Andé Gonçalves é um jovem artista de fotográfia conceptual que nos faz mergulhar em cenários surrealistas, profundos e personagens que quase nos murmuram segredos e transportam para outros mundos.
Porquê desta exposição?
André Gonçalves: Eu já fiz outras duas exposições anteriormente, mas uma delas foi inserida num colectivo. Na Madeira temos que basicamente promover-nos, eu decidi enviar emails a várias instituições, museus e espaços culturais e obtive uma resposta do teatro Baltazar Dias.
Qual é o fio condutor desta mostra? As fotografias remetem para um cenário gótico.
AG: Não tenho um estilo, tenho uma identidade criada obviamente, tenho várias temáticas desde o surreal, o conceptual e ainda tem retratos. Não tenho um estilo definido, mas abordo vários temas da fotográfia e tento explorá-los ao máximo.
Em relação as fotográfias, tu montas um cenário e só depois inseres as personagens? Ou há uma história e depois constroís a foto?
AG: Não, apesar das minhas imagens transmitirem essa ideia nunca é assim. Quando estou a fotografar nunca tenho uma ideia base, simplesmente deixo-me ir, mas tenho um baú e quando vou fotografar levo tudo atrás de mim e depois uso o que achar mais adequado ao cenário, ou tenho uma ideia muito básica do que quero fazer. Eu não sou fotográfo e não me considero como tal, o que gosto mais de fazer é manipulação de imagem e é onde entra quase todo o meu trabalho, onde aparece a composição da imagem, tentar transmitir uma mensagem através da fotográfia.
É curioso que referiras essa questão, porque nota-se que há uma técnica por detrás de algumas imagens quase tenebrosas.
AG: Sim, como disse não me considero fotográfo, mas tenho de tirar as fotos porque é o ponto inicial do meu trabalho, uso photoshop, a imagem é quase toda alterada, mas não fugindo muito da realidade dos cenários, mas se vir o antes e depois não distorço a paisagem fica um efeito quase cinematográfico, mas na minha opinião real.
Também tens muitos auto-retratos, porquê? Recordei que algns artistas faziam este tipo de trabalho, primeiro por falta de objecto para pintar, mas também para apurar a técnica, foi o caso?
AG: Sim, começou com os auto-retratos, mas não é por falta de trabalho, gosto de mim e de fazê-los.
Consideraste um designer? Ou artista?
AG: Artista sim, fotográfo não, designer não, porque sou auto-didacta, sinceramente não tenho uma definição, talvez manipulador de imagens.
E qual é o teu próximo passo depois desta mostra?
AG: Agendado tenho uma exposição no início do próximo ano na Fnac, vou lá estar três meses.