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Os tanoeiros

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São mestres na arte ancestral de fazer barris para conservar o precioso vinho da madeira.

Se a história do vinho Madeira assenta na plantação das vinhas de malvasia desde os primórdios da sua colonização, em 1445, por ordem do Infante Dom Henrique, não é menos verdade a importância dos artesãos da tanoaria no desenvolvimento económico da região. Sem estes mestres da madeira, não haveria tonéis para envelhecer o famoso néctar, ou transporta-lo dentro e fora da ilha. Existiam tantas oficinas de tanoarias na baixa do Funchal, que este legado ancestral ficou para sempre impresso na memória colectiva, através da toponímia da cidade, na famosa rua dos tanoeiros. Com o aparecimento do vinho engarrafado a arte começou a entrar em declínio e a mão-de-obra que antes era significativa empeçou lentamente a desaparecer.

Actualmente, existem poucos artesãos, a empresa Madeira Wine neste momento detém o "monopólio", porque emprega ao todo quatro, do total de seis que ainda existem no activo. Raramente já se fazem cascos novos, há uma reutilização da cascaria feita de madeira de carvalho importada da França e dos EUA. Os tanoeiros têm um papel muito importante na manutenção das pipas, por isso estão em permanência no caso de alguma fuga e aptos a por cobro a qualquer tipo de situação. A última cuba a ser montada manualmente nos armazéns da Madeira Wine, com capacidade para 50,750 mil litros de vinho, a segunda maior da ilha, demorou cerca de 2 meses e estiveram envolvidos na montagem os quatro mestres tanoeiros da empresa.

Só para ilustrar, um casco novo de 650 litros leva 3 dias a ser concluído de raiz. O processo consiste em colocar as aduelas alinhadas uma a uma em volta de um aro de metal, depois de todas as peças colocadas, o esqueleto é invertido e é fogachado (lume a partir do centro) com a ajuda de arcos que permitem moldar e adquirir o seu formato arredondado. Depois de batidos, os aros de molde são substituídos pelos definitivos e são apertados para que fiquem com a mesma altura ou distância. A última fase é a escaldadura, que não é mais do que água a ferver, inserida pelo batoque e que permite verificar se verte ou não, se há poros ou ainda nós na madeira. Os tampos são por norma cinco peças de madeira que se encaixam um nos outros. O barril está então pronto para ser utilizado. João Vieira, um dos mestres tanoeiros recorda que, "vim para aqui com vinte anos. Aprendi e fiquei. Há um dos mestres que têm 39 anos de casa". A média de idades destes artesãos ronda os 50 anos, já que os mais jovens, pouco ou nenhum interesse demonstram em serem aprendizes desta arte em extinção.

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