Esperavam o sucesso que foi? É a longa-metragem mais vista do ano em Portugal.
MP: Sim, nós esperamos sempre o melhor sucesso possível e fazemos o nosso trabalho, depois os resultados logo se vê. Felizmente o resultado foi bom.
Sim, mas não é usual que o público corra aos cinemas ver um documentário. Ainda mais português, sem qualquer tipo de campanha de marketing associada, foi muito fruto do passa a palavra.
MP: Sim, de facto foi muito resultado boca a boca, porque nós só tínhamos três cópias que é muito pouco, imagina os números que teríamos feito se tivéssemos tido 20 cópias no inicio. Mas, depois também tivemos a ajuda de muitas pessoas dos vários meios de comunicação que nós deram atenção, porque entenderam que o conteúdo é bom e por isso acabaram por se interessar.
Tem algum novo projecto neste momento?
MP: Sim, temos vários projectos e ser finalizados agora na área documental. Mas, o nosso objectivo é apostar na ficção que é a nossa formação. O documentário foi mais auto-didacta.
Mas, cá em Portugal ou no Brasil?
MP: Há projectos a ser filmados cá, mas o de ficção é para ser filmado no Brasil, Portugal e Angola.
Sentem que o documentário é uma arte menor em relação a ficção?
MP: Precisamente ao contrário, porque eles deram origem as grandes mudanças no cinema, quer do ponto de vista estético, seja da forma como se pode filmar. E por isso, não sendo a nossa formação de base,quando começamos a estudar o que era um documentário, a perceber a forma como se cria, percebemos que ao longo da história foram os documentários que foram influenciando a ficção e não o contrário. E isso era algo que não sabia. O documentário é uma área onde existe uma maior área de experimentação do que propriamente a ficção que é cingida pelos guiões. Por isso, não acho que seja a ovelha negra, cada vez acho que ele é mais importante para a sociedade.
Sentem isso da parte do público?
MP: Sim, do português e do mundial. Repara no que acontece com o cinema português.
E fora como nós vêem?
MP: Sabem que Portugal fica no Sul da Europa e pouco mais. Não há uma comunicação concreta e bem-feita para fora, isso não existe. Espero que haja apoio cultural para o cinema, mas um filme é um potencial para levares o teu país lá para fora. Já são feitas algumas coisas nesse âmbito, vai funcionando pouco a pouco. Mas, é necessário perceber que um filme não acaba no momento em que se edita, numa bobine ou num DVD. Há uma parte de Marketing e de comunicação que tem de ser feita e isso ajudaria em muito dar a conhecer o cinema português lá fora. Esta questão não se prende só com o cinema, é também uma questão que se verifica com os nossos produtos e com o nosso capital humano. Temos pessoas de qualidade no nosso país e infelizmente não lhes é dado o devido valor e acabam por abandonar a sua pátria. Isso é triste que assim seja.
Quais são as vossas referências cinematográficas?
PP: É o chamado cinema novo brasileiro, que é um cinema real. Uma das personalidades que mais marcaram o meu percurso é o Valter Carvalho quer na fotografia, quer como realizador.
MP: Foi influenciado pelo cinema brasileiro, o Valter Carvalho é fantástico, mas mais pelo americano e europeu. O Francis Ford Coppola e gosto imenso o Aronovsky. Os três filmes deles são fabulosos.
O trabalhar juntos foi um passo natural?
PP: Foi a vida toda. Acabamos por sempre querer trabalhar juntos.
MP: Sempre foi um passo natural.
Nunca se fartam um do outro?
MP: Fartamos, mas cada um vai para um lado, descansamos e voltamos ao mesmo.
PP: Faz parte do processo! (risos)