BA: Acho, mas não considero que seja por serem temas mais masculinos, ou menos, tem a ver com uma questão de voz. Eu gosto da voz do Hugo e acho que há músicas que resultam melhor com ele.
HC: Sim, há letras que é como se fossem um homem a falar.
BA: Sim, mas eu não considero que por ser um homem a falar, a música seja mais masculina. Não. Há canções teoricamente de um homem para uma mulher e não faz qualquer diferença. Eu não seria o tipo de pessoa que mudaria o seu disco por ser para um e não para uma, sinto-me perfeitamente confortável em qualquer registo e isso não faz da música mais masculina ou feminina.
HC: As canções adaptam-se. Tanto podem ser cantadas por um homem, como por uma mulher. A emoção que esta lá é muito forte, não tem sexo.
BA: Eu não considero que haja música mais masculina ou feminina. A interpretação é algo muito pessoal e cada um faz a gestão do tema como entende para o interpretar da melhor forma. Mas, não sinto essa diferença. Há é uma questão estética em que sinto de facto que há temas que a voz do Hugo resulta melhor.
Estão já a preparar um novo trabalho em termos evolutivos há diferenças?
HC: Em princípio já evoluímos mais como músicos, quando fizer este álbum vai ser melhor que o primeiro, acho. Existem temas que estamos a tocar ao vivo que vão entrar neste segundo trabalho musical. Há-de surgir na altura certa e já estamos a pensar o que vamos fazer.
BA: Vai ser também menos introspectivo que o primeiro. Mais mexido. Pelo tipo de músicas, vai ser uma abordagem totalmente diferente.
No vosso primeiro disco houve participações especiais, este também vai ter também?
JM: Não pensámos ainda nisso, mas vamos ter. Ao vivo gostamos de ter, no primeiro tivemos 2 participações.
Haverá uma frase para definir este segundo álbum?
HC: Estamos na fase de nos organizar para escolher os temas e só depois é que podemos ter uma ideia estética de como será o álbum e o que o irá definir. O nosso primeiro álbum chama-se "com a mesma alma" que não consta nesse trabalho, vai aparecer no segundo. O próprio trabalho vai falar por si e dizer o seu nome.
BA: Na criação nas músicas não pensámos do ponto de vista estético qual vai ser o resultado disto. É um processo que acontecerá provavelmente no fim, quando estiver terminado e isso aconteceu-nos no primeiro álbum. Tivemos algumas dúvidas em que músicas ficariam, depois tomámos essas opções e surgiu o resultado final. Não temos ainda datas.
HC: Mas, há essa intenção. O nosso último trabalho discográfico é de 2010 e entretanto já estamos a tocar temas novos que não estão gravadas, mas há a intenção de fisicamente as tornar reais e não estarem só a ser usadas em concertos ao vivo, alguém que queira ouvir vai ter de ver um vídeo.
Nos concertos por esse mundo fora associam-vos a Portugal ou nem por isso? Há temas cantados em português, mas nem toda a gente sabe o que é.
HC: É mais Brasil, mas é possível que não achem que sejamos portugueses.
E como é ser músico português em Portugal?
HC: Eu acho que depende das oportunidades que os músicos tem e não quero ser mau, mas depende das cunhas. Pessoalmente para ser músico em Portugal é preciso ter muito amor pela camisola, eu conheço a realidade das bandas onde vou tocando. Ou uma pessoa tem sorte, ou tem alguém. Eu vou tentando a minha "sorte" com o meu trabalho e por vezes uma pessoa pensa em desistir, porque é não é de agora, não é da crise. Toco há vários anos, desde que decidi ser artista. É uma corda bamba constante, mas acredito que há músicos portugueses que estão muito bem, ainda bem para eles. Não sinto inveja, eu coloco-me no meu lugar, se calhar tenho de passar por este tipo de experiência. O sucesso não é para todos, é limitado.
Mas, tem a noção que a tua música não para as grandes massas?
HC: Sim, é mais restricto.
JM: Estamos a tentar abrir mais essa porta para o exterior também, não quer dizer que não haja público, mas este é um país pequeno. E com os anos a passar temos a impressão que já fomos a todos os sítios dentro desta exprectum onde nos inserimos. Há bons festivais musicais, mas existem muitos onde o que fazemos não se enquadra, bem nem tentámos nos inserir, há grandes festivais que deveriam ter palcos diferentes e também cabe-nos a nos explorar isso, abrir essas portas. No entanto, existem etapas em que tudo está a correr melhor e outras não. Normalmente nesses períodos temos de ter o barco a andar para frente, quando é difícil devemos ter mais energia e é preciso dá-la. Falamos da música, mas se calhar há outras profissões onde isso acontece, em se sentem dificuldades em entrar em determinados mercados. O músico também necessita de um salário certo, há quem o consiga e outros vão tentando em determinados momentos e depois tem de gerir. É uma opção, o principal é fazer a música de que gostámos, ou pelo menos não afastar essa hipótese por causa das dificuldades que aparecem, porque essas aparecem em tudo na vida. Eu neste momento estou no Atma, mas por vezes, vou tocar noutros projectos musicais como freelancer, porque se vamos esperar que dê para pagar a nossa casa, se calhar não vai dar e temos de estar com mais músicos e não ficar só à espera de concertos. Pode-se fazer muitas outras coisas como dar aulas, que acaba por ser um dos complementos da maioria.
HC: Eu gosto de viver em Portugal. Não gostava de sair daqui, faço música em português. Eu expresso-me nesta língua, o que não quer dizer que o faça só para os portugueses, posso fazer instrumental, mas não é essa questão. Este é um país bonito. É pacífico.
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