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O lugar do abandono

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António Lopes da área do cinema e Ana Rodrigues uma mestranda em arquitecta filmaram ao longo de um mês a vida de uma fábrica, através de uma curta-metragem. O Lugar do abandono é um projecto universitário que ressuscitou a um dos muitos espaços abandonados, da era dos lanifícios, na cidade da Covilhã.

Como é que tudo começou?
António Lopes: Conhecemo-nos numa cadeira intitulada "cinema e outras artes" cujo objectivo era elaborar uma curta-metragem que associasse o cinema a uma arte, como a música, a dança, a pintura e como era óbvio tínhamos que fazer algo relacionado com arquitectura. Depois partimos da ideia de revisitar uma fábrica. Eu sou da Covilhã e estudei lá. A cidade sempre viveu dos lanifícios, agora, uma grande parte dessas estructuras é onde esta sediada a universidade e por toda a cidade principalmente em volta do rio e dos ribeiros existem grandes edifícios abandonados. Nós quiséssemos pegar nos pormenores constructivos de cada edifício.


Ana Rodrigues: Não filmámos o edifício como é feito de forma usual no cinema. Por norma, eles fazem parte da narrativa, aqui é o próprio espaço que vai contar a sua história através de elementos significativos que fomos encontrando. Embora ao longo da curta-metragem não mostremos a amplitude toda do edifício, porque ao ver-se o filme queremos que nos remita não só ao que se passou no edifício, mas também as outras histórias. Aí aparece o som.


Porquê escolheram aquela fábrica em particular? O que a distinguia dos restantes edifícios abandonados que existem na Covilhã?
AL: É das poucas fábricas que dá para visitar por dentro. A última vez que fomos já quase não tinha chão. Gravámos ao longo de um mês e íamos praticamente uma vez por semana, sempre a mesma hora. E de cada vez que lá íamos encontrávamos sempre algo diferente, já andavam a roubar os cabos eléctricos e havia sempre um monte de maquinaria amontoado que iria ser levado por alguém durante a noite. A nossa intenção era gravar apenas pormenores para não ser uma fábrica identificável, acho que poderíamos tê-lo feito em outro espaço. Esta tinha aspectos arquitectónicos mais importantes, as fábricas de lanifícios não costumam ter janelas, normalmente são áreas fechadas onde os trabalhadores quase não viam a luz do dia, esta distinguia-se porque ao longo do espaço havia grande janelas e isso foi uma das muitas coisas que filmámos. Eram interessantes esses pequenos detalhes que encontrávamos sempre nas janelas e quase não havia nada no lado oposto. Havia muito mais elementos que podíamos ter gravado, as contas que faziam dos materiais que escreviam nas paredes com lápis, acho que foi por uma facilidade em termos de produção e como não pretendíamos gravar na totalidade esta podia ser bom exemplo, excepto arquitectonicamente, porque de resto elas por dentro não variam muito.

É um jogo de luz e de sombras que procuraram?
AL: Mais ou menos. A ideia inicial não ser sobre a luz e a sombra. Mas, os meios de produção levaram a isso. Sempre gravámos com uma câmara, não havia iluminação, a fábrica não tinha electricidade e então tentámos aproveitar a luz do dia e as janelas que existiam para poder fazer o filme com um aspecto mais adequado.

 

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