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Cohabitações

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O conceito cowork é um combate ao isolamento dos novos empreendores. Existem ao todo três em todo o país.  Actualmente, na sede de Coimbra, estão inscritas 26 pessoas. Os profissionais presentes são das áreas de: Arquitectura, design3D, técnicos de domótica e instalações técnicas, tradutor, psicologia, doutoramento, ilustração, webdesigner, sistemas de autenticação, comercial de multinacional, fotógrafia, engenharia civil e empresa de recursos humanos.

Em que contexto surge o conceito do cowork?

Eduarda Melo:Se se refere ao nascimento deste conceito em absoluto, ele teve lugar nos EUA e surgiu para dar resposta ao combate ao isolamento das pessoas que trabalhavam em casa , fornecendo uma alternativa acessível e favorecendo as sinergias entre várias pessoas de áreas profissionais diferentes.

Se se refere ao contexto em que surgiu o Cowork.Coimbra, posso adiantar-lhe que surgiu num momento em que já estávamos a funcionar num modelo muito próximo do coworking no espaço da arquitectura convida. Tínhamos já uma microempresa que funcionava nas nossas instalações e com quem criamos sinergias. Também disponibilizávamos a zona de reuniões e os nossos catálogos para que arquitectos que trabalhavam em casa pudessem reunir aqui. Foi neste contexto que tomamos conhecimento do conceito de coworking e que rapidamente adoptamos o mesmo, fazendo pequenas obras de adaptação.

Quais são os objectivos a que se propõe?

EM:O nosso objectivo com este projecto é facilitar uma série de serviços que permitam a profissionais liberais, freelances, micro empresas, empreendedores em geral, obterem um local de trabalho digno que valorize a sua actividade, lhe potencie contactos, o afaste do isolamento do trabalho em casa e tudo isso por um valor muito abaixo do que seria a manutenção de um escritório próprio. Apostamos fortemente na qualidade do design de todos os espaços e mobiliário, como agente diferenciador e como mais valia para aqueles que aqui trabalham e aqui recebem os seus clientes.

Qual é o perfil de profissionais que aderem a esta iniciativa em Coimbra e porquê?

EM:Se tivesse de traçar um perfil dos nossos utilizadores neste momento, diria que na sua maioria são pessoas da faixa etária 25 aos 35 anos, casados, com filhos, utilizam o cowork.coimbra entre as 9h00 e as 18h00, valorizam a qualidade do espaço e decoração, a localização, os serviços, o preço e as relações humanas que aqui cuidamos com especial atenção.

Penso que o conceito de coworking dá resposta a  nichos muito variados. Há espaços de coworking mais direccionados para pessoas muito jovens, às vezes ainda sem actividade profissional estabelecida, que usam o espaço para desenvolverem projectos pessoais que levam a cabo enquanto permanecem ainda dependentes dos pais. Utilizam o espaço maioritariamente em horários nocturnos ou considerados pós-laborais.

Este não é o nosso mercado, não por opção nossa, mas resultado da apetência e exigência que um outro nicho encontra resposta no nosso espaço. São pessoas exigentes que  valorizam  a qualidade e design dos ambientes, os bons serviços de secretariado e as relações humanas do grupo. Resumindo, não creio que exista um perfil de utilizadores para Coimbra, ou para outra cidade qualquer, mas sim um perfil de utilizador para cada projecto particular de coworking. Considero que é muito bom que assim seja!

A maioria das coworkers são mulheres, a que se deve tal fenómeno? Tem mais espirito de iniciativa? Menos oportunidades laborais, por isso, apostam na criação das suas próprias empresas?

EM:Não posso garantir uma razão para tal facto! Até porque nem sempre foram a maioria. Neste momento, no Cowork.Coimbra, a percentagem de mulheres inscritas é ligeiramente superior às dos homens. Se consideramos apenas os postos fixos ( que são usados diariamente ) esse número aumenta. È possível que tenha a ver com o facto de serem mais exigentes em relação à qualidade do espaço, os homens , regra geral, valorizam menos os detalhes da decoração, da iluminação natural, do mobiliário, apesar de dizerem que se sentem muito bem aqui. O tipo de actividade também pode ser, neste caso um factor para justificar a maioria de mulheres. Existe um maior número de homens com profissões que os obrigam a “circular”…a trabalhar parte do dia fora do posto de trabalho. De qualquer forma a nossa amostra é relativamente pequena para podermos tirar conclusões muito fidedignas!

E os workshops?

EM:Os workshops são eventos organizados quer por entidades exteriores ao Cowork.Coimbra quer pela comunidade residente. Tem normalmente carácter formativo e inserem-se nesta vertente da Formação que é assumida por nós como essencial para a valorização pessoal e profissional. Os temas são muito variados e pretendem formar e informar quer os residentes quer o público convidado, promovendo assim os contactos entre profissionais de diferentes áreas e cultivando esta postura de actualização e aprendizagem nas diferentes vertentes da pessoa!

Há alguma troca de experiências ou parceria entre as várias coworks espalhadas pelo país? São não porquê?

EM:Sim, o Cowork.Coimbra está em contacto com alguns dos coworkings espalhados pelo país e já tem colaborado com eles, no sentido de partilharem serviços para coworkers que se deslocam entre cidades. Neste momento está agendado um Encontro Nacional onde nos reuniremos para debater o desenvolvimento destas parcerias.

Qual é na sua opinião a maior dificuldade que os profissionais liberais enfrentam no nosso país e que deveria ser corrigido de forma a facilitar o seu desempenho e crescimento profissional?

EM:Penso que os profissionais liberais ganhariam em fazer formação noutras áreas que não a da sua actividade propriamente dita, no sentido de aprenderem a gerir a sua carreira de uma forma mais abrangente. Penso que lhes falta muita vezes uma visão que lhes permita capitalizar recursos, que por não estarem directamente relacionados com a sua profissão, são desperdiçados. Precisam descobrir pequenos detalhes que fazem a diferença. Já que estamos a falar de coworking, dou um exemplo: a diferença entre trabalhar em casa e trabalhar num coworking pode resultar abismal em termos de resultados e muito pequena ou nula em termos de investimento. Trabalhar em casa pode parecer aliciante e algumas pessoas ( poucas) adaptam-se até bem, mas para a maioria das profissões é terrível porque o isolamento é um mau companheiro quer para a saúde da pessoa quer para a saúde da sua actividade, que precisa de contactos profissionais abundantes para sobreviver. Trabalhando num coworking, não só vence o isolamento como cria sinergias com a restante comunidade e além disso permite-lhe aceder a formações que o actualizam nas diferentes vertentes do seu negócio. Mudar-se para um coworking é um pequeno passo que pode fazer a diferença entre o êxito e a sobrevivência de um profissional liberal!

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