Os portugueses são um dos povos que mais se auto-medicam em termos europeus, há uma dependia nacional em relação aos químicos. Contudo, ao visitarmos os países do norte da Europa, os médicos poucos ou nenhuns medicamentos receitam, afirmando que o corpo lentamente irá auto-regenerar-se. Como se explica então esta nossa dependência? É uma mentalidade?
AM: É a mentalidade, mas também, à medida que as pessoas foram tendo mais dinheiro, foram exigindo mais cuidados de saúde e hoje as pessoas querem ir ao médico com uma criança que tem febre e não querem sair de lá sem um antibiótico, porque alguém lhes disse que este tipo de medicamento trata mesmo. Agora repare, um médico de um centro de saúde, de medicina geral e familiar que tenha 30 pessoas para tratar, vai ficando com poucos recursos teóricos para dizer a aquela mãe que não pode ser. Eu compreendo muito bem os meus colegas, porque as pessoas são muito incisivas e se o médico de família não passa a receita vão a outro médico qualquer. O que era muito importante era haver uma campanha de consciencialização das pessoas para que deixem as gripes terem o seu timing. Não adianta auto-medicar-se. Está provado que uma gripe virica dura entre três a quatro dias, quer tome medicamentos analgésicos, anti-inflamatórios, quer não tome. A canja de galinha nunca fez mal a ninguém, em termos médico-científicos podemos dizer isso aos doentes se as nossas avós nos tiverem feito isso, porque se calhar um médico que nunca tenha tomado esta sopa na infância não vai dizer isso aos pacientes, porque não está escrito em lado nenhum. Recentemente, li um estudo não lhe sei dizer em que universidade, penso que foi em Harvard, que estudaram a canja de galinha e a cozedura do frango liberta uma proteína que é a cisteína que vai ter efeitos ao nível dos brônquios. Aqui esta a explicação científica de que a canja de galinha faz bem à saúde, agora diga-me quantas destas mezinhas nos deveríamos dizer aos doentes, com receio de sermos ridicularizados, só porque não está provado. O que parece é que a ciência não consegue provar tudo, parece que há um desfasamento do tempo entre o que é o conhecimento popular e o médico que o funde com a medicina integrada, ou seja, um médico pode integrar este conhecimento para os seus pacientes. Sinto que há um desfasamento em relação ao que está provado e o que as pessoas sabem empiricamente que lhes faz bem. Achei espantoso que tenha de ser provado cientificamente que até a canja de galinha afinal faz bem à saúde. Faz-nos pensar até que ponto podemos dizer que uma coisa não esta provada? O raciocínio científico actual é assim, o que não está provado não é valido, só que não podemos esquecer a prova do tempo. A medicação homeopática, dentro da homotoxicologia que é minha área e estamos a falar de medicamentos com 70 anos de comprovada eficácia terapêutica, sem efeitos secundários quase nenhuns. Então, porque preciso de mais provas? É essencial fazer um estudo que envolve mil pessoas, em que 500 tomam o medicamento para determinada patologia, e os restantes outro tipo de medicamento para provar que aquele é o melhor? Eu preciso é que este conhecimento chegue as faculdades e por colegas que estejam nisto há muito tempo, que esteja escrito nos livros e a partir daí não é preciso mais nada. Vou ainda acrescentar, que as pessoas que são contra os medicamentos homeopáticos afirmam que é água com açúcar, que tomaram 20 frascos de uma só vez e que como não tiveram efeito nenhum, é um placebo. Estão completamente errados. Os medicamentos de homotoxicologia funcionam por dose, significa que num evento agudo dá-mos o medicamento de quinze em quinze minutos, porque vai estar a estimular uma série de citoquinas, que são moléculas sinalizadoras do organismo que consoante vão sendo activadas, conforme o efeito que vamos tendo. Portanto, não adianta tomar vinte frascos de seguida, porque isso funciona como uma dose. Esse é o primeiro ponto. Segundo as pessoas que são contra este tipo de medicamentos, afirmam que não existe matéria no medicamento, isto porquê? Os medicamentos são diluídos e dinamizados e ultrapassam o número de avogrado, ou seja, quando não conseguimos encontrar substâncias, porque se encontram em quantidades mínimas (a10 levantado à -23 não existe de facto substância), mas existe a frequência vibracionalmente falando dessa matéria. O facto de não a encontrarmos, não quer dizer que não exista, nós é que não temos aparelhagem para a medir. Outra coisa importante é que só há dez anos aproximadamente se descobriram estas citoquinas, estas moléculas sinalizadoras que explicam o funcionamento de este tipo de medicação. Parece mais uma vez o que referi a pouco, há um desfasamento entre o que conseguimos provar e por outro lado, os medicamentos funcionam porque quem o prescreve vê os resultados, mas antigamente não se sabia explicar o porquê.
Estas novas áreas da medicina ainda não fazem parte dos conteúdos programáticos do ensino de medicina, porque acha que tal não acontece? Em Portugal são muitos conservadores é isso?
AM: Eu acho que é uma questão de tempo. É a maneira romântica como vejo as coisas. As gerações mais novas estão despertas, tenho muitos doentes que são estudantes de medicina, que serão futuros médicos. Esses vão ter uma abertura diferente e vão querer por si próprios estudar, aprender e praticar com os seus doentes, porque tiveram um problema de saúde que foi resolvido desta forma. Agora, quando? Não faço ideia, em toda a Europa já existem cursos de medicina integrada, até pós-graduações de medicina biológica. O ensino pré-graduado na Itália, dentro da farmacologia tem uma subespecialização de homotoxicologia/homeopatia. Portanto, até quando vamos ficar à espera? Não faço ideia. A acupuntura é uma abordagem médica extremamente preciosa e lindíssima de aprender, mas estudada à luz dos conceitos científicos modernos. É uma medicina tradicional que tem cinco mil anos, quem tem que provar o quê? Só a bem pouco tempo se começou a ensinar a acupuntura como uma pós-graduação para médicos. Estamos desfasados, mas creio que a Ordem irá entender que há especialidades que em Portugal não estão estudas e que crie um grupo de médicos que à partida podem transmitir esses conhecimentos.
Outro dos pontos de discórdia são as campanhas de vacinação nacional que transmitem a ideia que se as pessoas não foram vacinadas podem morrer e lançam o pânico nas populações. Foi o caso da gripe A e do colo de útero que apenas previne um tipo de vírus. O que parece é que é o grande negócio da china para as empresas que criam estes fármacos.
AM: As vacinas são um tema muito polémico. Muito se tem escrito sobre o assunto. Há uma ideia generalizada que fazem bem a toda a gente e eu penso que devemos ser mais cuidados na administração massiva de vacinas. Elas de facto vieram colmatar um grande problema que foram as doenças infecto-contagiosas, mas é como tudo o excesso deverá ser ponderado. Existem médicos que são muito a favor e vacinam contra tudo e outros que são mais prudentes. Mesmo não sendo médicos desta área, especialmente os pediatras mais antigos têm algum cuidado na prescrição de vacinas, administram as que estão consignadas no plano nacional e nas restantes são mais moderados. É preciso ver que não é consensual. Não podemos pedir as pessoas que não tomem, o que eu peço é que procurem, vejam o que está escrito, os devidos efeitos colaterais e tomem a decisão em plena consciência.
Como no caso da gripe A?
AM: O que senti é que houve um período muito curto para o amadurecimento da vacina, não houve tempo suficiente. Não se pode ter o conhecimento de um surto em Fevereiro e as vacinas estarem no mercado em Agosto, Setembro. Não é possível. Quem percebe alguma coisa sobre formulação, investigação e experiências com medicamentos sabe que não é possível. Eu aconselhava as pessoas a terem cuidado, não dizia para não tomarem, essa escolha era pessoal.