Tens tido a adesão de muitas empresas portuguesas? Ao todo quantas aderiram?
JP: Já são muitas, mas ainda não acabámos de montar a rede de parcerias, mas uma boa parte esta completa e que são relevantes para esta primeira fase. São empresas nacionais sobretudo, ao nível de pareceres e de consultadoria que fazem parte das primeiras fases de concepção e temos uma rede que incorpora cerca de vinte empresas, mas esta em crescimento constante. A partir do momento em que tivermos um projecto de arquitectura definido e conhecimento das necessidades haverá um crescimento bastante acentuado da rede de parcerias com empresas fornecedoras de material e equipamentos que terão um papel essencial depois na obra.
Porque escolheste a rua da reboleira, na ribeira?
JP: Nós escolhemos este edifício porque pertence á Câmara municipal do Porto. Temos de começar a testa-lo e fazer experimentação, isto porque queríamos aliar à edilidade ao projecto. Queríamos que estivesse do nosso lado e apostasse connosco nesta ideia e convidámo-la a participar cedendo-nos um edifício onde pudéssemos testar a validade deste projecto. A Câmara foi muito receptiva e definimos esse prédio como um caso paradigmático. Esta devoluta a vários anos, parado, sem soluções á vista, considerado viável e interessante do ponto de vista comercial e enfim a nossa oportunidade de fazer uma intervenção, através de um modelo alternativo.
É um modelo de habitação é isso?
JP: É um modelo de negócio alternativo. Nós somos um projecto sem fins lucrativos, é um modelo social, que assenta na troca de valores e não no pagamento desses serviços. Um modelo em que todos os envolvidos têm algo a ganhar, mas não sob a forma de dinheiro. Não é um conceito de negócio assente na maximização de lucro. A nossa estratégia é promover o repovoamento e dinamização económica, social e cultural da cidade e isto é feito através da requalificação da habitação e da incubação de projectos.
Ou seja, a Câmara vai utilizar este prédio para devolver à habitação a população mais carenciada dessa zona?
JP: Ainda estamos a definir a tipologia dessa zona, não sabemos exactamente quem vai viver naquele prédio e quanto tempo, mas o objectivo é que possamos repovoar o centro através deste edifício com nova habitação num regime bonificado e que seja complementar a oferta que existe neste momento no mercado.
Para além deste projecto, há outros edifícios em vista?
JP: Para já é este, isto porque é um projecto-piloto. Está em fase de teste, por isso, temos que comprovar que o sistema funciona e estamos focados neste primeiro projecto.
Quanto tempo vai durar esta primeira fase?
JP: Vai durar entre um ano e meio, com conclusão prevista para 2014. Se pouco antes verificarmos que os problemas estão todos resolvidos e tudo indicar que o projecto tem sucesso estamos a pensar numa estratégia antes do término, de entregar a chave antes do edifício pronto. Em meados de 2013 se tudo correr bem estaremos a pensar numa estratégia de crescimento.
No princípio disseste que trabalhastes como arquitecto fora de Portugal, onde obtiveste a tua experiência?
JP: Trabalhei em Londres, Amsterdão.
Pretendes fixar-te em Portugal?
JP: Sim.
Foi sempre um objectivo voltar para teu país?
JP: Não, não estava nas cartas, foi a oportunidade que surgiu que me trouxe de volta, o concurso. Disponibilizei tempo e dedicação e agora tenho oportunidade de implementar e não podia recusar. Era uma ocasião especial para contribuir para o desenvolvimento, o crescimento da minha comunidade.