Com argumento original de António Pedro Vasconcelos e Tiago R.Santos, foi um dos filmes mais vistos em Portugal.
Quando António Pedro Vasconcelos começou a delinear o argumento de “call girl” apenas um nome lhe veio à memória para este papel, a Soraia Chaves. A atriz encarna aqui um dos melhores personagens femininos do cinema português. Foi feito à medida, melhor só mesmo no alfaiate. Soraia Chaves tem um corpo de pecado literalmente, que não foi excessivamente explorado como acontece em muitos filmes portugueses. A nudez em algumas cenas exala grande carga erótica, que em muito se deve ao excelente trabalho da actriz e a sua sensualidade inerente. O argumento é cirúrgico, descarnado de falsas modéstias, que mostra uma sociedade em decadência, de forma nua e crua e sem falsos floreados e há mesmo passagens memoráveis que evito citar, o espectador que as descubra. Outro aspecto que gostaria de focar e de que raramente se fala é o guarda-roupa, neste filme em particular, a Soraia Chaves faz gala das criações e escolhas de um dos melhores estilistas do nosso país, Filipe Faísca, o “enfant terrible” da moda nacional, que mais uma vez não defrauda as expectativas com peças de vestuário sumptuosos que ainda conferem mais credibilidade a esta call girl. Para aqueles que ainda não tiveram o prazer de ver este filme, deixo um pequeno vislumbre desta história de sexo e dinheiro. Maria é a peça central num jogo de sedução que envolve o presidente da Câmara de Vilanovas, encarnado por Nicolau Breyner, numa perigosa teia de corrupção. Outro dos pontos altos deste filme são os seus atores secundários, dos quais destaco mais uma vez, (eu sei, já estão fartos!) o infalível Ivo Canelas no papel de agente da lei e o Joaquim de Almeida que encarna o lobo na pele de um promotor imobiliário. Delicie-se com este “call girl” como o fizeram milhares de portugueses que ocorreram ao cinema, desconfio, para ver o corpo escultural de Soraia Chaves. Por último, mais uma pérola, uma curiosidade cinéfila, o tema principal da banda sonora é da autoria de um dos monstros sagrados da música portuguesa, Paulo Gonzo. Bom cinema!