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O gestor de portugal 2020

Escrito por  yvette vieira fts Bárbara Fernandes

Filipe Santos é o presidente da iniciativa Portugal Inovação social que, visa activar bases para a criação de empresas sustentáveis com cariz social inovador, promovendo a criação de emprego, o combate a pobreza e uma economia social que não seja dependentes de fundos públicos no futuro.

De que se trata Portugal Inovação social?
Filipe Santos: Sou gestor de uma nova iniciativa pública chamada Portugal inovação social, no âmbito do Portugal 2020, estámos a apoiar projectos inovadores da área social e que dão respostas sustentáveis à sociedade como o envelhecimento, a empregabilidade dos jovens e combate à pobreza. Estámos a procura de respostas novas para esses problemas e tentar incentivar projectos sociais inovadores que estou a desenvolver. Antes da inciativa houve um mapeamento da inovação social que começou no continente e que identificou mais de 150 iniciativas de elevado potencial de impacto, esse mapeameanto esta também a acontecer na Madeira para identificar quem são os bons inovadores e empregadores sociais e depois procurámos financiar e ajudar a crescer essas inciativas com grandes mérito.

Referiu que um dos mapeamentos é uma das inciativas, mas são 150 milhões de euros para 4 propostas, para além do mapeamento o que se pretende fazer?
FS: O que temos no âmbito do Portugal 2020 são fundos europeus, temos durante 7 anos um montante de financiamento de 150 milhões de euros para capacitar as entidades da económica social que desenvolvem projectos de inovação, para cofinanciar quando as entidades conseguem receber o apoio privado para o seu projecto e assim alavancar o financiamento das mesmas. Também estámos a trabalhar em modelos de constatação de resultados.

É o impacto social por resultado?
FS: Sim, é um modelo de financiamento em que a entidade é paga face aos resultados que obtém e que são pedidos e validados de forma rigorosa. O quarto instrumento esta mais ligado à economia que é um fundo para a inovação social, que basicamente vai movimentar capital privado para investir em projectos com impacto social e como geram receita que podem devolver a esses investimentos. Estou a falar de empréstimos, em facilitar o acesso a crédito por empreendedores e inovadores sociais, este último instrumento é um financiamento reembolsável e tem ser devolvido. Os três primeiros modelos, a capacitação, o cofinanciamento das entidades privadas e os títulos de impacto social são financiamentos a fundos perdidos.

Focou na sua apresentação que já existe uma intervenção no Norte, o centro e Alentejo. Há diferenças em termos de projectos sociais nessas diversas zonas de Portugal?
FS: Em termos de inovação social existe. Há planos sociais que são comuns, contudo, o Alentejo tem um problema grande de envelhecimento e de isolamento dos idosos e fraca capacidade de fixar os jovens. O Norte tem uma população que não é tão envelhecida e tem muitos jovens, alguns dos munícipios apresentam níveis ecónomicos mais baixos com dificuldades de dar emprego, mas em contrapartida tem muito potencial em termos de inovação e de energia das pessoas. O centro é um misto e tem alguns centros empresariais fortes.

E os projectos sociais são diferenciados por haver essas diferenças geográficas?
FS: Sim há alguma diferenciação em alguns dos projectos e eu diria que o Norte é a região mais activa na área do empreendorismo social, é a que tem mais projectos, porque tem um segmento jovem, muitas universidades que geram uma massa crítica, energia e ideias.

Também referiu que a economia social e inovação é uma das tendências globais. Este modelo económico surge com a crise e o facto do capitalismo falhar com as pessoas e daí ter surgido este novo ramo na economia global?
FS: Eu acho que a dinâmica do empreendorismo e inovação social criou-se e gerou-se antes disso, já nos anos 80 tem havido um crescendo e esforço dos empreendedores sociais e um certo interesse de alguns parceiros públicos e privados nesta área. Eu acho que de facto a crise económica de 2007 tem levado a um olhar muito mais atento ao trabalho dos empreendedores sociais e de tentar encontrar formas de os apoiar, porque se sente que é uma forma muito interessante para dar resposta a problemas que cada vez menos o Estado e o mercado tem conseguido dar. Eu acho que a crise nos últimos 8,9 anos tem aumentado o interesse pelo empreendorismo social, mas essa dinâmica já vinha de trás.

En relação à inovação em Portugal e a estas start-ups que surgem no mercado e já existem muitas nos EUA, como sei que deu aulas nesse país, nota diferenças entre portugueses e outro países onde esta forma de empreendorismo é mais acentuada?
FS: Sim, há algumas diferenças. Em países menos desenvolvidos que Portugal, na Latino América e na Ásia existe muito aquela ideia que hoje se fala de negócios sociais da base da pirâmide, ou seja, são nações grandes com muita pobreza e há necessidades que não estão satisfeitas e que em Portugal já existem. Por exemplo, como chegar com água canalizada, energia e medicamentos a centenas, milhares e milhões de pessoas que não acedem a esses serviços? Se conseguimos lá chegar com um modelo de baixo custo fazemos dinheiro, porque essas pessoas precisam desses produtos e podem pagar um pequeno valor pela saúde, pela energia, criámos negócios sustentáveis e essa é uma dinâmica muito própria dos países menos desenvolvidos. Na Europa e América do Norte, no chamado mundo ocidental, tem muito mais a haver em articulação com o Estado, de encontrar formas eficientes de prestar seviços que estão na óptica da política pública e tentar com essa inovação reduzir os custos que o Estado tem com esses problemas, ou seja, conseguir financiar o sector social ao desenvolver essas valências de forma mais barata do que criar uma estructura mais pesada e fazê-lo de forma univesal para todos. Eu diria que há diferenças em países como o Reino Unido em os modelos de financiamento de inovação social estão muito desenvolvidos comparados com países da Europa do Sul, mas eu acho que há um espírito comum em termos de empreendorismo na versão social, em particular, nos grupos mais jovens da população entre os 30 e 35 anos e que é muito comum em todos os países.

Referiu o apoio público nos países mais desenvolvidos. Quer dizer que a economia social nunca se pode abster do apoio estatal?
FS: Eu acho que em alguns casos pode, alguns modelos como referi podem gerir receita e por isso passam a ser sustentáveis no mercado. Aí claramente, nos países menos desenvolvidos essa é uma forma de abrir novo mercados para pessoas com baixo poder económico. Ao nível da Europa, muitas das áreas dígamos que estão a falhar são áreas onde o Estado devia actuar, na inclusão de pessoas com deficiência, no combate à pobreza e nas questões do desemprego jovem. A academia de código promove empregabilidade e é comercialmente sustentável, cruza uma necessidade do mercado com a necessidade dos jovens encontrar emprego, mas o combate a pobreza terá que ter algum apoio, ou pelo menos uma articulação com políticas públicas até para não haver duplicação. Essa articulação entre o Estado e a economia social deve existir e ser potenciada, os modelos de financiamento é que tem de ser mais trabalhados.

Até 2020 quais são os objectivos que tem estar concluídos nessa data?
FS: Em 2020 deveremos ter conseguido mobilizar este financiamento que temos em projectos de inovação e empreendorismo social e fazê-lo de forma onde se tenha criado mercado de inovação social, ou seja, criado dinâmicas de investidores que queiram continuar a trabalhar nesta lógica de investimentos e que não estejam dependentes de investimentos públicos, não queremos que em 2020 acabem os fundos europeus e tudo pare. Desejámos lançar as bases para que o mercado continue a actuar mesmo passado da fase do financiamento público e para isso contámos financiar directamente as iniciativas, mas também trabalhar com intermediários que cofinanciem esses projectos e deixa-las as fundações e aos investidores a identificação dos bons projectos, porque é mais sustentável do que nós estarmos ao nível de entidade pública a tentar verificar os melhores projectos.

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