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Arrebita, arrebita invicta

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É um projecto ousado, com soluções inovadoras que pretende renovar o espaço urbano da cidade e devolve-lo aos seus habitantes, através do empreendedorismo social que passa pela recuperação de prédios devolutos. A primeira fase desta ideia já esta em marcha na Rua da Reboleira, na Ribeira.

Vou começar pelo óbvio, como surgiu a ideia do arrebita Porto?

José Paixão: A ideia surgiu no contexto âmbito do concurso Faz, ideias de origem portuguesa, que foi promovido pela Fundação Gulbenkian e pela Fundação Talento e dirigia-se a comunidade portuguesa pela diáspora. A ideia era contrapor a fuga de cérebros e criar incentivos para os portugueses na diáspora investirem e participarem na construção do país. Eu já estava fora de Portugal há doze anos e decidi entrar neste concurso contra o abandono dos centros das cidades. Era um problema que me afetava particularmente como arquitecto e por sentir o contraste entre as cidades que conhecia no estrangeiro e os centros urbanos em Portugal. Formei uma equipa com uns amigos e apresentei esta ideia para o concurso, que viemos a vencer e estamos agora a implementar.

O projecto visa a Porto isso acontece porque és natural desta cidade?

JP: Sim, sou natural do Porto. Embora haja uma razão emocional, também há uma percepção do problema e um contacto com essa realidade. O Porto em Portugal é o caso mais grave do abandono do centro das cidades. Só nos últimos 20 anos, a cidade perdeu dois terços da sua população. Era, por isso, flagrante apresentarmos soluções alternativas e inovadoras para este problema que afecta toda a população. A identidade da cidade. A sua segurança. As populações mais frágeis que residem nestas zonas. As infraestruturas da cidade também são afectadas. É um problema que carece de soluções e respostas.

Porque escolhestes os alunos de Erasmus?

JP: Não são alunos de Erasmus, é como se fossem. São jovens, profissionais, recém-licenciados, ou numa fase de finalistas nos seus respectivos cursos que já tem conhecimentos adquiridos na matéria e vontade em aplicar esses conhecimentos num contexto real de trabalho e daí a oportunidade sob a nossa supervisão e dos parceiros de podermos dar as condições para por um lado desenvolver o seu projecto próprio e por outro terem um impacto real na sociedade, de sentirem o valor do seu esforço na resolução de um problema real.

Quantos elementos integram o arrebita porto?

JP: O arrebita porto tem um gabinete de coordenação, onde nós não o desenvolvemos, apenas o desenhámos. Há uma equipa internacional em fases de três meses que o vai desenvolvendo. As equipas têm cinco elementos que se vão revezando no tempo e são eles fazem o projecto, que trabalham. Nós, a organização somos a volta de vinte elementos que apoiámos e dá-mos as condições para que, por um lado, esta equipa possa desenvolver o projecto e que possa estar em contacto com a restante rede de parcerias, que possa acompanhar esses trabalhos. Nós temos uma posição de mediação e não tanto de protagonismo no desenvolvimento.

Tens tido a adesão de muitas empresas portuguesas? Ao todo quantas aderiram?

JP: Já são muitas, mas ainda não acabámos de montar a rede de parcerias, mas uma boa parte esta completa e que são relevantes para esta primeira fase. São empresas nacionais sobretudo, ao nível de pareceres e de consultadoria que fazem parte das primeiras fases de concepção e temos uma rede que incorpora cerca de vinte empresas, mas esta em crescimento constante. A partir do momento em que tivermos um projecto de arquitectura definido e conhecimento das necessidades haverá um crescimento bastante acentuado da rede de parcerias com empresas fornecedoras de material e equipamentos que terão um papel essencial depois na obra.

Porque escolheste a rua da reboleira, na ribeira?

JP: Nós escolhemos este edifício porque pertence á Câmara municipal do Porto. Temos de começar a testa-lo e fazer experimentação, isto porque queríamos aliar à edilidade ao projecto. Queríamos que estivesse do nosso lado e apostasse connosco nesta ideia e convidámo-la a participar cedendo-nos um edifício onde pudéssemos testar a validade deste projecto. A Câmara foi muito receptiva e definimos esse prédio como um caso paradigmático. Esta devoluta a vários anos, parado, sem soluções á vista, considerado viável e interessante do ponto de vista comercial e enfim a nossa oportunidade de fazer uma intervenção, através de um modelo alternativo.

É um modelo de habitação é isso?

JP: É um modelo de negócio alternativo. Nós somos um projecto sem fins lucrativos, é um modelo social, que assenta na troca de valores e não no pagamento desses serviços. Um modelo em que todos os envolvidos têm algo a ganhar, mas não sob a forma de dinheiro. Não é um conceito de negócio assente na maximização de lucro. A nossa estratégia é promover o repovoamento e dinamização económica, social e cultural da cidade e isto é feito através da requalificação da habitação e da incubação de projectos.

Ou seja, a Câmara vai utilizar este prédio para devolver à habitação a população mais carenciada dessa zona?

JP: Ainda estamos a definir a tipologia dessa zona, não sabemos exactamente quem vai viver naquele prédio e quanto tempo, mas o objectivo é que possamos repovoar o centro através deste edifício com nova habitação num regime bonificado e que seja complementar a oferta que existe neste momento no mercado.

Para além deste projecto, há outros edifícios em vista?

JP: Para já é este, isto porque é um projecto-piloto. Está em fase de teste, por isso, temos que comprovar que o sistema funciona e estamos focados neste primeiro projecto.

Quanto tempo vai durar esta primeira fase?

JP: Vai durar entre um ano e meio, com conclusão prevista para 2014. Se pouco antes verificarmos que os problemas estão todos resolvidos e tudo indicar que o projecto tem sucesso estamos a pensar numa estratégia antes do término, de entregar a chave antes do edifício pronto. Em meados de 2013 se tudo correr bem estaremos a pensar numa estratégia de crescimento.

No princípio disseste que trabalhastes como arquitecto fora de Portugal, onde obtiveste a tua experiência?

JP: Trabalhei em Londres, Amsterdão.

Pretendes fixar-te em Portugal?

JP: Sim.

Foi sempre um objectivo voltar para teu país?

JP: Não, não estava nas cartas, foi a oportunidade que surgiu que me trouxe de volta, o concurso. Disponibilizei tempo e dedicação e agora tenho oportunidade de implementar e não podia recusar. Era uma ocasião especial para contribuir para o desenvolvimento, o crescimento da minha comunidade.

http://www.arrebita.org/

1 comentário

  • Ligação de comentário sell silver nj quinta, 21 maio 2015 16:44 postado por sell silver nj

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