É um documentário de André Guiomar sobre a boxer Juliana Rocha.
É um testemunho marcante não só pela personalidade retratada e o seu quotidiano, mas sobretudo pelo excelente trabalho do jovem realizador. Gostei da abordagem a preto e branco e logo no princípio André Guiomar distancia-se dos restantes pelo apelo que faz à nossa imaginação quando resiste em filmar, e muito bem, as multidões, apenas se ouvem os sons dos seus gritos e exclamações. As imagens são de uma grande beleza estética na sua aparente quietude. O facto de ouvirmos constantemente o ruído da respiração da campeã, no principio e no final do documentário, ajuda a criar uma empatia com o público e foi uma forma muito inteligente de aperceber-nos do esforço do desporto que ela prática. É pura emoção à flor da pele. O documentário é muito rico cinematograficamente, não só pelas imagens e pelos sons, como também pela escolha da Juliana Rocha como “personagem” deste documentário. A história desta campeã de boxe, vista pelo treinador, pelo pai e pelo próprio André Guiomar, não cai no relato lamechas de alguém que ultrapassou as dificuldades e vence, mas sim é o retrato de uma jovem muito motivada e disciplinada que tem um objectivo muito concreto num desporto muito masculino. Por outro lado, apercebemo-nos claramente, da feminilidade, simplicidade e simpatia da Juliana, características que esconde quando sobe ao ringue. Gostei tanto, mas tanto desta curta-metragem, que se pudesse atribui-lhe um prémio. Mas, não se fiquem pelas minhas palavras, vejam e tirem vossas elações. Bom cinema!