É mais uma adaptação de um texto de escritor português pela mão do cineasta Manoel de Oliveira.
Singularidades de uma rapariga loira é um filme sem surpresas. É a adaptação de um dos contos de Eça de Queirós à linguagem cinematográfica de Manoel de Oliveira. É um sonho, uma visão, que ao tornar-se realidade defrauda. O protagonista, Macário, interpretado por Ricardo Trêpa, admira Luísa, a actriz Catarina Wallenstein, uma rapariga que perscruta de longe, de uma janela e por ela se apaixona perdidamente até que um dia descobre que nem tudo é o que parece, ela possui uma singularidade que a demarca das outras mulheres pelos piores motivos. A película por si só não entusiasma, creio que a dificuldade reside em transpor a linguagem queirosiana do século XIX para a actualidade, embora os temas sejam universal, as falsas aparências, o materialismo e as ditas convenções sociais que regem a nossa sociedade. E apesar de todos estes mas, há dois factos positivos que destaco, o trabalho da jovem actriz Catarina Wallenstein, que compôs uma personagem angélica, quase etérea que confere à Luísa Vilaça uma grande credibilidade e a composição do actor Diogo Dória, que deu vida a um Tio Francisco muito austero e exigente, mas extremamente convincente. Devo acrescentar que, e pode não parecer importante, que a imagem escolhida para o cartaz em português é verdadeiramente infeliz em termos de comunicação, não acrescenta absolutamente nada, é uma má escolha. O curioso é que o mesmo não se pode dizer da versão internacional, de facto a composição fotográfica selecionada é muito mais interessante e apelativa, a questão é saber o porquê da escolha inusitada na versão lusa. Bom cinema.