É um dos filmes mais premiados do cinema português em 2012.
Depois do sucesso do "aquele querido mês de Agosto", Miguel Gomes, escreveu e realizou, uma longa-metragem que invoca uma homenagem à obra homónima de F.W.Murnau. Tabu apesar de ser um filme de autor e pouco comercial, conquistou os cinéfilos portugueses, o que prova que duas coisas, há espaço para a criação nacional de qualidade e existe um público sedento por este tipo de cinema, embora reconheça que o facto de ter sido premiado em vários festivais internacionais também tenha ajudado. De facto trata-se de uma obra invulgar, primeiro porque é filmada inteiramente a preto e branco, depois a narrativa propriamente dita não obedece a um conjunto de parâmetros pré-estabelecidos, ou seja, não estejam à espera de uma "áfrica minha", embora também se trate de uma história de amor com contornos trágicos. Tabu desde o primeiro momento faz o retrato de um paraíso perdido em três capítulos, contado quase sempre na terceira pessoa, através de um narrador que nos embala languidamente até o idílio amoroso de Aurora e Gian Luca. As personagens acabam sendo também eles instrumentos desta narrativa poeticamente muda, feita de luz e sombras, que conferem força as imagens habilmente captadas pela câmara, que culminam num final quase inesperado. Miguel Gomes acima de tudo filma a solidão das várias personagens que compõem a sua "pintura" cinematográfica, daí os silêncios, os choros e os suspiros que habilmente introduz ao longo desta narrativa melancólica. Se calhar o seu único "defeito" é de ser um filme português, se fosse americano, aposto que já teria ganho um óscar! Bom cinema.