
A Mustamp surgiu quando a designer Eugénia Simões sugeriu a Dieter Seifert e Teresa Marques da "Maison et Couture Têxteis" a criação de uma marca própria. Uma empresa portuguesa com 20 anos de experiência em confeção e produção que rapidamente se apaixonou pela ideia e juntos decidiram avançar com o projeto que possui uma oferta variada de artigos para o lar: almofadas decorativas, capas de edredão, têxtil de cozinha, casa de banho e malas para portátil para diferentes públicos.
Porque escolheste a área de têxteis-lar para lançar a tua marca?
Eugénia Simões: Em parte porque Portugal é muito prestigiado lá fora nessa vertente, felizmente o têxtil nacional é muito bem visto, por mais que as pessoas tentem ir ao mercado chinês e encontrem peças a um preço mais acessível, nós mantemos uma qualidade que é reconhecível. Então temos que apostar em altura de crise numa marca que possa ser exportada e não limitar-me ao país. O têxtil assim como o calçado é uma vertente que continua a ter um elevado crescimento. O principal motivo é um grande amigo meu estar nesta área como produtor de diversas marcas europeias e sendo eu designer acabou por ser o motor e a justificação para avançar com uma marca própria. Assim, acaba por ter preço de criador e não apenas de produtor, acaba com ganhar com as vendas por ter uma marca própria.
Então a mustamp começou porque és designer têxtil.
ES: Não, por incrível que pareça sou designer de software, mas desde miúda sempre foi apaixonada pelos tecidos e a mãe é costureira e concorri para a área do têxtil, só que tive receio de avançar, porque os cursos são quase todos de design de moda, mais para roupa e decidi de apostar na parte gráfica, também era mais seguro em termos de empregabilidade e nota-se bem agora, foi melhor em termos de carreira. Enveredei pelo design, mas o tecido ficou cá sempre, então como tive esta oportunidade quando conheci este meu colega, aos poucos, foi descobrindo como trabalhava e voltei a ter esse bichinho que acordou outra vez e acabei por apostar na marca. De dia contudo, trabalho em design de software, o meu hobby é o têxtil que tem um certo retorno, serve para ganhar mais algum dinheiro. Acaba por ser engraçado, esta é parte bonita, no entanto, dá muitas dores de cabeça, temos que estar sempre presentes nas feiras e promover a marca. É vantajoso porque é algo que gosto de fazer.
Sentiste alguma dificuldade como designer na apresentação do teu produto junto das fábricas, embora o teu projecto arrancou com a ajuda do teu colega que se encontrava já inserido nesta área
ES: Sim, a mustamp esta associada a empresa "maison et couture" que tem diversos clientes, na sua maioria são europeus, ou seja, produzem produtos que os designers encomendam, para mim acaba por ser a mesma coisa, eu crio e conjuntamente fizemos um stand. Não houve essa dificuldade, porque havia essa ligação. Claro, que se o meu trabalho não fosse bom, ou ele não gostasse, isto nem avançava, amigos, amigos, negócios à parte. Mas, como ambos gostamos do resultado final decidimos avançar com a primeira colecção e estamos agora a trabalhar na segunda.
Vamos falar desta primeira colecção, uma grande inspiração das peças advém do mundo das motas, achei deveras curioso.
ES: Eu também. A mustamp consiste em criar objectos de acordo com os gostos da sociedade, não sei lhe podemos chamar gostos, são correntes. Nos têxteis lar tens muitos produtos com bordados, riscas e estão muito presos a um contexto e um determinado tipo de público, nós tentámos criar artigos têxteis para quem gosta do tema das motas, porque não havia oferta e nós somos, toda a equipa, os três, apaixonados por esse meio de transporte e essa cultura e queríamos ter também produtos vocacionados para os geeks, ou para os hipsters. São estas as correntes que vão surgindo na sociedade, com estilos diferentes, por exemplo, a rena com óculos de sol é mais uma vertente hipster. Tentámos também abordar outras tendências, como o código GR nas camas para as pessoas mais vocacionadas com as tecnologias e estamos a tentar diversificar, não temos um público-alvo, porque depois também apostámos em vários mercados e estamos sempre à procura, não estamos presos a um público, porque assim temos mais hipóteses de venda, em vez de vendermos muito um produto, vendemos razoavelmente vários. Acho que existe uma quebra muito grande no têxtil, porque Portugal é muito direcionado para os mesmos padrões e as mesmas linhas e a mustamp quebra esse conceito. Apostámos nas motas porque achámos que havia uma lacuna no mercado, antes encontrarias artigos têxteis com as "Harley Davidson", com marcas propriamente ditas e não uma coisa genérica que agrada a todos e se refere as motas.
E a segunda colecção como vai ser?
ES: Vamos primeiro preencher alguns campos no site que estão vazios e melhorar a secção da cozinha, temos toalhas de chá e para a casa de banho. Vamos abordar um público mais infantil, para as pessoas comprarem produtos para as crianças e direcionar-nos para um cliente mais juvenil apostámos em panos de cozinha, por norma são avós que compram esses produtos, queremos pegar nessa juventude e tentámos conciliar vários públicos-alvo. É uma prenda gira para se dar a alguém mais jovem e se houver um conceito por detrás, qualquer pessoa pode oferecer um pano de cozinha, com uma mensagem engraçada, ou com design se calhar é uma oferta mais interessante e é uma prenda bonita.
Então já tens uma ideia de quem são os teus clientes mustamp?
ES: Ao fim ao cabo, não temos um perfil mustamp, temos vários perfis que abordámos nos produtos, as motas, os românticos, os geeks, os apaixonados pelas tecnologias e os preguiçosos, não temos um público só, é um leque muito variado.
A mustamp já exporta ou apenas é comercializado no mercado interno?
ES: Já vendemos na Suíça e estamos a apostar na Alemanha e na Bélgica. São os primeiros contactos. Uma marca quando começa até pode ser muito boa, mas se ninguém a conhecer não tem compradores. A ideia é mesmo essa exportar.
Qual é o feedback do site?
ES: Os jovens hoje em dia já compram online, temos algum retorno, porque a ideia inicial era ter uma loja virtual. Temos os produtos num espaço físico e contra mim falo gosto mais de vê-los. Acho que conseguimos fazer fotografias aproximadas dos materiais para as pessoas conseguirem ter uma ideia do que é o produto ao vivo, mas como é um produto jovem, a maior parte dos clientes compram online e já não existe esse receio de fazer compras na internet. O site é vantajoso para os potenciais clientes fora de Portugal e há todas as condições para fazer compras como em qualquer outro espaço online.
Mustamp porquê?
ES: Porque o meu sócio tem um bigode muito português, um mustache, embora seja alemão. Sendo eu uma pessoa ligada ao design pensei transpor a sua imagem de marca para o produto. Se uma pessoa chega a uma reunião e o nome coincide primeiro com o que estas a ver é meio caminho andando para reconhecerem a marca em qualquer sítio. Então surgiu o selo da marca e o mustache, a junção das duas palavras é mustamp. É um nome neutro que mais uma vez não remete a algo romântico. É genérico e decora-se facilmente. Temos já a marca registada ao nível comunitário o que me agradou bastante.