A associação dos amigos do Parque Ecológico do Funchal não cruzou os braços após o incêndio que destruiu quase todo o seu património natural.
Fez um ano e dez dias que o parque ecológico do Funchal (PEF) viu desaparecer a sua biodiversidade, cerca de 90% de várias espécies vegetais, devido a um incêndio que varreu em apenas algumas horas um património natural que levou centenas de anos a desenvolver-se e embelezar as cordilheiras centrais da ilha da Madeira. Uma tragédia ambiental incalculável que, embora tenha deixado uma marca cinzenta na paisagem, pouco a pouco renasce das cinzas graças ao empenho inestimável dos voluntários do PEF. Depois de um trabalho titânico de limpeza dos esqueletos das árvores ao longo das encostas da serra do Cabeço da Lenha, ainda o solo fumegava, foram introduzidas as chamadas plantas pioneiras, criadas num viveiro de plantas indígenas, que mais tarde serão replantadas nas áreas de maior altitude no inicio de Outono.
Até o final do ano, os amigos do parque esperam replantar cerca de 10 000 espécies de plantas, das quais vinte são endémicas, que estão a crescer na estufa da associação, somadas as já 3 mil árvores reintroduzidas numa área aproximada de 10 km2 e que representa 13% da superfície do concelho. Renascer das cinzas é o tema do trabalho da associação que incide sobretudo na recolha de fundos e no voluntariado, com vista a recuperação total do pulmão da capital da Madeira. Segundo, um dos dinamizadores da associação, Raimundo Quintal, trata-se de um projecto “que exige muito trabalho voluntário, muita dedicação e muita persistência, porque há um enorme fosso entre a ecologia de alcatifa e a recuperação da biodiversidade nas montanhas que vigiam o Funchal!”.