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Viver é pintar

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O Ara Gouveia pinta as suas telas há mais de quarenta anos. Um impulso de que tomou plena consciência desde a sua adolescência e que preenche os seus dias até hoje. Embora a sua pintura seja abstracta, ele gosta de dizer que faz bonecos. Pinta por gosto e porque lhe apetece. Gosta da cor na sua expressão mais viva, porque não aprecia os tons baços, quer na sua pintura, quer na vida.

Acha que a sua obra é influenciada pela natureza, uma vez que, vive e trabalha no Porto Santo?

Ara Gouveia: Se assim parece é inconsciente. Se vê inspiração na natureza é possível, mas eu não penso muito nisso. Evidente que olho muito para a natureza, sou um observador por natureza e defeito, porque sou professor de desenho e sou obrigado a dissecar o meio natural. Portanto, é aquilo que vemos mais e também falo de tudo o que nos rodeia. Como o sol, o vento, como as plantas e os animais. Tudo isso impressiona-me. Que isso se reflicta quando pinto, talvez, não digo de não.

Então o que o inspira a pintar?

AG: Nada me inspira. Faço o aquilo que me passa pela cabeça. Não sei o que é isso de inspiração. Planeio fazer um grupo de trabalho, que podem ir até os dez, no máximo. Depois mudo. É planeado com os meus sentimentos, com o meu coração e com o meu estômago. Depois começo a pintar e esqueço-me do resto. Lembro-me de ter vivido na Calheta e a paisagem que tinha a minha frente era o mar e o céu. Eram 180 graus de paisagem, desde o nascer ao pôr-do-sol. Toda essa cambiante, todo o uso da cor impressionava-me muito. Eu tirava muitas fotografias sobre as cores e os planos. Posso afirmar que os dessa altura, se calhar eram influenciados pela natureza, mais por isso. Era cores muito planas e lisas.

A cor é importante na sua obra, são muito vivas. Tem algo contra as cores mais baças?

AG: Tenho. Do mesmo modo que tenho contra quando as pessoas são baças. (risos)

Têm uma carreira longa…

AG: Comecei com os quinze anos, já no liceu, expus uns riscos. Depois mais tarde, um ano ou dois depois, numa galeria. A partir daí foi para o Porto e segui o percurso de qualquer artista.

O facto de viver no Porto Santo influencia a sua pintura?

AG: São muito mais íntimas. Mesmo que não pareça. São muito sentidas, muito reflectidas. Antes de decidir o que vou fazer e isso verificou-se nesta linha de trabalhos, reflicto muito. Quando foi convidado para este evento, decidi fazer um boneco, não algo que com pernas e braços, mas que não deixa de ser um boneco azul. O Ângelo de Sousa, que é um artista que já faleceu, chamava as suas obras bonecos e eu gosto de usar também essa expressão para definir o que faço.

Como vê o cenário artístico em Portugal?

AG: É muito bom. Em termos de inovação nas galerias e pela qualidade dos artistas. Eu se calhar não sou a pessoa mais indicada para falar sobre isso, porque vivo em reclusão. Estou no Porto Santo. Se bem que não estou longe, porque tenho o acesso a internet e compro livros. Do pouco que sei e tenho visto, há um desempenho muito bom que não fica atrás do resto. De aquilo que me é dado a ver, de grupos de artistas radicados na Alemanha e na Inglaterra, não ficamos a dever nada aos outros.

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