Os Encontros Sonoros Atlânticos (ESA), decorrem entre os dias 19 de Julho a 17 de Setembro de 2022, em várias localidades dos Açores, como a Fajã da Fragueira, Angra do Heroísmo, Ponta Delgada, Ribeira Grande até a capital, Lisboa.
O trio composto por José Pereira, Sérgio Sousa e Nuno Abreu apresenta o concerto de abertura dos Encontros Sonoros Atlânticos 2022, a 19 de Julho, terça-feira, na Fajã da Fragueira, em São Jorge, e a primeira das estreias desta 2.ª edição.
Neste espaço único, local de origem do compositor Francisco de Lacerda, iremos ouvir uma formação de trio de cordas composta por alguns dos mais talentosos instrumentistas de cordas portugueses, que irá interpretar as raramente ouvidas Lições em Trio de Francisco de Lacerda, seguido pela estreia portuguesa de Zebra Crossing de Vasco Mendonça, e terminando com a belíssima Serenade de Dohnányi, um pilar do reportório para esta formação.
Entre 19 de Julho e 17 de Setembro, os ESA 2022 apresentam seis concertos nos Açores e Portugal Continental e um programa com uma estreia nacional e cinco mundiais que destacam a nova geração de criadores e intérpretes.
Com programação pelo compositor Vasco Mendonça e promovido pela Associação Francisco de Lacerda - a Música e o Mundo, o ciclo desta segunda edição principia em São Jorge, atravessando depois a Terceira, São Miguel e terminando em Lisboa.
O segundo concerto dos Encontros Sonoros Atlânticos 2022 traz à Terceira o LAVA BRASS QUINTET, composto por Paulo Borges, André Nunes, Edgar Marques, Miguel Moutinho e Antero Ávila, a 21 de Julho, e uma programação com duas estreias mundiais.
No Jardim Duque da terceira, em Angra do Heroísmo, este concerto ao ar livre resulta de um convite ao maestro Antero Ávila, natural da Ilha Terceira, para um concerto à volta das Três Fanfarras de Francisco de Lacerda.
O programa resultante é uma estimulante mostra de música ibérica, que inclui duas obras em estreia mundial, Piccola Suite de Sérgio Azevedo, e Continuum Variations do próprio Antero Ávila, bem com paginas inspiradas de musica para metais da Suite Americana de Enrique Crespo, terminado com excertos de West Side Story, de Leonard Bernstein.
No dia seguinte, 22 de Julho, também na Terceira, mas na Ermida de S. António da Grota, no Monte Brasil, este trio, criado especialmente para a ocasião, irá recriar musicalmente uma viagem entre Lisboa e os Açores, que culmina no nascimento de uma criança na pequena ilha do Corvo.
Partindo de música da autoria de Ricardo Pinheiro (alguma dela composta propositadamente para este recital), de duas peças de Francisco de Lacerda arranjadas para o efeito, assim como de memórias de relatos familiares do guitarrista que protagonizaram esta história no início da década de 1950, o trio irá utilizar a improvisação enquanto ferramenta de diálogo musical e agente narrativo para ilustrar acontecimentos e impressões deste percurso transatlântico, fazendo assim com que a experiência vivida ao longo da viagem, e a obra de Francisco de Lacerda - nomeadamente as suas canções Canção Triste e Tenho Tantas Saudades - sirvam de estímulo à criação musical.
O mapa desta viagem geográfica e musical prossegue em São Miguel, onde a 24 de Julho a Praça do Município, em Ponta Delgada, acolhe um dos grupos de madeiras mais promissores do nosso país, os HUMORICTUS ENSEMBLE, composto por Marina Camponês, Guilherme Cruz, Patrícia Silva, Joana Maia e Kevin Cardoso.
Neste concerto, o enfoque é na criação musical portuguesa, com uma versão para quinteto de sopro raramente ouvida das Histoires de Francisco de Lacerda, bem com duas obras de compositores portugueses ainda em actividade: Autumn Wind, de Luís Tinoco, e o Quinteto de Luís Carvalho. Para completar o programa, ouviremos ainda a belíssima La Cheminée Du Rói René, do compositor francês Darius Milhaud, e as divertidas e desafiantes Seis Bagatelas, de Gyorgy Ligeti.
A 27 de Julho, também em São Miguel, Ricardo Jacinto traz ao Arquipélago Centro de Artes Contemporâneas o concerto-instalação Parlamento de Caríbdis IV.
Este espectáculo, definido pelo seu criador como um 'concerto-instalação para violoncelo, electrónica, objectos ressonantes e sistema de difusão multi-canal', é o resultado de um desafio por parte dos Encontros Sonoros Atlânticos 2022 ao artista Ricardo Jacinto, conhecido pelo seu percurso multi-disciplinar.
Resgatando a imagem de Caríbdis (figura mitológica cuja força tormentosa e ameaçadora, na figura de um turbilhão marítimo, engolia tudo o que dela se aproximasse), este parlamento constitui-se enquanto território poético que se dedica a explorar as forças de construção e destruição inerentes a lugares de interação colectiva.
Esta apresentação dá continuidade a uma narrativa de múltiplas ressonâncias e desdobramentos formais e conceptuais. Iniciado com um voo sobre a ruína de uma eira (espaço ancestral de trabalho e encontro comunitário), o Parlamento de Caríbdis convoca agora a potência da insularidade para o desenho sonoro e espacial deste concerto-instalação.
PRÉMIO DE COMPOSIÇÃO FRANCISCO DE LACERDA ANUNCIADO A 29 DE JULHO
A edição deste ano dos Encontros Sonoros Atlânticos é ainda palco para a estreia da obra vencedora da edição inaugural do Prémio de Composição Francisco de Lacerda, um dos maiores galardões para jovens compositores em Portugal, criado com o objectivo de estimular a criação nacional.
O anúncio da composição vencedora é feito a 29 de Julho e a obra estreada a 17 de Setembro, no concerto de encerramento do ciclo de 2022.
O local para o encerramento dos Encontros Sonoros Atlânticos 2022 é a Biblioteca Nacional, em Lisboa, onde a Orquestra Metropolitana de Lisboa, dirigida pelo maestro Pedro Neves, e a soprano Eduarda Melo, interpretam a verão orquestral das Trovas de Francisco de Lacerda, bem como uma raramente ouvida Pavane para orquestra de cordas do compositor açoriano.
No programa deste concerto, a 17 de Setembro, é ainda escutada a estreia da obra vencedora da edição inaugural do Prémio de Composição Francisco de Lacerda e a belíssima suite Ma Mere L'Oye, de Maurice Ravel.
Os Encontros Sonoros Atlânticos constituem-se como uma série de recitais em que obra do compositor, musicólogo e maestro açoriano Francisco de Lacerda (1869 – 1934) é o estímulo para a criação de novas peças musicais, em sintonia com os locais em que se apresentam.
Nesta segunda edição dos Encontros Sonoros Atlânticos é ainda apresentado o resultado inicial de um projecto paralelo, mas intimamente relacionado com estes: o primeiro volume de uma edição crítica da música orquestral de Francisco de Lacerda, um trabalho editorial de fôlego que vem colmatar uma lacuna antiga no tratamento do seu espólio orquestral.
ASSOCIAÇÃO FRANCISCO DE LACERDA – A MÚSICA E O MUNDO
Fundada em 2019 na Fajã da Fragueira, na ilha de São Jorge nos Açores, estimulada pelo percurso de vida do compositor Francisco de Lacerda e a sua atividade profissional na música até aos dias de hoje.
Definiu como objetivos da sua atividade, promover a preservação do património cultural dos Açores, a sua história, a educação pela arte através da música e o meio ambiente, a investigação nos legados culturais de personalidades ligadas à música, às artes performativas, às artes plásticas e literatura, além de conceber e realizar eventos culturais e espetáculos, estimulando a criação artística entre gerações de forma a criar conteúdos editoriais discográficos, literários e formatos audiovisuais