O que falta então em Portugal?
ML: Muitas vezes o que acontece é que o único meio que dispomos, e foi assim quando comecei, é pôr as peças nas lojas a consignação. Sendo que as lojas põem 100% em cima e as peças ficam muito caras. Nós temos que esperar que as peças sejam vendidas ou não. É sempre um processo bastante difícil. Se calhar era mais producente ter outro tipo de espaços. Começaram a aparecer feiras que considero serem muito importantes, como a daqui do jardim da Estrela que acontece no primeiro fim-de-semana do mês e que considero ser importante para a promoção do trabalho dos designers. É um espaço que lhes permite, expor e vender que é o objectivo final das nossas peças.
Como qualifica o ensino do design no exterior? Já que fez os seus estudos em Londres.
ML: O aluno está motivado para lá estar. Portanto partem do princípio que é o aluno que vai fazer a maior parte do trabalho e os professores orientam. Cá em Portugal, o aluno está à espera que lhe dêem tudo. Por isso, concordo mais com o ensino inglês, em que o professor tem uma função de orientador, já que, ele já tirou seu curso e a maior parte do trabalho recai sobre o aluno. É mais experimental o tipo de ensino.
E no ensino em Portugal?
ML: Quando voltei não estive muito ligada ao ensino.
Mas reparei que deu aulas …
ML: Sim, sim, dei aulas quando comecei no inicio. Não sei se houve uma evolução, mas espero que sim, que tenha havido. Espero que tenha havido uma transformação mais até do próprio aluno, do seu posicionamento no espaço da universidade. Uma postura mais activa e menos passiva. Não estarem à espera que tudo lhes seja dado, mas sim procurarem e questionarem os professores.
O futuro para os seus projectos?
ML: Estou a relançar o projecto dos candeeiros com acrílicos e transparências. Pretendo entrar em contacto com a Vodafone para relança-los de outra forma. E estou a desenvolver novos trabalhos em vidro.
Quando cria uma peça tem uma preocupação ambiental?
ML: Sim, por exemplo, os candeeiros são caixas usadas pela Vodafone que iriam para o lixo, que não teriam outra utilidade. É uma reciclagem usar um elemento e transforma-lo numa peça de design.