Marca o regresso a ficção do realizador João Mário Grilo, após uma ausência de dez anos.
Este filme prima pelas suas actrizes, Beatriz Batarda e Débora Monteiro. Neste âmbito vou fazer um pequeno desvio, uma vez li uma entrevista da oscarizada e genial Jodie foster que surpreendentemente afirmava que estava sempre a representar o mesmo papel ao longo da sua vasta carreira. E essa frase marcou-me porque, temos essa impressão sobre determinados artistas nacionais e internacionais, quer por escolha própria, ou porque são rotulados pela indústria cinematográfica de uma determinada forma e não conseguem “fugir” desse estigma. Isto tudo para dizer o quê? Que o mesmo se passa com estas duas actrizes que referi anteriormente por motivos distintos. A Beatriz Batarda pode ser excelente em muitos registos diferentes, mas neste papel tenho a nítida impressão do déjá vu. É uma personagem contida e estruturada, ao ponto de não ser um desafio para a actriz. A Débora Monteiro tem uma sensualidade patente que a limita de certa forma, parece “formatada” para este tipo de papéis de mulher fatal, que faz bem, mas ela também merece um outro tipo de repto como artista. Sei que se torna difícil a escolha num país onde a produção de cinema é escassa e as oportunidades são poucas tendo em conta o meio, eu entendo. Ainda não falei nem do argumento nem dos actores. Comecemos pelos últimos, Virgílio Castelo é consistente em tudo o que faz, e aqui o seu registo é seguro. O que me faz confusão é o Nicolau Breyner, o homem está em todas. E com todas, quero dizer quase todas as produções cinematográficas nacionais. Não questiono o talento, mas será possível que não possam convidar outro actor que não ele? O texto é bom, mas nada de especial. Com isto quero dizer que o tema é um pouco rebuscado e para ser franca não entendo também esta mania dos realizadores nacionais sentirem a necessidade constante de mostrar a nudez das actrizes. E não sou pudica! Imagina se fosse.