É um filme surpreendente e com uma mensagem que não o vai deixar indiferente.
É um dos meus filmes preferidos do Luís Filipe Rocha, aliás retiro o que acabei de escrever e corrijo, é o meu filme preferido deste cineasta. A outra margem é o tipo de exercício cinematográfico que mais me fascina e emociona até a medula. Recorda-me o motivo que me levou a gostar tanto da sétima arte, o contar uma história de forma simples, singela até, sem enredos complexos, nem grandes cenários e textos muito densos. Um tipo de cinema cujo enfoque reside nas personagens, nas suas fragilidades como seres humanos, nas suas idiossincrasias e nas suas emoções. É a mais difícil de todas as artes transpor este tipo de sentimentos sem cair no campo da lamechice. Gosto muito… não, não peço mais uma vez desculpa, tenho uma paixão assolapada por este argumento que nos narra a relação que se estabelece entre um tio, com um passado obscuro, e um sobrinho que apenas vê alguém com quem pode falar, desabafar e criar uma cumplicidade tão profunda que acabará por indelevelmente afectar a vida de ambos. Soberbo. O elenco é um luxo. As prestações de Filipe Duarte, Maira d’ Aires e Tomás de Almeida deitam por terra todos as falácias sobre a falta de qualidade do cinema português. Fica assente de uma vez por todas, que é a mais pura das mentiras. Este filme sozinho é prova do contrário. O cenário é outra das mais-valias desta história que não vou adiantar, sinto muito! A belíssima cidade de Amarante, no norte do país, é o local mais que perfeito para ilustrar como as distâncias podem ser apagadas e como as margens da vida podem ser encurtadas. Aconselho-o veemente e desafio alguém a dizer o contrário! Bom cinema.