TM: Talvez, acho que sim. Não sou realizadora, mas vejo que há muito mais pessoas com coragem. No passado também havia, cada cineasta é diferente em relação aos restantes, cada um tinha as suas ideias, mas agora há mais, muito jovens. Segundo as regras para fazer um filme quanto mais expõem as suas ideias pessoais, mais interessante é o filme. Tem-se visto muitos a fazer isso e não apenas um cinema que é quase publicidade, o chamado cinema comercial.
Qual das personagens que criou em cinema constitui um grande desafio? Que requereu mais de si? Ou pelo menos deixou uma marca, uma recordação?
TM: É difícil de dizer. Normalmente tendo a defender os personagens todos. Podem é haver filmes de que gostei mais, ou outros de que gostei menos.
Então quais foram os que gostou mais de fazer?
TM: A cidade branca e o Tabu. Não quer dizer que não haja outro. Sinto que tenho de defender o meu personagem seja ele qual for e depois o desafio é de conseguir ou não fazer isso. Agora que algum me tivesse marcado, acho que são mais os filmes que os personagens.
Prepara as personagens de forma diferente para o cinema? Do que por exemplo, para o teatro ou até mesmo para as telenovelas?
TM: Tenho sempre o mesmo método de trabalho, depois é uma questão de timings. Acelerar ou desacelerar. Na novela, por exemplo, tem de ser super acelerado, a maneira de trabalhar. Gosto de gravar o texto e ouvi-lo muitas vezes, mesmo sem a preocupação de decorar, só faço isso posteriormente. Gosto de ter a noção das cenas, não só do que digo, mas do que toda a gente diz. Interessa-me mais todo o texto do que apenas o meu, do que acontece. Mas isso, é uma importância que tanto dou no cinema, como no teatro e nas novelas. Existem coisas que faço da mesma maneira em todas, depois é uma questão de pormenor. Há muitos mais ensaios em teatro, neste filme, o Tabu, houve bastantes o que é não é costume e nas novelas não há ensaios.
Então a construção da sua personagem surge perante o que é dito pelos restantes, ou como interagem com ela?
TM: Sim, é assim que costumo perceber o personagem. Não é só aquilo que digo. Claro, que o que os outros dizem é muito importante e também da maneira como respondo ao que os outros me dizem. Nunca vejo só as minhas linhas, as falas. (risos)
Dessas valências todas em termos artístico, qual é a sua preferida?
TM: O cinema é o que mais dá mais prazer fazer.
Então porquê?
TM: Não sei, foi para o conservatório por causa do cinema, não foi pelo teatro, porque nunca tinha visto peça nenhuma.
Então qual é filme da sua vida?
TM: Isso são muitos. Na altura quando era miúda o que passava na televisão eram os musicais, que por azar nunca consegui cantar. (risos)
Então o que a atraia no cinema?
TM: Havia coisas muito diferentes no cinema. Era mais o que via a televisão na altura e já foi há muitos anos. Depois quando comecei a ver filmes, interessei-me pelo Jean-Luc Godard, ou Renoir. Com o tempo houve muitos outros filmes que me foram surpreendendo, surpreendendo e surpreendendo. Dizer este é o que me marcou mais, acho muito difícil. (risos).