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O meu objecto de desejo é uma keybag

Escrito por 

João Sabino é um designer que não baixa os braços e dá a conhecer ao mundo a sua interpretação  pessoal dos objectos que povoam o nosso quotidiano.

Como surgiu a ideia de Keybag? Foi criada de propósito para a publicidade da Optimus?

João Sabino: A mala surgiu muito antes do anúncio da optimus. Fui uma ideia que desenvolvi de propósito para a área-projecto ainda na ESAD, a primeira opção era bastante quadrada e não tinha desenvolvido muito o conceito das teclas, na segunda houve um maior trabalho nas peças e no fim, na terceira versão quis alterar a forma, na medida em que criei uma mala mais pequena que se adapta ao formato da mão e não para usar a tiracolo, obrigar as pessoas a leva-la na mão e vê-la, tipo como um objecto.

Qual foi tipo de material que usou?

JS: Foi desde sempre em ABS, é um plástico, foi feito de propósito assim para o projecto. É um material muito versátil e económico.

Quando a mala de teclas apareceu no anúncio nos EUA estava a espera daquele sucesso, ou já tinha esse feedback anteriormente?

JS: A publicidade nos EUA surgiu de um convite por parte da AT&T para que a Keybag integra-se num anúncio da empresa, porque de alguma forma a mala de teclas remetia para a ideia da marca e fui aí que me apercebi do sucesso do meu conceito.

Mas teve muitas encomendas depois desse anúncio?

JS: Sim, tive muitos pedidos depois de ter saído o anúncio, as vendas dispararam e surgiu outra oportunidade que possibilitou a criação de uma mala com teclas de prata.

Procura sempre apostar materiais como a prata e o plástico?

JS: É assim, eu não considero que tenha uma tendência para um determinado tipo de material. A keybag foi feita em plástico porque não havia a possibilidade de ser em outro material. Há processos mais caros e morosos como foi o caso da prata. Mas, não tenho um esprecto limitado de materiais.

Qual é a imagem que se têm lá fora do design  português?

Ao meu ver é boa. Aquilo que costumo partilhar com outros designers é que quando se trata de projectar e criar novos conceitos, e isto acontece em 90% dos casos, muitos projectos estão na gaveta. Ou seja, toda a construção e produção do objecto de design tem pouca receptividade junto das empresas.

Refere-se à nível nacional?

JS: Sim e falo no meu caso, o projecto da keybag foi realizado pelos meus próprios meios, nunca tinha avançado para o fabrico numa empresa.  Quando decidi que tinha viabilidade económica, na altura recordo-me perfeitamente que tentei apresentar a ideia a vários empresários e apesar de eles gostarem do conceito tinham medo de arriscar.

Eu fui munido com muitos dados e informação sobre a aceitação do produto no mercado, porque comecei a  vender a Keybag a particulares e mesmo assim, ninguém quis pegar no projecto. É muito difícil que eles invistam em design, mesmo tendo um plano de negócios consistente, acaba sempre por ser posto de parte. E não falo só sobre mim, o design português é muito bem visto, o que é que acontece? Há pessoas que criam peças muito interessantes só que para poder adquiri-las, conseguem-se  fazer  dois ou três protótipos e nunca existe uma  linha de produção. Ou então, fazem-se edições limitadas de venda, porque não existe mais nada, isto porque o tecido empresarial português não está virado para a inovação.

Que outros projectos tem em carteira neste momento?

JS:Neste momento, o meu  foco principal é continuar a desenvolver o actual projecto. Tenho em mãos  uma nova edição da mala de teclas. Abordando sempre a mesma filosofia, ainda há muito trabalho para fazer, chega a um ponto que fica insustentável pensar em novos projectos para já, porque todo o processo ainda depende muito de mim. Há muitas coisas que não delego, por exemplo, os contratos que faço, essa é uma questão em que não cedo de forma a  salvaguardar o meu trabalho. E ainda não atingi a rede de lojas que me permita ser sustentável e de alguma forma tenho que retirar tempo para o resto.

Tem algum parceiro empresarial para este novo trabalho?

JS:Não, é sempre por minha conta e risco. Não sei se viu o site? A Keylver é uma mala feita toda em prata. Ela resultou de um projecto em parceria com um cliente empresarial norueguês que pretendia uma mala, mas queria algo completamente diferente, e na altura já tinha essa ideia mas, não a tinha posto em prática devido aos custos. As teclas foram feitas todas de prata, com um ourives e manualmente uma à uma, o que torna o processo caro. E efectivamente, o cliente se enquadrou nessa visão da mala e por isso, foi possível realizar este trabalho.

Alguma vez houve alguma peça de design que lhe suscitou vontade de pensar, “quem me dera que tivesse sido eu a cria-lo”?

JS:Há uma peça do designer Veerner Panton, que é uma cadeira a Panton Chair. Não só pelo aspecto estético, mas pela forma como desenvolveu a técnica para ser feita. É em fibra de vidro e de  uma só vez. Para mim é fantástica. Nela esta implícito como funciona o processo de design e como deve ser posto em prática.

www.joaosabino.com

www.keybag.pt

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