O alargamento da zona especial das ilhas das Berlengas é metade da área recomendada.
A sociedade portuguesa de estudo para as aves (SPEA) lamenta que o governo português não tenha aproveitado os conhecimentos e as recomendações da comunidade científica para o alargamento da zona de protecção especial das ilhas Berlengas. A proposta aprovada ficou aquém das expectativas, já que o governo apenas sancionou metade da área recomendada pelo parecer original submetido pelos biólogos que, ao longo de 4 anos e em parceria com a “Life ibas marinhas”, recolheram dados com vista a colmatar a falta de metodologia prevista para estas áreas marinhas.
O Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade, entidade estatal que regula e exerce autoridade para a conservação do meio ambiente e recursos naturais, escusou-se a apontar qualquer razão de ordem técnica que o tenham movido a não declarar a totalidade da área proposta pela comunidade científica. A SPEA lembra que a designação de uma zona como ZPE marinha não implica qualquer mudança nos usos económicos (pescas, turismo, energia, etc.) que possam existir na área, mas apenas reforçam a necessidade de uma utilização sustentável dos mesmos. Luís Costa, director da sociedade, lamenta que “Portugal perca novamente uma excelente oportunidade para liderar a protecção do mar, já que os métodos usados pela SPEA ao longo do Projecto LIFE IBAs Marinhas são agora a referência em muitos outros países da Europa e do Mundo e não são aproveitados em casa própria.” E recorda ainda que existem mais 16 IBAs marinhas à espera de serem declaradas ZPE em Portugal, reiterando que continuará a reclamar a sua imediata protecção, para além da extensão desta recente ZPE designada para as Berlengas.