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O hiper-realista

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Alberto Santos expressa suas emoções através de um realismo puro, que quase nos faz duvidar que é uma pintura. É uma expressão artística que envolve um a sua verdade, um perfeccionismo quase obsessivo que transforma o comum numa bela obra de arte.

Quando começou o seu amor pela arte?
Alberto Santos: Foi quando eu era criança.

Com que idade?
AS: Estou comprometido com a arte desde os meus 20 anos. Eu comecei a desenhar em 1995, fui estudar e depois saí.

Mas porque saístes?
AS: Por diferenças que tive com as escolas de arte, a arte mudava essa imagem conceptual da forma, do conceito sobre a imagem. Actualmente, a minha pintura é do século passado, não é muito bem vista, porque eu posso usar uma foto que não faz diferença, mas para mim isso é apenas uma referência. O cenário sou eu a construi-lo, que é uma posse intelectual do que vou fazer e no que me vou inspirar. Para esse quadro inspirei numa canção fado, usei as aves da ilha e há uma escuridão em que é inspirado no século XIX, na pintura francesa, é uma pintura muito realista. Também é dada à figura feminina, como tal, como individualidade.

Descreves as tuas pinturas como hiper-realismo.
AS: Sim, eu acho que pode ser esse hiper-realismo, estou perto do realismo fotográfico. Claro, que anteriormente se faziam maquetes e era em tamanho real. O hiper-realismo começa nos anos 60 do século XX, depois tornou-se menor, a ideia é ser capaz de fazer algo tão realista quanto uma foto. E no século / XVII XVIII faziam-se pinturas realistas sem o uso da fotografia.

 

 

Quantos meses precisas para pintar um dos teus quadros?
AS: Eu não sei. Depende da conceptualização do quadro. Como o vou fazer, como vou construí-lo, quem será a mulher.
Mas, perguntas às pessoas o que eles gostam?
AS: Não, só se for uma encomenda. Os elementos de fundo tem que falar, tem um discurso, uma interação com a figura, acaba sendo o que justifica o fundo. É o grande expoente.

Para a Sina Pedra que procuraste explorar?
AS: Olha, o que a Venezuela é chamado de arte mágico, uma certa infantilidade. É um tipo de arte mais inofensivo, a menos afetado, tem um discurso sério, mas não pesado.

Qual é o lado sério?
AS: Pode ser a vida triste do palhaço, das pessoas que se dedicam ao entretenimento. É também um trabalho triste, que vive de fazer caretas. É uma espécie de indelicadeza da realidade.

Para pintar um retrato necessitas de musas?
AS: Sim, mas é por acaso. Neste caso foi assim, ela é o Portuguesa, é uma mulher muito atraente.

Mas, o teu outro trabalho também tem uma mulher que chama muita atenção.
AS: Mas isso é um outro conceito de realismo urbano. É diferente. Tomei a urbanidade como aspecto próprio da arte, que se parece com os dadaístas que pegavam no ordinário, colocavam-no ao contrário e isso era arte. Este movimento aparece com Marcel Duchamp, após a Segunda Guerra Mundial. A arte queria mudar e se transformar em algo mais conceitual e eles fizeram isso, aproveitaram as coisas e colocaram-nas em outro contexto como se fossem arte e realismo urbano vem de lá, é o ponto de vista do século XX. É uma espécie de que tudo é plástico, são materiais descartáveis, que num dia é usado e no outro é deitado fora.

O urbanismo vem daí, da cidade.
AS: Sim e da vida actual. Nós vemos essas coisas como algo mais romântico, o realismo urbano também é mostrar essa realidade anedótica e tornar nossa vida um pouco romântico e acaba por viver disso. Mas, com um maior realismo e idealização da beleza como tal. E também algo de arte pobre, um movimento do século XX, que utilizava os materiais inservíveis para a arte, madeira podre, jornais velhos, trapos, ou seja, o cenário cheira mal, mas é uma arte adoçada e a minha o que vende é o engano, não é artesanato, mas é como a arte mágica, inofensiva e que também te faz confrontar contigo mesmo. A obra sempre afeta o ser humano e pode haver uma emoção negativa, mas creio que não são muitos.

A luz dos quadro tem a ver com a personalidade.
AS: É a luz natural. Opto sempre ter um único foco, uma direcção e há um escuridão forte, essa realidade o meu caso é fundamental.

Custa-te vender os teus trabalhos?
AS: Eu não posso vendê-los, as pessoas vem isso como uma namorada que tive e isso é algo impessoal, que é o que eles dizem. É muito difícil vender os quadros, porque acham que são muito grandes, ou muito escuros e impessoais. Apresentei algum trabalho na Bienal Internacional da Madeira, na Casa de Luz, mas não mais do que isso.

E fora não se vendem?
AS: Eles vêem-no como algo relacionado comigo. Não é uma paisagem. A arte mágica é boa, porque vende bem na Venezuela. É o mundo de circo, quase surreal, mas eu não sigo esse movimento, em Pedra Sina o fiz, porque eu tinha apenas semanas.

Como te defines como artista?
AS: Eu quero permanecer fiel à minha proposta e à minha realidade que é sempre mostrar a beleza, a verdade.

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