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Ruas da amargura

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É um retrato documental das ruas de uma cidade que podia ser a sua.

Este documentário de Rui Simões traz-me á memória uma das canções mais emblemáticas da “ala dos namorados”, os “loucos de Lisboa”. Aliás, é a perfeita banda sonora para este retrato das sombras que povoam a cidades, os invisíveis, os intocáveis da nossa sociedade actual que são resgatados, dessa vida desgarrada e sem dignidade, por uma legião de voluntários, assistentes da segurança social e técnicos de outras instituições, que tal qual eles, também são meros anónimos neste tecido social cada vez menos humanizado. O documentário não é inovador, no sentido em que retrata este lado amargo de alguns sem-abrigo, cada um dos “personagens” conta a sua história, a sua desdita, quiçá a sua característica mais acutilante é o facto de haver uma transposição da cor para o preto e branco. As imagens adquirem uma tonalidade ainda mais agreste, diria mesmo mais dura, quando surge essa mudança. O documentário imortaliza-os e de certa forma humaniza-os, sem os banalizar. Aliás, este tipo de subterfúgios cinematográficos muito usado pelos realizadores que pretendem colocar uma maior ênfase em determinadas sequências, em certas cenas, o que acaba por ser uma assinatura frequente nos jovens cineastas portugueses. É curioso. Já falei aqui de outros trabalhos documentais que recorreram também às imagens em preto e branco. Adiante. É um retrato cruel de uma sociedade, mas ao mesmo tempo é também a luta de aqueles que não desistem destes amargurados. Bom cinema.

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