É um retrato de um Portugal pouco lisonjeiro para as minorias étnicas.
O filme resultou do argumento de Rui Cardoso Martins que se embrenhou num mundo à parte criado por entre labirintos que ligavam os oito blocos de prédios que eram denominados de Zona J, em Chelas. Esta longa-metragem foi um grande sucesso de bilheteira em 1998, 250 mil espectadores foram as salas de cinema e ajudou a lançar a carreira da actriz Núria Madruga e de outros jovens actores portugueses. Até bem pouco tempo, os habitantes do bairro do Condado sentiam-se ainda mais estigmatizados e discriminados desde a estreia deste filme. Dos corredores de morte, habitáculo preferencial de toxicodependentes, prostitutas e jovens delinquentes nada resta, tem sido demolido pela câmara local e os seus residentes foram realojados em outras áreas habitacionais da cidade de Lisboa. Fica como memória o filme, muito bom por sinal. O que fica patente? Uma realidade diferente captada pela mão segura de Leonel Vieira. É uma espécie de um retrato social muito actual, porque se a Zona J foi demolida, a segregação das comunidades, o preconceito e os seus problemas ainda estão muito presentes na sociedade portuguesa. É contudo, um filme de ficção, onde há lugar para o amor entre dois jovens provenientes de duas realidades muito díspares e um assalto que corre mal. Bom cinema.