingo, nomeadamente nas áreas das artes de rua. Mas também em relação a um novo palco, o MED Jazz. Nos Claustros do Convento, onde em anos anteriores se desenvolvia um espaço dedicado ao Fado, este ano é o Jazz que vai estar em destaque. Com a parceria da Mákina de Cena, decorrerão aqui os concertos com Vale, Juliette Serrad, Marco Martins’Low Profile, Heiko Bloemers, Maria Villanueva e Desidério Lázaro Quarteto, propostas auspiciosas os apreciadores, e não só, do universo jazzístico.

No que respeita às exposições, para além da Galeria de Arte do Convento do Espírito Santo e dos Claustros do Convento, também a Rua do Município contará com uma instalação artística.
O Palco Arco volta a estar associado a um espaço de gastronomia, nas traseiras da Igreja Matriz, e que será animado pelos músicos residentes Eduardo Ramos, Marco Cristovan e Afonso Dias.
No MED Kids, espaço direcionado para os mais novos com atividades específicas desenvolvidas pela Biblioteca Municpal, onde os pais poderão deixar os seus filhos. Quanto aos tão apreciados espaços de gastronomia ou artesanato, Carlos Carmo destacou o facto de, cada vez mais, “o objetivo é ter uma coincidência entre os países que estão presentes ao nível musical com aquilo que podemos oferecer”.

Já o “Open Day”, o dia de entrada livre, será assinalado com um concerto especial com o guineense Remna. É no dia 3 de julho, às 21h45, no Palco Castelo.
Recorde-se que, no que toca à música, já foram anunciados os 33 artistas que irão atuar nos palcos principais. Mas em 2022, ao longo de 4 dias, o MED contará com 90 horas de música, 66 concertos divididos por 12 palcos ou espaços informais, mais de 330 músicos, 23 nacionalidades, e em estreia a Mauritânia, representada pela artista Noura Mint Seymali.
Para concluir esta apresentação, o diretor Carlos Carmo sublinhou que o que marca a diferença e está na base do sucesso do evento e a escolha musical diferenciadora: “Não olhamos somente aos nomes mas ao seu conceito. Ao conceito inicial que era o de um festival que andava à volta da Bacia do Mediterrâneo mas que, em bom momento, abraçou outros pontos globo. A diversidade musical e as sonoridades do Festival MED fazem dele um evento riquíssimo em termos musicais e um festival de referência não só no Algarve e no nosso país, mas que é reconhecido em todo o mundo”, realçou.
Os bilhetes para o Festival MED estão em pré-venda até ao dia 23 de junho, no Cineteatro Louletano e nos locais habituais. 
Mais informações em:
www.festivalmed.pt

 

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