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Squatter man

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As filmagens desta longa-metragem portuguesa começam em Setembro, após 4 semanas de filmagem a perspectiva é tentar submete-lo a festivais no início de 2015 e ambicionar que o filme tenha uma audiência, um público e isso só se consegue com uma distribuidora.

Porquê te lembraste de escrever um guião intitulado "squatter man"? O que esta por detrás desta ideia?
Luís Campos: A primeira versão do guião que escrevi foi em 2008, o título era "ocupas", não"squatter man". Era baseada numa história mais ou menos verídica sobre uma comunidade de ocupas, em Barcelona, que achei interessante e comecei a escrever o guião. O texto foi evoluindo, houve novas versões, entretanto já estando em Londres, por volta de 2010-2012, descobri esse fenómeno plásmico que se designa por "squater man". Os cientistas que o estudaram afirmam que foi algo que aconteceu há 10 mil anos, trata-se de uma forma visível dos céus em vários pontos do mundo, porque começaram a haver representações pictóricas posteriores e deram-lhe o nome de "squater man". É uma espécie de figura humana, tipo "stick man", é o desenho muito básico do corpo humano, os braços, o tronco e as pernas e há várias representações desse forma um pouco por todo o planeta na mesma data, na altura do neolítico, quando descobri mais sobre esse fenômeno do "squatter man" achei que havia um grande paralelismo entre esse fenómeno e a história de ocupação que estava a tentar escrever e comecei a monta-lo, a desenha-lo, a partir daí.

Transpuseste depois essa história para o nosso país, já que vais filmá-lo em Portugal.
LC: Se o guião inicial começou por se tratar dessa história de uma comunidade ocupa, em Barcelona, com o passar do tempo foi evoluíndo centrada numa pessoa que volta para à sua terra natal e tenta iniciar uma comunidade, ocupa algo, esse acto gera um grupo no seu entorno, na primeira versão não estava pensado ser filmado em Portugal, foi mais rápida esta adaptação ao nosso país, até chegar ao paralelismo que já referi.

Já realizaste um pequeno excerto, do que parece ser um homem das cavernas, que não transpõem nada essa ideia do que acabaste de referir que é o guião do filme.
LC: Essa sequência inicial do filme consegui filmá-la com a ajuda de uns amigos, com o apoio de uma produtora e da universidade onde tirei o curso, na Beira interior. Estive em Portugal durante uma semana, na Serra da Estrela, e filmei essa sequência incial com algumas poupanças que fiz em Amsterdão, que supostamente representa essa epóca do neolítico, onde acontece o fenómeno e há uma reacção desses seres humanos perante o que viram e o culto que começam a prestar depois dessa visão. Todo o resto do filme não terá nenhuma relação directa com esse pequeno excerto, é mais para servir como uma analógia, uma metafóra para tudo o que se seguirá no filme.

Iniciaste uma campanha de crowdfunding para ajudar a angariar apoio financeiro para terminar esta longa-metragem.
LC: Exactamente. Eu tenho um grupo de amigos, parte da equipa técnica, que querem ajudar-me a realizar este projecto, tenho alguns actores que querem contribuir com o que puderem, ou seja, sem qualquer tipo de pagamento e estou também a tentar inserir-me numa das actividades do festival de cinema de Arouca. Pretendo ainda, obter algum envolvimentos da comunidade local, em Drave, Alvarinho, é uma aldeia que esta completamente deserta, tem casas de xisto, onde já não vive ninguém, e nessa história do filme que me falta filmar, a personagem vai ocupar essa zona que esta completamente deserta. Tentámos a campanha de crowdfunding, porque apesar de conseguir quase tudo a custo zero e arranjar o equipamento gratuitamente, tenho que garantir que as pessoas que me vão ajudar tenham um sítio para comer, dormir e transporte e foi nesse sentido que tentámos arranjar o financiamento. A campanha de crowdfunding fechou, correu mal, mas foi bom para aprender. Quando pretender realizar alguma semelhante irei faze-lo de forma diferente, não sei se para este filme o voltarei a fazer, creio que não, mas foi uma tentativa, como tantas outras desde que o guião começou a ser desenvolvido para tentar torna-lo uma realidade. Continuo com a ideia de começar a filmar em Setembro e agora estamos a sondar alguma hipóteses de apoios para cobrir essas despesas que são incontornáveis.

 

 

Já participaste noutros projectos, como guionista, mas continua a ser difícil fazer cinema em Portugal para jovens como tu? Mesmo tendo em conta que existem novas tecnologias que de alguma forma tornam o processo mais dinâmico e implicam um menor custo.
LC: Para jovens como eu que tem, ou sentem a necessidade de fazer algo num meio como o cinema, devem faze-lo. Hoje em dia esta tudo mais facilitado, porque o equipamento é mais acessível, ao contrário de outros tempos em se usava película e era carissímo filmar um minuto que fosse. O cinema ao contrário da pintura, ou da literatura, não se depende de uma única pessoa para se construir uma ideia, ou pô-la em práctica, é um trabalho colectivo e apesar de tudo, quando um grupo de amigos quer fazer em dois, ou três dias uma curta-metragem até a faz, não é difícil, mas isso também envolve alguns custos, seja em Portugal ou outro sítio qualquer. Em termos de financiamento, acho que não é fácil, para quem não tem um trajecto, não vou dizer um estatuto, mas algum curriculm, não é fácil ambicionar qualquer um desses escalões, mas acho que não deve ser esse aspecto a fazer com que se perca a vontade de fazer alguma coisa.

Como argumentista, o que pensas do facto de se afirmar que um dos pontos fracos de muitos filmes portugueses é precisamente o argumento. Partilhas desta ideia, ou nem por isso.
LC: Acho que o cinema é universal, deve haver de criação e de público para o todo o tipo de filmes. Pode-se dizer que se calhar em Portugal tem sido mais constante a criação, do ponto de vista do argumento tem havido um certo tipo de privilégio para um certo tipo de script, que não vou dizer que pode ser melhor, ou pior, mas há muita variedade, sem dúvida nenhuma. Acho que nisto estamos todos de acordo e que continuem a aparecer pessoas com vontade de escrever argumentos, porque só criando e materializando-se um filme que chegue junto ao público é que pode haver lugar constante para a evolução, inovação e o melhoramento da criação.

 

www.squattermanfilm.com

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