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Em estado de graça

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A Bellysketcher, literalmente em português a desenhora de barrigas, ou seja, Inês Pargana, influenciada pelas suas memórias, regista em sessões de desenho uma essência cuja recordação perdurará indefinidamente. Fragmentos de tempo que captam os estados de espírito, os sonhos, os medos e as esperanças das futuras mamas e mais tarde, os estágios plenos de vida dos seus rebentos. É um momento Kodac, só que é ainda mais especial...

A BellySketcher (BS) começa com o teu filho Tomé, quando ainda estava grávida, disseste que tiveste uma vontade de voltar a desenhar, porquê?
Inês Pargana: Sobretudo depois dele ter nascido, porque sabia que tudo passava tão rápido, mesmo que tirasse fotografias, eu nunca conseguiria captar o que agarro através do desenho. Ele cada vez estava mais crescido e que queria fazer mais coisas e pela fotografia parecia que não estava lá, queria agarrar aqueles momentos e comecei a desenhá-lo. Houve uma fase que desenhava imenso e foi bom para os dois, porque recomecei a desenhar e porque queria agarrar esses momentos que sabia que iam desaparecer.

Quando começaste a desenhar tiveste logo a ideia de começar o blog? Ou foi uma sugestão?
IP: Eu tive logo essa ideia. Eu tinha muitos blogs onde punha os desenhos do Tomé, depois as pessoas comecaram a comentar e tirar dúvidas, mas quando comecei era algo mais para mostrar aos amigos que outra coisa, queria mostrar o seu crescimento. Mas, depois foi começando a crescer e a ter visitas de pessoas que não conhecia e aos poucos começou a ganhar uma dimensão maior.

E foi aí que começaram a surgir os teus primeiros pedidos?
IP: Numa primeira fase foram as mulheres a pedirem para desenhar os seu filhos e depois passaram a ser as grávidas, não me lembro bem como foi o processo, mas foi algo muito natural. Depois passei a desenhar mais as grávidas e não tanto os bebés, passei também a desenhá-los depois de nascerem.

 

 

Quando fazes os esboços qual é o teu maior desafio nessas duas horas?
IP: Bem, com as crianças é apanhá-las numa posição, o que é muito difícil, porque naturalmente elas não param quietas e é muito difícil apanhar as suas expressões, nessas sessões acabo por levar uma máquina para poder desenhar as crianças. Em relação as grávidas falámos da sua gravidez, tento captar tudo o que me contam e reproduzir esses sentimentos no desenho, porque nesta fase não são só os retratos, é um estado espirito.

Esse estado de espírito reflecte-se nos fundos do desenho?
IP: Também no fundo, na posição em que aparecem e nas cores. Eu creio que todo o desenho reflete aquilo tudo que entendi que foi a gravidez delas.

São sempre mães felizes ou não?
IP: São por acaso, porque acho quem quer fazer isto esta a passar por uma boa gravidez, se não, não registava.

E que utilizas é aguarela?
IP: Aguarela, lápis de cor e caneta.

Mas, usaste este tipo de material porque é mais fácil para desenhar?
IP: Eu achei que aguarela transmitia muito mais o que acho que é a gravidez, é muito delicada, colorida e fluída e eu achava que tinha a ver com esse estado.

Agora, que o Tomás tem dois anos, como tem sido esta aventura até aqui?
IP: Na verdade a BellySketcher não tem dois anos, porque só aconteceu depois do Tomé ter nascido, sobretudo porque estava a trabalhar na altura num atelier foi um começar devagarinho, por isso só tem um ano e meio. Tem sido bastante rápido o progresso e muito divertido, estou a adorar este projecto.

É um projecto que te toma muito tempo, já começas a agendar as futuras mães?
IP: Sim, cada vez, por causa do volume de trabalho. Tive que sair do local onde trabalhava e depois comecei em exclusivo com a BS. Agora tem sido difícil por causa do Nicolau, mas trabalho cada vez mais.

Com o Nicolau fizeste a mesma coisa?
IP: Não, infelizmente (risos). Tenho desenhado pouco o Nicolau, muito menos que o Tomé. Como tenho de desenhar as grávidas e os bebés sobra-me pouco tempo.

De todos os pedidos que te fizeram tivestes algum mais invulgar, ou estranho por parte das mães?
IP: Às vezes, mas são sempre desafios.

Desafios em que sentido?
IP: Elas pedem-me coisas que nem sei como abordar, são muito pesadas. Já recebi pedidos de mulheres que no final da gravidez perderam o bebé, mas mesmo assim queriam um desenho através de fotografia, porque esse período foi importante para elas. Ou pedem-me para representar uma gravidez que não foi até o fim por algum motivo, são momentos difícies e são muito pesados, porque são complicados.

Mas, acabas por fazer o pedido?
IP: Sim, faço, porque percebo que aqueles momentos são os mais importantes, porque é a única maneira de representarem essas tristezas.

E agora que esperas da BS num futuro mais próximo? Até porque já tens uma nova parceria.
IP: O Mariot faz essencialmente retratos, arranjei uma maneira das pessoas terem um conjunto, ficam com o retrato, ele tem uma técnica que sempre admirei e depois tem o desenho BellySketcher, mais fluído, tudo num só. Mas, no futuro quero continuar a desenhar.

http://bellysketcher.blogspot.pt/

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