
É uma instituição particular de apoio social que visa responder as necessidades dos grupos mais vulneráveis da sociedade actual, em particular das populações mais carenciadas da cidade do Funchal. Ao todo dinamizam seis centros que desenvolvem diversas actividades lúdicas e educacionais junto dos mais jovens e dos mais idosos. Outro dos seus objectivos é desenvolver o projecto da fundação com o intuito de alargar o seu campo de intervenção para outras zonas do mundo.
Quais são as áreas de intervenção da associação garouta do calhau?
Ricardo Silva: O nosso primeiro objectivo, quando nascemos há dez anos, era trabalhar com os idosos, promover o envelhecimento activo, apostar na qualidade de vida da faixa sénior da população. Este extracto social era uma geração que tinha passado grandes dificuldades, tinha passado por guerras coloniais e agora com a reforma tínhamos que ajudar no retardar do envelhecimento. Para esse efeito desenvolvemos várias actividades nos nossos centros comunitários. Depois começámos a trabalhar com as crianças. Passámos a ter um projecto que é o estudo acompanhado, recebemos 120 crianças nas nossas instalações, mas como existe escola a tempo inteiro em todas os estabelecimentos de ensino do Funchal, nós trabalhámos mais no nosso centro das Romeiras, em que temos menores de manhã e de tarde, nos restantes centros é só no final da tarde. Outras das vertentes da associação, que existe desde o seu princípio, é as “férias divertidas”, esta iniciativa retira cerca de 300 crianças das ruas, ou seja, eles ficam os 3 meses de verão connosco. Temos uma série de actividades à disposição dos mais jovens, desde o centro hípico ao aquaparque, etc. Pretendemos dar a miúdos pobres de famílias desestructuradas de zonas carenciadas da cidade umas férias de qualidade. Assim que neste momento os nossos utentes são as crianças, os jovens e os idosos.
Então onde se insere a fundação garota do calhau?
RS: “Garouta do calhau” é essencialmente uma marca, que começámos usar como associação de desenvolvimento comunitário do Funchal, portanto não perdemos a nossa identidade e agora também criámos uma fundação. A associação tem como objectivo trabalhar exclusivamente na capital, a Fundação visa usar a nossa experiência, os nossos conhecimentos para poder participar em outras actividades, outras paragens, diversificar no fundo toda a nossa possibilidade de apoio. Pretendemos trabalhar com a área cultural, a cientifica, saúde e na pobreza em qualquer parte do mundo. A fundação já apoiou uma associação de solidariedade na Colômbia e já anos atrás tínhamos feito um trabalho no Brasil que queremos estender à Madeira, mas a todas as zonas onde seja necessário. Não somos uma instituição rica em fundos, temos é conhecimentos e boa vontade para colocar à disposição das pessoas e motiva-las também na resolução dos seus problemas. Claro, que há dificuldades que só se conseguem ultrapassar com dinheiro, o nosso objectivo também é conseguir angariar fundos através da marca garota do calhau, nomeadamente com a venda de t-shirts e das próprias pedras do calhau.
Como funcionou a parceria com a Colômbia, enviaram técnicos?
RS: Não, foram situações pontuais. No caso da Colômbia foi desenhada uma peça de ourivesaria pela Nini de Andrade, que posteriormente foi leiloada. Toda a receita da venda foi encaminhada para uma associação que trabalha com miúdos carenciados em Bogotá. Esse é o espirito da associação, no fundo não é distribuir o que não temos, mas usar os nossos conhecimentos em prol dos nossos parceiros para apoiar uma determinada causa.
Como é que esses projectos chegam até a associação?
RS: Quer num caso, quer no outro esteve sempre ligado a área profissional da Nini. Ela encontrava-se na capital da Colômbia a desenvolver um projecto de decoração de um hotel e teve conhecimento das carências dessa instituição e decidiu ajudar.
Referiu que uma das actividades que pretendem desenvolver é fornecer apoio científico, como é que vai funcionar?
RS: No fundo é um apoio científico e educacional. O nosso objectivo não é dar bolsas de estudos, mas ajudar um jovem que nos chega a associação com algum valor, que não tem meios para estudar e desenvolver o seu potencial. Como referi a pouco, não é necessário dinheiro para resolver esta situação, podemos ajudar arranjando um padrinho, uma pessoa que esteja disposta a ajudar no desenvolvimento de uma mais-valia num ser humano. É dessa forma que nos pensámos exercer o nosso trabalho, distribuindo conhecimento e fazendo a ligação entre as várias pessoas que se podem ajudar mutuamente.
http://www.adcfunchal.com/