Sim, mas onde várias personalidades dissertam sobre esta matéria, são diferentes pontos de vista em termos quer sociais, éticos e jurídicos, mas porquê decidiram criar este trailer desta forma para atrair financiamento para o projecto?
JM: Porque essa decisão foi tomada pelo tribunal da relação e coloca a questão onde eu queria. Repara, outro aspecto que queria focar, a resolução de um individuo inserido numa sociedade, até que ponto estamos todos a decidir sobre isto? A razão pela qual ela se deixa tomar por um acidente, ela entrega-se, deixa ao que vier a decisão, de certa forma faz com que ela não possa ser culpada aos olhos da sociedade, já que, esteve envolvida num acidente, mas no formato que criámos para o filme, o fim revela tudo menos que um acidente lhe resolva o problema, a facto de se responsabilizar não retira o peso dessa decisão, ela esta consciente disso, para fora não transparece, mas ela indivíduo tem essa história, que será dela. Por isso, o tempo é colocado em 1985, tudo bem, anos mais tarde, nós chegámos a uma decisão, a esta lei, mas temos sempre que nos questionar até que ponto estamos suficientemente evoluídos enquanto sociedade para estamos capazes de assumi-la Eu acho muito honestamente que este enquadramento legal é necessário, que o direito da escolha é adequado, agora, não aceito certezas sobre o assunto, por isso coloquei o Mark que tem um discurso muito veemente. Apesar da decisão abranger toda a sociedade, há sempre a individualidade das coisas, esta lá sempre, a mulher. Eu se acompanhar uma mulher num aborto, há um momento em que ela esta sozinha e por muito que queira estar com ela, há um momento que é só dela, há sempre o individuo no meio disto tudo e no limite é a mulher, venha quem vier, num sentido, ou noutro, a exigência sobre ela é relativamente maior. O elemento da sociedade advém do enquadramento nos anos 80, porque o sistema de saúde já esta definido como o conhecemos hoje, os novos dinheiros da Europa entravam, havia a nova política de auto-estradas para aproximar as populações, nesse sentido regredimos, neste momento isola, abriram-se postos médicos e universidades que actualmente estão a fechar por falta de população, por isso, quando discutimos os números sobre educação e saúde estamos muito mal em termos de futuro.
Quando iniciaram a campanha de crowdfounding?
JM: Comecemos já a meados do ano passado, para iniciar as filmagens do início deste ano.
Então já começaram a gravar o filme?
JM: Nós já gravámos e vamos começar uma segunda fase, dois, ou três dias de gravação para corrigir algumas coisas, em Sermancelhe e Viana do Castelo, e outras coisas correram mal que necessitam de ser regravadas. Continuámos com a campanha porque agora, vamos a ter a edição, a produção que é custosa e depois necessitámos de financiamento para os festivais.
Conseguiram então um elevado apoio financeiro através deste tipo de campanhas?
JM: Sim, mas não foi o suficiente, para esta segunda parte de filmagens houve um trabalho profundo da Laura Milheiro junto de fundações e empresas privadas que foi fundamental.
Qual foi a parte mais difícil das filmagens? O que foi mais duro para ti?
JM: O período mais difícil para todos, sobretudo, para a Laura Milheiro, a produtora e a Sara Macedo, a assistente de realização, é termos gravado as cenas que gravámos em dois locais muito distantes entre si num curto espaço de tempo, duas semanas, que foi Sermancelhe e a serra de Agra. Em termos de disciplina de horários foi muito exigente, claro que tínhamos um grande senhor da fotografia, com vários anos de experiência e trabalho, que é o Franscisco Vidinha, que facilitou muito porque tem muita capacidade de resposta em termos de organização e preparação das filmagens de estar à hora para gravar de acordo com o sol e o tempo e obtermos os resultados que queriamos. Mesmo assim tivemos de abdicar de algumas cenas, isso foi muito doloroso, mas quissemos trabalhar com luz natural e tivemos um momento em que abdicámos de algumas passagens, o que foi muito doloroso, porque é algo que não vimos se fazia sentido depois num todo, mas no papel fazia.