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As cores de helena

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A pintura explodiu na sua vida, após a maternidade. No entanto, sempre sentiu a necessidade de expressar essa paixão desde a sua infância. Um primeiro amor que a acompanhou ao longo da vida e que se revelou na maturidade

Comecemos pela sua formação, porque o design?

Helena Nunes: Efectivamente, era um gosto que tinha desde pequena pela arte, pelo desenho, desenhava, desenhava, desenhava. Realmente a minha tendência era a área artística. Acabei por um ir para um curso de design.

Não escolheu uma especialidade?

Na altura, eu quando me licenciei em design era genérico. Interiores, gráfico, ou industrial. Fui de facto uma formação muito intensa a nível de técnicas de desenho. O estudo da cor. A história da arte, fui um curso bastante completo no IADE, que é uma licenciatura e acabei por fazer as belas artes, em pintura.

E é aí que surge o seu gosto pela pintura?

É uma paixão. Desde criança gosto de desenhar e pintar, as cores. É algo que nasce connosco. Ao longo da vida uns tem mais oportunidades, outros menos e de facto sempre estive ligada a arte, ao coleccionismo. Já é uma área de família. Quando acabei o curso não comecei logo a trabalhar em pintura. Era esse sonho que tinha, mas não me sentia preparada, nem com futuro nessa área, aos vinte e poucos anos quando terminei. Tenho um irmão arquitecto que me incentivou muito pouco. E disse deixa lá quando tiveres cinquenta anos pintas uns móveis para a tua casa. Agora tens de ter um emprego a sério. E acabei por estar ligada, no final de oitenta princípios dos noventa, a publicidade. Fiz uma carreira interessante ao nível internacional. Trabalhei nos maiores grupos mundiais. Cheguei a viver em Madrid, numa agência que era a terceira do ranking mundial. Começou por ser uma grande experiência e onde ganhei dinheiro, aos 25 anos tive imensa sorte e mérito porque trabalhava muito. Cheguei a trabalhar para a Mercedes ao nível Ibérico. Foram sendo experiências muito enriquecedoras. A arte era um hobby para mim, nessa altura. Mas, sempre trabalhei com arte. Em vez das aulas de ginástica, ia as aulas de desenho e pintura. E também havia o coleccionismo, sempre viajei, sempre vi exposições nos maiores museus do mundo, sempre fui visitar as maiores feiras do mundo de arte.

Quando decidiu que era agora, o tempo da pintura?

A pintura foi mais depois de coleccionar, depois de representar imensos artistas espanhóis e portugueses. Senti-me muito preparada com grande conhecimento, ao fim de vinte anos a lidar com arte. E senti que também tinha vontade de mostrar o meu trabalho ao mundo, embora já o fizesse, nunca tinha tido essa coragem. Veio com a maternidade. Foi um nascimento de um filho, do desabrochar de uma paixão. Quis também desacelerar o meu ritmo profissional que foi sempre ligado a publicidade. Mais tarde, encetei pela produção de televisão, produzi séries juvenis, a aventura escrita pela Isabel Alçada, actual Ministra da Educação. Sempre estive relacionada com gente ao mais alto nível ligada a pintura, grandes coleccionadores. O meu próprio ex-marido foi sempre ligado à área. E a minha casa que parece mais um museu. De maneira que me sentia muito preparada e quis mostrar ao mundo a minha arte e estou satisfeita.

Como definiria o seu estilo pessoal?

O meu estilo é uma mistura entre o pop art. e o hiperrealismo. Eu gosto muito de pop art., mas gosto de lhe dar uma tónica hiperrealística.

Há uma inspiração no Andy wharhol…

Inspiração poderá ter a ver. A técnica não tem nada a ver. O Andy Wharhol usava a técnica de impressão, a minha é através das técnicas mais difíceis que é o desenho e a pintura. É o renascer do pop art. com as técnicas hiperrealistas. Trabalho muito o realístico feito a mão e estou muito orgulhosa porque o resultado está a vista.

A escolha de cores tão fortes não é ocasional, há como que uma explosão.

É. Eu durante quatro anos tive uma cadeira que era o estudo da cor. Passei a vida a estudar paletas de cor e degrades. Durante esse tempo, não percebia porque tinha de estudar o estudo da cor. Cheguei a conclusão que foi a ferramenta mais importante da minha vida. Eu tenho uma enorme necessidade de cor dentro de mim. Da forma como me visto, da decoração das casas que faço, já que estou ligada ao design de interiores hoje em dia. E para mim é uma grade necessidade. O que também é o resultado da minha obra que é a cor.

E esta exposição?

Eu acho que embora tenha aqui alguns trabalhos académicos como nus, com o trabalho hiperrealista  é onde de facto me sinto à vontade. O que me transmite mais energia são os resultados através da cor.

É difícil o mercado de arte para as mulheres?

É tão difícil para os homens, como para as mulheres. Antigamente não havia mulheres artistas, mas hoje somos grande uma maioria. Tem grandes vantagens para uma mulher ser artista plástica nos tempos de hoje. Há uma atitude de independência. Não sei se chamaria irreverente, acho que não somos diferentes dos outros. Mas, temos uma atitude própria e depende da nossa vida pessoal e do tempo como queremos geri-lo. E cruzando essa disponibilidade com os filhos e a família, tem algumas vantagens.

Como vê o panorama da arte em Portugal?

Esta evolutiva. Precisávamos mais investimento ao nível do Governo. Investir em grandes exposições e museus. Compra de grandes obras de arte.

Não acha que deveria haver mais mecenato? Vamos ao exterior e vemos nos museus um grande suporte por parte de mecenas e cá não se vê

Há muito pouco. E é uma óptima oportunidade. Acho que não há por falta de conhecimento. A maioria das pessoas não percebe suficiente de arte para usar essa ferramenta até que é muito interessante. Temos uma meia dúzia de pessoas, temos o exemplo do Joe Berardo, que é uma das razões de estar na Madeira, a convite do grupo Savoy, também do presidente da Câmara do Funchal, que tem uma enorme sensibilidade artística. Mas, são uma minoria de facto, por isso se destacam tanto nesse universo. Mas era de louvar que fossem mais. Eu própria sou uma coleccionadora. Não só do meu trabalho, como de outros. Gosto de ajudar para o desenvolvimento artístico. E acho acima de tudo, na actual panorâmica mundial o maior investimento de sempre, é na arte. É o que dá mais retorno. É o que se vai valorizando ao longo do tempo. Um carro desvaloriza. O imobiliário depende do metro quadrado. A arte não é uma coisa nem outra. Só se pode valorizar ao longo do tempo e transversal ao longo dos séculos.

Qual é o seu próximo projecto?

Tenho vários projectos. Um dos grandes desafios é um trabalho para o museu das Tecnologias, é sobre a ecologia. Ligada ao conceito da Casa do Futuro onde vou incluir imensa arte. Vai ser um projecto assinado por mim. Onde vai estar patente imensa arte e tecnologia. No caso como não é um espaço muito grande, vão ser obras minhas. São três e quatro peças grandes. É um investimento meu, mais uma vez, é  uma parceria, mas é um investimento pessoal.

Mas, pretende deixar de lado as outras vertentes da sua área profissional para seguir pintura?

Sim, nos últimos dez anos estou dedicada exclusivamente a pintura e a aplicação do meu trabalho. Inclui-la em espaços públicos. Os hotéis dão-me um especial gozo, porque é um espaço público onde passa muita gente. Chegamos a muita gente e é uma forma de levarmos arte as pessoas, uma vez que não conseguimos levar as pessoas a arte.

www.helenapedronunes.com

www.flickr.com/hlenapedronunes

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