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Killing Waves

Escrito por 

Carlos Carneiro oferece uma visão única sobre as pessoas por detrás da organização não-governamental "Sufers Against Sewage", tendo como pano de fundo a costa selvagem da Cornualha onde os SAS associam a sua paixão pelo surf com campanhas por um melhor meio ambiente costeiro que todos possam beneficiar.

Como é te surgiu a ideia para fazer este filme?
Carlos Carneiro: Isto foi o resultado de uma coprodução entre a Daze Digital &Confused e a TOMs que criaram um concurso online e um amigo meu mandou-me o link da competição. Eles estavam à procura era de ideias para filmes sobre um individuo ou um grupo que inspiram-se as pessoas à mudança. Eu olhei para aquilo, achei piada, e pensei numa história ligada aos jogos olímpicos de Londres, mas considerei que era demasiado óbvio. Depois lembrei-me dos meus amigos do Porto, onde cresci, sou dessa cidade, eles sempre surfaram e agora decidiram juntar-se para formar uma organização para proteger as suas as praias. Achei interessante que estivessem a fazer algo em prol da sociedade, da sua comunidade e não apenas uma procura egoísta da onda. Fiquei contente por eles e por esse esforço, e então lembrei-me disso, achei a história, mas a ideia do filme teria que ser centrada no Reino Unido, então basicamente procurei o equivalente. Pensei que deveria também de haver esse tipo de organizações em Inglaterra, pesquisei e encontrei os "Surfers Against Sewage" (SAS) em Cornwall que é um sítio algo isolado e pelo menos interessante para um filme. E então submeti a ideia a concurso, ganhei e deram-me a oportunidade de ir fazer um filme. Depois entrei em contacto com os SAS que ficaram um pouco de pé atrás, obviamente que não me conheciam, lá os convenci a abrirem as portas a mim ao Bruno Ramos e fomos lá passar uma semana. Foi em Outubro de 2012. A Cornualha é um sítio lindíssimo onde os SAS falaram das suas campanhas, dos seus objectivos e qual é a importância do trabalho que desenvolvem. Explicaram que não se tratam de batalhas para ganhar numa guerra ambiental, mas sim um esforço contínuo para muitas gerações.


Qual foi o desafio que encontraste para este filme?
CC: Encontrar a história. Se eu tinha uma semana de entrevistas e uma semana de filmagens o desafio era resumir tudo aquilo em 6 minutos de maneira que fosse cativante e interessante. E tanto que eu, como as pessoas gostassem e eles aprovassem. Quando sai de lá e cheguei a Londres pensei que estava em sarilhos, porque tinha de procurar o fio da meada. E depois de meses de pós-produção com o meu editor, encontrei esse balanço, de gostar e sentir que não era demasiado longo.


Referiste que houve uma certa desconfiança quando abordastes os SAS. Porquê? É típico dos surfistas?
CC: É natural, eles não nos conheciam, não sabiam quem erámos. Aposto que se houvesse outras pessoas que quisessem fazer filmes com eles é claro que não queriam ser mal representados. Após uns dias, no final da semana houve essa mesma sensação de que nos conhecíamos, ficámos amigos, temos muito contacto e ficaram contentes com o filme. Essa hesitação foi perfeitamente natural. E antevendo essa situação, planejei uma semana e não alguns dias de estadia, até porque só passado algum tempo, as coisas boas começaram a aparecer. Ao início parecia um guião, apenas diziam as coisas certas e que devem ser ditas e só depois é que começaram a surgir as histórias mais pessoais e isso é que é interessante.


É o cinema verdade?
CC: Sim, estamos a falar de pessoas e aqui era a mesma coisa, não podes chegar até a vila piscatória e dizer olá tudo bem? E já agora gostaria de fazer umas imagens? Eles ao princípio ficam desconfiados, mas depois começam-se a abrir. É natural.

Acabaste de referir que o filme se inspirou num grupo de surfistas, os teus amigos do Porto, mas esta curta-metragem tem viajado um pouco por todo o mundo. Gostaria de saber se as pessoas, ou outros grupos similares te abordam, porque de certa forma se identificam com os meus desafios dos SAS?
CC: Sim, é como disse no inicio os SAS não é um esforço único, é algo global, em todos o mundo há surfistas. O título de "Surfers Against Sewage" poderia ser "os remadores de canoas contra os esgotos", eles são pessoas que usam o mar e há uma coisa que não referi que é importante, a razão pela qual decidiram formar essa organização e a frase é engraçada em inglês: "they were sick of getting sick" porquê? Como eles também usam a água ficam doentes com infecções nos ouvidos, nos olhos, ouvidos e estômago, porque há essa desvalorização do que é deitado para o mar ao nível dos esgotos. E também há um monstro tão grande, um Adamastor, que é por onde começar? Os cotonetes deitados na sanita vão parar ao mar, porque não há filtro nenhum que contenha o pau deste tipo de utensilio de higiene pessoal. Os contentores que andam nos barcos possuem umas bolinhas brancas de plástico regulamentado, que acabam na praia, que eles chamam de lágrimas de sereias, ainda pensei em usar isso como titulo para filme, mas depois mudei de ideias. E as pessoas acabam por se identificar com esse esforço, porque a poluição está em todo o lado. Outro aspecto importante é a educação, saber que se fizermos isso, se poluirmos, vai parar ao mar e o nosso peixe vai come-lo. Estamos a alterar a cadeia da alimentação de várias espécies e isso acontece no mundo todo. A geração dos nossos pais não tinham essa preocupação, era uma época diferente, a nossa tem uma maior consciencialização e acho as gerações futuras serão ainda mais activas e infelizmente todos têm que trabalhar, porque este é único planeta que temos.


O título porquê? Acabaste de dizer que pensastes em outro.
CC: Por uma razão fonética e se calhar estética. Foi um jogar ao oposto, estou a falar do mar e decidi chama-lo de "matando ondas", queria que tivesse garra ao contrário de "lágrimas de sereia" que era um titulo mais suave. Não tinha muita certeza, mas depois acabei por deixar ficar e gosto.
http://www.sas.org.uk/sas-tv/killing-waves/

 

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