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Deus providenciará

Escrito por 

1985. Maria esta sozinha. Ela é violada em casa no último reduto da sua solidão. O seu santuário é agora o seu calvário. Um automóvel desgovernado ao cruzar a rua pode ser a solução... Esta é permissa de uma curta-metragem, cujo argumento foi escrito por Jaime Monsanto em parceria com Nuno Campos Monteiro, que se encontra em plena campanha de crowdfundig até o mês de Junho, com o objectivo de angariar fundos para financiar a edição e restante produção de um projecto que aborda a temática do aborto.

De que fala este filme?
Jaime Monsanto: Tentámos abordar um tema de uma forma mais universal. Sendo que no limite há sempre uma pessoa com uma decisão a tomar, só ela vive com essa resolução quer queirámos, ou não e com as suas consequências.

Mas, porquê logo esta temática do aborto?
JM: Por várias razões, uma delas é o referendo, esta nova lei e parece-me que o tema caiu entretanto no esquecimento. A verdade é que este enquadramento jurídico não resolve absolutamente nada, levanta é uma nova exigência em termos de responsabilidade e civismo, a lei concede-me de certa forma o direito a uma escolha, que é exigente por si só em termos da consciência, do que a pessoa esta a decidir e o porque do que esta a decidir, ou seja, é uma decisão sobre a vida. Exige da pessoa atenção, abertura, apoio e formação, impõe todo um conjunto, a lei por si só é pouco, é também necessária uma educação, um percurso, que leva uma pessoa a tomar essa decisão. Essa era uma preocupação minha, não ter uma inclinação nem muito num sentido, nem noutro, quero ir na direcção da importância, do relevo e a dificuldade que uma mulher tem ao tomar uma decisão como aquela.

Sim, mas isso de ter sido uma escolha pessoal não vai ao encontro do facto da lei de certa forma ignorar a opinião dos homens nesta matéria? Dos potenciais pais, porque no fundo são sempre as mulheres que decidem?
JM: Sabes, eu se calhar sou um esquisito de um homen, reivindico um papel, uma participação numa decisão destas, sim. Verdade seja dita, se eu tivesse uma parceira, namorada, ou esposa e tivessemos de tomar uma decisão destas e ela quer abortar, eu posso exigir pelas minhas convicções que não. Agora, é ela que tem que engravidar, aguentar a gravidez durante nove meses, tem de ter a criança, assumir o papel de ser mãe e tem de decidir tudo isto, sobre o seu corpo e o oposto também se dá. Digo: não quero que o faças e ela tem de decidir por imposição minha externa e olhará para o seu corpo dessa forma, com tudo o que isso acarreta em termos fisícos e emocionais.

Transpuseste todas essas questões para uma personagem feminina?Não achas que é uma contradição, tendo em conta, que és um homem e por motivos óbvios não consegues colocar-te no lugar de uma mulher.
JM: Pois não e somos dois argumentistas, mas é essa a essência desta lei, é uma procura, não é uma certeza nessa questão da mulher. Como individuo participante nessa decisão, que foi colocada à sociedade, eu tenho de participar na procura e pessoalmente estou numa procura, não estou em certeza absolutamente nenhuma.

Para obter apoios criaram um trailer que mais parece um pequeno documentário...
JM: É mais um trailer sobre um documentário.

Sim, mas onde várias personalidades dissertam sobre esta matéria, são diferentes pontos de vista em termos quer sociais, éticos e jurídicos, mas porquê decidiram criar este trailer desta forma para atrair financiamento para o projecto?
JM: Porque essa decisão foi tomada pelo tribunal da relação e coloca a questão onde eu queria. Repara, outro aspecto que queria focar, a resolução de um individuo inserido numa sociedade, até que ponto estamos todos a decidir sobre isto? A razão pela qual ela se deixa tomar por um acidente, ela entrega-se, deixa ao que vier a decisão, de certa forma faz com que ela não possa ser culpada aos olhos da sociedade, já que, esteve envolvida num acidente, mas no formato que criámos para o filme, o fim revela tudo menos que um acidente lhe resolva o problema, a facto de se responsabilizar não retira o peso dessa decisão, ela esta consciente disso, para fora não transparece, mas ela indivíduo tem essa história, que será dela. Por isso, o tempo é colocado em 1985, tudo bem, anos mais tarde, nós chegámos a uma decisão, a esta lei, mas temos sempre que nos questionar até que ponto estamos suficientemente evoluídos enquanto sociedade para estamos capazes de assumi-la Eu acho muito honestamente que este enquadramento legal é necessário, que o direito da escolha é adequado, agora, não aceito certezas sobre o assunto, por isso coloquei o Mark que tem um discurso muito veemente. Apesar da decisão abranger toda a sociedade, há sempre a individualidade das coisas, esta lá sempre, a mulher. Eu se acompanhar uma mulher num aborto, há um momento em que ela esta sozinha e por muito que queira estar com ela, há um momento que é só dela, há sempre o individuo no meio disto tudo e no limite é a mulher, venha quem vier, num sentido, ou noutro, a exigência sobre ela é relativamente maior. O elemento da sociedade advém do enquadramento nos anos 80, porque o sistema de saúde já esta definido como o conhecemos hoje, os novos dinheiros da Europa entravam, havia a nova política de auto-estradas para aproximar as populações, nesse sentido regredimos, neste momento isola, abriram-se postos médicos e universidades que actualmente estão a fechar por falta de população, por isso, quando discutimos os números sobre educação e saúde estamos muito mal em termos de futuro.

Quando iniciaram a campanha de crowdfounding?
JM: Comecemos já a meados do ano passado, para iniciar as filmagens do início deste ano.

Então já começaram a gravar o filme?
JM: Nós já gravámos e vamos começar uma segunda fase, dois, ou três dias de gravação para corrigir algumas coisas, em Sermancelhe e Viana do Castelo, e outras coisas correram mal que necessitam de ser regravadas. Continuámos com a campanha porque agora, vamos a ter a edição, a produção que é custosa e depois necessitámos de financiamento para os festivais.

Conseguiram então um elevado apoio financeiro através deste tipo de campanhas?
JM: Sim, mas não foi o suficiente, para esta segunda parte de filmagens houve um trabalho profundo da Laura Milheiro junto de fundações e empresas privadas que foi fundamental.

Qual foi a parte mais difícil das filmagens? O que foi mais duro para ti?
JM: O período mais difícil para todos, sobretudo, para a Laura Milheiro, a produtora e a Sara Macedo, a assistente de realização, é termos gravado as cenas que gravámos em dois locais muito distantes entre si num curto espaço de tempo, duas semanas, que foi Sermancelhe e a serra de Agra. Em termos de disciplina de horários foi muito exigente, claro que tínhamos um grande senhor da fotografia, com vários anos de experiência e trabalho, que é o Franscisco Vidinha, que facilitou muito porque tem muita capacidade de resposta em termos de organização e preparação das filmagens de estar à hora para gravar de acordo com o sol e o tempo e obtermos os resultados que queriamos. Mesmo assim tivemos de abdicar de algumas cenas, isso foi muito doloroso, mas quissemos trabalhar com luz natural e tivemos um momento em que abdicámos de algumas passagens, o que foi muito doloroso, porque é algo que não vimos se fazia sentido depois num todo, mas no papel fazia.

http://deusprovidenciara.wordpress.com/visao/

1 comentário

  • Ligação de comentário my company domingo, 07 dezembro 2014 21:40 postado por my company

    Appreciate it for all your efforts that you have put in this. very interesting info . "If we don't believe in freedom of expression for people we despise, we don't believe in it at all." by Virginia.

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