

Não é uma mera exposição fotográfica, é uma experiência sensorial, em duas dimensões com imagens e sons. Uma concepção que teve como tema transversal, a guerra fria, por isso, deixe-se influenciar pelas novas tecnologias e visite esta mostra na Casa das Mudas, na Calheta.
O tema paperclip como se extende para a restante mostra fotográfica? Há fotos da natureza e do meio urbano.
Nuno Serrão: Para mim enquadram-se todas no tema, é uma questão de interpretação e, essa deixo para os visitantes da exposição. Há muitas formas de interpretar a influência do período da guerra fria nesta exposição, desde um conteúdo simbólico onde a imaginação sem limites e uma intensa cultura da curiosidade eram as principais linhas guias. Dos cenários pós-apocalípticos, a uma forte influência da corrida espacial, a toda uma cultura urbana que surgiu nessa altura, há muito por onde divagar.
Em que medida os sons que criastes para cada imagem eram essenciais nesta exposição?
NS: As ambiências sonoras foram dirigidas por mim e criadas na sua maioria pelo Alexnoise, eram essenciais pois faziam parte integrante de um conceito onde a arte não se esgota na fotografia, mas estende-se às música que foram criadas e há própria programação envolvida na criação do software.
Os sons resultam de uma mistura, ou foram captados no exterior e depois editados?
NS:Todos os temas são originais e, cada um dos instrumentos pensado e enquadrado dentro de um cenário que criei para cada uma das fotografias. Não houve captura de sons no local da fotografia. O conceito é usar (entre outras variáveis) sons captados pelo microfone do telefone do visitante, de forma a que façam parte da soundscape da fotografia em questão.
Dizes que te inspirastes na segunda guerra mundial, como decorreu o processo criativo? O que detonou esta temática?
NS: Porque a nível cultural, cientifico, político, e militar, é uma época que sempre me fascinou e, por acreditar que seja uma das mais cruas representações dos nossos melhores e piores momentos como civilização. Por toda essa envolvência me influenciar de forma tão permanente acaba por se reflectir (de uma forma ou outra) em todo o aspecto criativo.
Algumas das imagens demoraram imenso tempo para serem captadas? Qual a que demorou mais e porquê?
NS: As que demoraram mais foram certamente as longas exposições, porque o método acaba por o exigir. Outras foram fruto da oportunidade. A “Milky Way Path” por exemplo, surgiu após uma saída frustrada em que o intuito era tirar fotografias noutro local. A meteorologia tramou-me, ou talvez não.
Uma primeira exposição só agora, porquê?
NS: Porque sempre achei e, continuo a achar que a minha fotografia ainda tem muito por onde evoluir. Apenas faço fotografia à dois anos e, sempre de forma intermitente, com algumas saídas ao fim-de-semana. Como tinha que começar por algum lado e após adiar constantemente, achei que já tinha material suficiente para uma primeira exposição.
- Para aceder ao ambiente criado por Nuno Serrão basta conectar o smartphone ao código de aparece ao lado da foto.
http://www.discloseprojectpaperclip.com/