Um olhar sobre o mundo Português

 

                                                                           

h facebook h twitter h pinterest

A aura que há em nós

Escrito por 

A associação Aura era o sonho de vida de uma mãe e um filho. Uma professora e um aluno. Uma doente e um cuidador. Era um projecto que visava ajudar jovens com dificuldades de aprendizagem, doentes oncológicos e daqueles que os cuidam. Agora é mais, muito mais. A Aura é do Luís, da Ana, da Manuela, do Agostinho e da Lídia e dos muitos mais que queiram participar. E do sonho nasceu uma obra altruísta que almeja um mundo melhor, onde todos possam aceder as mesmas oportunidades. Todos dias doam as suas capacidades, o seu tempo e o seu dinheiro para ajudar o próximo. Criam projectos musicais, encenam peças de teatros e realizam espectáculos com o intuito de provar que sempre se pode fazer melhor, realizar mais e ao mesmo tempo estimular a auto-estima nos jovens. Venha, doe o seu tempo, dê uma mão, ou compre um CD ou DVD da Aura, vai ver…tudo vale a pena quando a alma não é pequena. E a destes dois jovens não é! É o mundo!

Como surge o nome de Aura?

Luís França: A Aura era professora de alunos de currículos alternativos e era o nome da minha mãe. Eu fui o primeiro aluno.

Qual é o papel da associação junto dos mais jovens?

LF: O que fazemos com os miúdos dos currículos alternativos ao fim e ao cabo é encadear acções, que na escola são impossível de concretizar. Organizamos concertos, gravamo-los em CD e DVD. São eles que criam o guarda-roupa, os cenários e músicas e integramos no final ambas as partes, a parte musical e visual. Nós agarramos em tudo o que os miúdos estão a dar-nos na altura e fazemo-lo de forma diferente, se calhar o aluno tem dificuldade em inglês e o que fazemos? Escolhemos a letra de uma canção nessa língua para que a apresente num espectáculo. Ele está a estudar, só que não o sabe. Criamos produtos finais que são vendidos no mercado, são amadores no fundo, mas tão bons como os profissionais. A venda reverte para a associação poder dar continuidade ao projecto.

Qual tem sido o feedback por parte de educadores do vosso trabalho?

LF: Temos de professores que trabalham connosco junto destes jovens de currículos alternativos, na escola da Gonçalves Zarco, que ficaram no lugar da minha mãe, a Manuela, o Agostinho e a Lídia, que continuam o trabalho por ela encetado. Nós inserimos nos ensaios gerais tudo, o trabalho deles com os alunos e o nosso. Aquilo que nos dizem é que a única maneira de motivar os alunos a fazer algo durante horas, fazer aquilo que gostam, porque é diferente, até os educadores notam essa diferença. É distinto ensaiar para algo que vai ser gravado para um CD, para um espectáculo ao vivo, do que algo que na melhor das hipóteses vai ser mostrado na sala dos professores. O trabalho é a dobrar. Eles põem produtos cá fora que valem a pena.

A vertente oncológica é outro dos aspectos da associação, o que fazem nesta área?

LF: A Associação existe a um ano e meio a caminho de dois, chega a uma altura que nos perdemos no tempo. De inicio, doamos uma máquina de purificação de água para o hospital, para que os doentes o possam beber, para alimentação, o que for necessário. Já oferecemos cadeiras de rodas, medicação essencial para esses doentes que não é comparticipada. Agora, paramos um pouco porquê? Porque vamos aprendendo, queremos vender os produtos para fazer dinheiro suficiente para ajudar os familiares cuidadores destes doentes e o material de enfermagem que necessitam.

Há assim tanta falta de material?

LF: Existem carências onde não é suposto. Depois, falta também muito material na própria casa dos doentes. As pessoas esquecem que os cuidadores muitas vezes abdicam do seu trabalho, da família, dos amigos, perdem tudo, para tomar conta de doente em casa. Uma pessoa que perca o seu posto de trabalho, que não tenha apoio do centro de emprego se calhar vai ter grande carência de materiais em casa.

A associação Aura está vocacionada para duas áreas, pretendem expandir essa abrangência?

Ana Soares Freitas: Nós trabalhamos na área cultural por inerência da música e com teatro. Queremos alargar o âmbito cultural para além daquilo que se faz com os miúdos. Apesar, de não perdermos de vista a educação. Estamos a trabalhar na área do desporto, temos uma parceria com o Instituto de Habitação nesse âmbito. Muitos dos miúdos são oriundos de meios desfavorecidos, apesar de os currículos não estarem obrigatoriamente ligados a determinada classe social, é frequente contudo serem desse meio, e de bairros sociais. Tivemos uma assistente social que nos chamou para intervir no bairro de Santa Amaro, e por aí, fomos chamados para efectuar algumas acções que não estavam abrangidas pelos objectivos da associação. A nossa actividade ao longo ao tempo fez surgir a necessidade de adequar aquilo que eram as nossas intenções iniciais, com aquilo que acabamos por fazer e que não tenha sido inicialmente previsto. As acções de cariz social, a parte cultural que se tornou maior do que aquilo que foi previsto e até o desporto.

LF: A ideia da associação que resultou de uma conversa com a minha mãe, era trabalhar em artes porque era a nossa área e termos uma instituição para ajudar os miúdos, mais nada. Era o objectivo de vida dos dois. A minha mãe foi uma doente de oncologia que permitiu que lhe fizessem uma série de procedimentos, porque se não servisse para ela era benéfico para outros. O que ficava montava a associação. Fi-lo com amigos meus e os colegas delas. Ao inicio a associação Aura era a cara da minha mãe, os alunos dos currículos e os doentes oncológicos. Nesta altura, é a imagem das pessoas que constituem a Aura, nós somos a Aura. E a todas as necessidades que nos vêm bater à porta adaptamo-nos e pagamos para o que fazemos com gosto.

Todos os que trabalham são voluntários?

LF: São quase todos, excepto aqueles que trabalham connosco no CD e DVD e para esses temos todas as despesas pagas, isto porque a vida custa a todos. Assim, vemos com quem podemos trabalhar, já que o próximo passo é criar empresas de reinserção. Os miúdos precisam de um sítio para trabalhar. Nós precisamos de crescer. Temos que ter os bens, os materiais, os utensílios para o quotidiano. O objectivo é crescer e criar um espaço onde os miúdos possam estudar, trabalhar e até promover. É isso que queremos. O mundo.

http://a-aura.org/

Deixe um comentário

Certifique-se que coloca as informações (*) requerido onde indicado. Código HTML não é permitido.

FaLang translation system by Faboba

Eventos