Quando fazes os esboços qual é o teu maior desafio nessas duas horas?
IP: Bem, com as crianças é apanhá-las numa posição, o que é muito difícil, porque naturalmente elas não param quietas e é muito difícil apanhar as suas expressões, nessas sessões acabo por levar uma máquina para poder desenhar as crianças. Em relação as grávidas falámos da sua gravidez, tento captar tudo o que me contam e reproduzir esses sentimentos no desenho, porque nesta fase não são só os retratos, é um estado espirito.
Esse estado de espírito reflecte-se nos fundos do desenho?
IP: Também no fundo, na posição em que aparecem e nas cores. Eu creio que todo o desenho reflete aquilo tudo que entendi que foi a gravidez delas.
São sempre mães felizes ou não?
IP: São por acaso, porque acho quem quer fazer isto esta a passar por uma boa gravidez, se não, não registava.
E que utilizas é aguarela?
IP: Aguarela, lápis de cor e caneta.
Mas, usaste este tipo de material porque é mais fácil para desenhar?
IP: Eu achei que aguarela transmitia muito mais o que acho que é a gravidez, é muito delicada, colorida e fluída e eu achava que tinha a ver com esse estado.
Agora, que o Tomás tem dois anos, como tem sido esta aventura até aqui?
IP: Na verdade a BellySketcher não tem dois anos, porque só aconteceu depois do Tomé ter nascido, sobretudo porque estava a trabalhar na altura num atelier foi um começar devagarinho, por isso só tem um ano e meio. Tem sido bastante rápido o progresso e muito divertido, estou a adorar este projecto.
É um projecto que te toma muito tempo, já começas a agendar as futuras mães?
IP: Sim, cada vez, por causa do volume de trabalho. Tive que sair do local onde trabalhava e depois comecei em exclusivo com a BS. Agora tem sido difícil por causa do Nicolau, mas trabalho cada vez mais.
Com o Nicolau fizeste a mesma coisa?
IP: Não, infelizmente (risos). Tenho desenhado pouco o Nicolau, muito menos que o Tomé. Como tenho de desenhar as grávidas e os bebés sobra-me pouco tempo.
De todos os pedidos que te fizeram tivestes algum mais invulgar, ou estranho por parte das mães?
IP: Às vezes, mas são sempre desafios.
Desafios em que sentido?
IP: Elas pedem-me coisas que nem sei como abordar, são muito pesadas. Já recebi pedidos de mulheres que no final da gravidez perderam o bebé, mas mesmo assim queriam um desenho através de fotografia, porque esse período foi importante para elas. Ou pedem-me para representar uma gravidez que não foi até o fim por algum motivo, são momentos difícies e são muito pesados, porque são complicados.
Mas, acabas por fazer o pedido?
IP: Sim, faço, porque percebo que aqueles momentos são os mais importantes, porque é a única maneira de representarem essas tristezas.
E agora que esperas da BS num futuro mais próximo? Até porque já tens uma nova parceria.
IP: O Mariot faz essencialmente retratos, arranjei uma maneira das pessoas terem um conjunto, ficam com o retrato, ele tem uma técnica que sempre admirei e depois tem o desenho BellySketcher, mais fluído, tudo num só. Mas, no futuro quero continuar a desenhar.