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A alquimista d'alma

Escrito por 

anam

A Doutora Ana Moreira é uma enamorada pelo saber, pelos meandros do conhecimento científico e pelo ser humano. Uma paixão que transporta para a sua profissão e para os seus pacientes, através da medicina integrada, com a qual pretende curar não só o corpo, como a mente.

Como é que uma pessoa ligada as ciências exactas, faz uma abordagem à medicina biológica e a um conceito que é a sintergética?

Ana Moreira: O que acho é que problema do povo, dos médicos e toda a classe dita científica é que ainda não olhou para o reverso da medalha. O que eu estudei dentro da sintergética, dentro da medicina integral, funcional (são todos esses nomes) é que é uma medicina holística. No fundo é um médico licenciado em medicina que se especializou noutras áreas, podemos chama-la de medicina integrada, porque envolve vários conhecimentos e está mais do que coberta por artigos científicos. Primeiro, porque não são artigos que saem tanto ao público, não são patrocinados pelos laboratórios farmacêuticos e esse é o busílis da questão. Depois são respaldados pela física quântica, que fundamenta muito a medicina bioenergética. A maioria do mundo ainda não sabe o que é esta ciência, que tem muitas teorias, nomeadamente a do caos e são explicações científicas para uma coisa com que trabalhamos e as pessoas não percebem muito bem que é a energia do próprio. Dígamos que há um campo eletromagnético que nos rodeia são uma nuvem de eletrões que são medidos por uma cámara de Kirlian. O nome surge com uns cientistas russos, físicos, que criaram uma espécie de grande câmara fotográfica que retém a imagem desta nuvem de electrões a rodear-nos.

Este tipo de medicina pretende olhar o paciente como um todo, porque isso faz parte da cura?

AM: Isso é o sonho, acho que de qualquer médico nesta área, que é o trabalho holístico. Nós tentámos ver não só o sintoma, a queixa principal da pessoa, mas percebe-lo. Imagine que pode ser uma dor no ombro numa mulher com cinquenta anos que acabou de perder o filho num acidente e não se pode dissociar essa dor que ela sente, a perda, da dor física no ombro. Temos sempre que ver as pessoas como elas são. Onde é que elas vivem? Com quem? Onde residem? Em que família estão inseridas? Para saber como é que elas reagem perante as vicissitudes da vida. Um dos aspectos muito interessantes desta abordagem é que o que vivemos fora acabámos por viver por dentro. Uma pessoa excessivamente perfeccionista, rígida com horários, com protocolos e com planeamentos de vida é uma pessoa com rigidez muscular. O organismo energeticamente gera este tipo de emoções. Quando vemos uma pessoa com uma queixa e vemos que ela está inserida numa família, num grupo de trabalho, numa sociedade aí vemos essa pessoa como um todo e claro, o seu passado, aquilo que já viveu e quais são as suas perspectivas para o futuro. Infelizmente, hoje em dia, a nossa sociedade não vive o presente. Esta presa num passado e sente raiva porque não o pode modificar. Vivo enraivecida, porque não o posso mudar e esqueço-me de viver o presente, ou vivem no futuro, que é dia de amanhã. Como esse dia ainda não chegou, estou ansiosa, porque não sei o que esperar e mais uma vez me esqueço de viver o presente. Na realidade só existe um tempo que é o hoje. Se estiver concentrado no agora, o tempo é infinito, não tem medição. Repare, às vezes um dia custa muito a passar, outras estamos a conversar cinco horas com alguém e dizemos já passou? Ou então dá-mos um abraço de dez segundos a uma pessoa que amámos verdadeiramente e parecem cinco horas, o tempo é relativo. Na verdade só existe o agora.

A medicina integrada que exerce, como é vista pelos seus colegas?

AM: Não faço ideia. No início quando comecei a estudar isto foi do género, descobri a pólvora, vou telefonar, vou dizer, vou tentar trazer gente para o meu lado. Não resulta, cada um tem de fazer o seu caminho. Também se trata de uma busca, de um percurso pessoal. Quem esta nesta área fê-lo por algum motivo, ou para si próprio, ou por alguém da sua família que o encaminhou para esta área não tão publicitada chamemos-lhe assim. Agora, depois dessa primeira abordagem que não resultou, sabia que aquele era o caminho, mas ainda estava muito no início, noto que os amigos médicos ouvem-me, aceitam-me, enviam-me familiares, tratam-se comigo e até com colegas desta área. Os outros colegas, depende, acho que vai havendo uma classe que respeita o nosso trabalho, mas principalmente há um desconhecimento total, eu diria 50% das pessoas que são tratados nos hospitais, estão a ser cuidados por profissionais com a mesma filosofia do que eu, só que não tem coragem de o dizer aos seus próprios colegas. Por outro lado, muitos doentes que estão a ser bem tratados, bem controlados na sua doença, tem até remissões espontâneas, nomeadamente de cancros, são pessoas que se trataram “cá fora ao mesmo tempo”, só que não tem coragem de o admitir perante o médico do hospital porque tem medo de serem postos fora, não lhe serem dados os tratamentos adequados. Há também uma falta de verdade, porque as pessoas tem receio de o dizer, o que faz com que o colega não se aperceba o porque do seu paciente ter melhorado tanto e poder questionar-se se vale a pena estudar esta questão.

Mas, existe uma grande resistência por parte dos médicos nesta matéria, tanto que os tratamentos não são comparticipados, porque os médicos não prescrevem este tipo de tratamentos alternativos.

AM: Há duas questões, que gostaria de esclarecer, a primeira é que isto não é medicina alternativa. Quando falámos em tratamentos alternativos, estamos a falar de um terapeuta que não sendo licenciado em medicina, exerce uma forma de medicina, vê pessoas que estejam doentes. São os chamados terapeutas não convencionais, naturopatas, o que lhe quiser chamar, isso já é reconhecido na lei. Outra coisa é o que eu exerço, que sou médica, licenciada por uma faculdade portuguesa, com algum currículo até europeu, mas que exerço uma abordagem medica integrada. Eu integro todos os conhecimentos que tive na faculdade, de fisiologia, de biopatologia, de imunologia com alguns conhecimentos da medicina tradicional chinesa, da Ayurvedica, da homeopatia, da homotoxicologia e ao integrarmos isto tudo vemos as pessoas de uma forma holística, daí ser mais bonito dizer integrada. Claro que os medicamentos homeopáticos não são comparticipados neste país, mas em outros são, talvez porque os governos tenham chegado à conclusão que as pessoas que se tratam desta forma são mais saudáveis, estão menos tempo internadas e gastam menos medição comparticipada digamos assim. Há o célebre caso de uma companhia de seguros alemã que esta a baixar preços de seguros para pessoas que dizem que se tratam com homeopatia, que fazem meditação e yoga. Pessoas mais preocupadas com a sua saúde, não fumam, tem cuidado com a ingestão de bebidas alcoólicas, com a alimentação, com o corpo, logo esperamos que estejam menos doentes.

Os portugueses são um dos povos que mais se auto-medicam em termos europeus, há uma dependia nacional em relação aos químicos. Contudo, ao visitarmos os países do norte da Europa, os médicos poucos ou nenhuns medicamentos receitam, afirmando que o corpo lentamente irá auto-regenerar-se. Como se explica então esta nossa dependência? É uma mentalidade?

AM: É a mentalidade, mas também, à medida que as pessoas foram tendo mais dinheiro, foram exigindo mais cuidados de saúde e hoje as pessoas querem ir ao médico com uma criança que tem febre e não querem sair de lá sem um antibiótico, porque alguém lhes disse que este tipo de medicamento trata mesmo. Agora repare, um médico de um centro de saúde, de medicina geral e familiar que tenha 30 pessoas para tratar, vai ficando com poucos recursos teóricos para dizer a aquela mãe que não pode ser. Eu compreendo muito bem os meus colegas, porque as pessoas são muito incisivas e se o médico de família não passa a receita vão a outro médico qualquer. O que era muito importante era haver uma campanha de consciencialização das pessoas para que deixem as gripes terem o seu timing. Não adianta auto-medicar-se. Está provado que uma gripe virica dura entre três a quatro dias, quer tome medicamentos analgésicos, anti-inflamatórios, quer não tome. A canja de galinha nunca fez mal a ninguém, em termos médico-científicos podemos dizer isso aos doentes se as nossas avós nos tiverem feito isso, porque se calhar um médico que nunca tenha tomado esta sopa na infância não vai dizer isso aos pacientes, porque não está escrito em lado nenhum. Recentemente, li um estudo não lhe sei dizer em que universidade, penso que foi em Harvard, que estudaram a canja de galinha e a cozedura do frango liberta uma proteína que é a cisteína que vai ter efeitos ao nível dos brônquios. Aqui esta a explicação científica de que a canja de galinha faz bem à saúde, agora diga-me quantas destas mezinhas nos deveríamos dizer aos doentes, com receio de sermos ridicularizados, só porque não está provado. O que parece é que a ciência não consegue provar tudo, parece que há um desfasamento do tempo entre o que é o conhecimento popular e o médico que o funde com a medicina integrada, ou seja, um médico pode integrar este conhecimento para os seus pacientes. Sinto que há um desfasamento em relação ao que está provado e o que as pessoas sabem empiricamente que lhes faz bem. Achei espantoso que tenha de ser provado cientificamente que até a canja de galinha afinal faz bem à saúde. Faz-nos pensar até que ponto podemos dizer que uma coisa não esta provada? O raciocínio científico actual é assim, o que não está provado não é valido, só que não podemos esquecer a prova do tempo. A medicação homeopática, dentro da homotoxicologia que é minha área e estamos a falar de medicamentos com 70 anos de comprovada eficácia terapêutica, sem efeitos secundários quase nenhuns. Então, porque preciso de mais provas? É essencial fazer um estudo que envolve mil pessoas, em que 500 tomam o medicamento para determinada patologia, e os restantes outro tipo de medicamento para provar que aquele é o melhor? Eu preciso é que este conhecimento chegue as faculdades e por colegas que estejam nisto há muito tempo, que esteja escrito nos livros e a partir daí não é preciso mais nada. Vou ainda acrescentar, que as pessoas que são contra os medicamentos homeopáticos afirmam que é água com açúcar, que tomaram 20 frascos de uma só vez e que como não tiveram efeito nenhum, é um placebo. Estão completamente errados. Os medicamentos de homotoxicologia funcionam por dose, significa que num evento agudo dá-mos o medicamento de quinze em quinze minutos, porque vai estar a estimular uma série de citoquinas, que são moléculas sinalizadoras do organismo que consoante vão sendo activadas, conforme o efeito que vamos tendo. Portanto, não adianta tomar vinte frascos de seguida, porque isso funciona como uma dose. Esse é o primeiro ponto. Segundo as pessoas que são contra este tipo de medicamentos, afirmam que não existe matéria no medicamento, isto porquê? Os medicamentos são diluídos e dinamizados e ultrapassam o número de avogrado, ou seja, quando não conseguimos encontrar substâncias, porque se encontram em quantidades mínimas (a10 levantado à -23 não existe de facto substância), mas existe a frequência vibracionalmente falando dessa matéria. O facto de não a encontrarmos, não quer dizer que não exista, nós é que não temos aparelhagem para a medir. Outra coisa importante é que só há dez anos aproximadamente se descobriram estas citoquinas, estas moléculas sinalizadoras que explicam o funcionamento de este tipo de medicação. Parece mais uma vez o que referi a pouco, há um desfasamento entre o que conseguimos provar e por outro lado, os medicamentos funcionam porque quem o prescreve vê os resultados, mas antigamente não se sabia explicar o porquê.

Estas novas áreas da medicina ainda não fazem parte dos conteúdos programáticos do ensino de medicina, porque acha que tal não acontece? Em Portugal são muitos conservadores é isso?

AM: Eu acho que é uma questão de tempo. É a maneira romântica como vejo as coisas. As gerações mais novas estão despertas, tenho muitos doentes que são estudantes de medicina, que serão futuros médicos. Esses vão ter uma abertura diferente e vão querer por si próprios estudar, aprender e praticar com os seus doentes, porque tiveram um problema de saúde que foi resolvido desta forma. Agora, quando? Não faço ideia, em toda a Europa já existem cursos de medicina integrada, até pós-graduações de medicina biológica. O ensino pré-graduado na Itália, dentro da farmacologia tem uma subespecialização de homotoxicologia/homeopatia. Portanto, até quando vamos ficar à espera? Não faço ideia. A acupuntura é uma abordagem médica extremamente preciosa e lindíssima de aprender, mas estudada à luz dos conceitos científicos modernos. É uma medicina tradicional que tem cinco mil anos, quem tem que provar o quê? Só a bem pouco tempo se começou a ensinar a acupuntura como uma pós-graduação para médicos. Estamos desfasados, mas creio que a Ordem irá entender que há especialidades que em Portugal não estão estudas e que crie um grupo de médicos que à partida podem transmitir esses conhecimentos.

Outro dos pontos de discórdia são as campanhas de vacinação nacional que transmitem a ideia que se as pessoas não foram vacinadas podem morrer e lançam o pânico nas populações. Foi o caso da gripe A e do colo de útero que apenas previne um tipo de vírus. O que parece é que é o grande negócio da china para as empresas que criam estes fármacos.

AM: As vacinas são um tema muito polémico. Muito se tem escrito sobre o assunto. Há uma ideia generalizada que fazem bem a toda a gente e eu penso que devemos ser mais cuidados na administração massiva de vacinas. Elas de facto vieram colmatar um grande problema que foram as doenças infecto-contagiosas, mas é como tudo o excesso deverá ser ponderado. Existem médicos que são muito a favor e vacinam contra tudo e outros que são mais prudentes. Mesmo não sendo médicos desta área, especialmente os pediatras mais antigos têm algum cuidado na prescrição de vacinas, administram as que estão consignadas no plano nacional e nas restantes são mais moderados. É preciso ver que não é consensual. Não podemos pedir as pessoas que não tomem, o que eu peço é que procurem, vejam o que está escrito, os devidos efeitos colaterais e tomem a decisão em plena consciência.

Como no caso da gripe A?

AM: O que senti é que houve um período muito curto para o amadurecimento da vacina, não houve tempo suficiente. Não se pode ter o conhecimento de um surto em Fevereiro e as vacinas estarem no mercado em Agosto, Setembro. Não é possível. Quem percebe alguma coisa sobre formulação, investigação e experiências com medicamentos sabe que não é possível. Eu aconselhava as pessoas a terem cuidado, não dizia para não tomarem, essa escolha era pessoal.

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