
Situado na zona histórica da cidade do Porto, este edifício, que pertence à fundação da juventude alberga todos últimos sábados de cada mês as feiras francas, uma iniciativa que visa promover o trabalho de jovens designers portugueses, mas não só. É um espaço que dinamiza as residências artísticas, tertúlias e ainda é o palco privilegiado para os empreendedores do ninho de empresas, como nos conta a responsável pelo gabinete de comunicação, Filipa Paiva.
Como surgem as feiras francas?
Filipa Paiva: Foi o recuperar de uma tradição medieval, de umas feiras que eram feitas no largo de São Domingos, que tinham na sua génese a ideia de todas as pessoas exporem os seus produtos sem pagarem imposto. Daí o nome. Uma vez que o palácio das artes está instalado neste largo fazia todo o sentido recuperar a tradição, por estarmos no centro histórico da cidade e promover o que melhor se faz em português na área artística até porque este espaço é dedicado as artes, fábrica de talentos. Portanto, a ideia da fundação de criar este equipamento cultural é de apoiar os jovens deste país, dar-lhes alguma projecção, mostrar e poderem vender os produtos que criam e entrar em contacto com os outros de forma a obter, quem sabe, contactos maiores de empresas.
Como é que eles vêm ter convosco? Pelo que percebi também os contactam directamente.
FP: Certo. É feita alguma pesquisa obviamente. A gestora do projecto tenta perceber o que há de novos criadores em feiras, ou através dos jornais e revistas. Outros são convidados porque tem um grande impacto, mas ainda não possuem o reconhecimento de que gostariam e poderiam obter e muitos outros aparecem através de um jornal que criámos para mostrar a programação deste evento e esses entram em contacto connosco via correio electrónico, ou o telefone e depois é feita uma selecção.
Como é feita essa selecção?
FP: Abrange várias áreas criativas, desde as artes visuais, mobiliário, joalharia, moda, música, tudo. Tentámos englobar em cada feira um pouco de todas estas vertentes criativas para torna-la mais dinâmica e pegámos nas artes performativas para atrair as pessoas que estão na rua para dentro do palácio das artes. Muitas vezes o público em geral não sabe sequer o que esta a acontecer lá dentro, o facto de a escadaria ser imponente provoca uma certa resistência nas pessoas, não percebem muito bem o que o palácio tem para oferecer e as feiras francas ajudam a dinamizar o edifício nesse sentido. É uma das actividades mais relevantes deste projecto e a ideia é promover o trabalho destes jovens e dar-lhes alguma visibilidade.
Falando um pouco das actividades do Palácio das Artes, o que tem para oferecer aos jovens?
FP: O Palácio das Artes Fundação da Juventude nasceu para apoiar os jovens criadores/artistas a lançarem-se no mercado de trabalho. O nosso target é dos 18 anos até os 35 anos. Promovemos a autonomia destes jovens enquanto trabalhadores e empreendedores e faltava-nos a parte cultural. O nosso objectivo é elevar à cultura a outros níveis porque achámos Portugal tem um potencial imenso, assim como os jovens deste país. O projecto nasceu dessa necessidade de promover a cultura portuguesa, dos novos cursos que foram aparecendo, como o design que não existia há alguns anos e actualmente tem um grande impacto. A ideia foi sempre promover o trabalho desenvolvido por esses jovens que estavam postos de parte e são vistos como uns entretainers, daí a necessidade de promove-los.
Mas, não é a sua única faceta. O Palácio das Artes apoia os jovens de outras formas.
FP: O Palácio das Artes para além das feiras francas tem um espaço de tertúlias que acontece todas as últimas quintas-feiras de cada mês. Cada conversa tem uma temática, um debate sobre uma ideia, um conceito. É aberto a toda a gente e no fundo promove a participação cívica das pessoas da cidade e de fora também. Temos ainda as residências artísticas para os jovens que se queiram candidatar a um projecto. Tem um período de 3 anos para estarem cá e fazemos a ponte do seu trabalho com as feiras francas, com as tertúlias, no fundo criar aqui uma série de ligações e sinergias com vista a obter uma maior visibilidade. Todas as actividades e equipamentos que possuímos vão ao encontro dessa meta.
Mas, não se limitam a disponibilizar o espaço, também os ajudam na criação de empresas?
FP: Exacto. A Fundação da Juventude tem uma incubadora de empresas, que esta sediada na rua das flores. As pessoas podem por um valor simbólico, bem abaixo do praticado no mercado, ter acesso a um gabinete onde podem instalar a sua empresa. Ao contrário das residências artísticas que são mais um trabalho de equipa, o ninho de empresas não se limita ao âmbito cultural é muito mais abrangente. Tem também um período de 3 anos em que as pessoas se instalam nesse espaço, daí o que promovemos é uma rampa de lançamento para o seu negócio, que vai para além de um projecto artístico.
Nas delegações funcionam também as incubadoras de negócio?
FP: Nós tínhamos um ninho de empresas em Lisboa, mas como tivemos de mudar de instalações, por o espaço não o permitir, temos uma área para cowork, é um open space para as pessoas poderem trabalhar, ou seja, não tem acesso a um gabinete, tem uma mesa e podem estar em rede, é o “space for you”. Na Madeira temos uma delegação, mas neste momento nenhuma destas iniciativas está a ser potenciada.
A ideia é expandir essas incubadoras e feiras para as restantes delegações?
FP: Sim, se bem que o núcleo duro esta no Porto, uma vez que a sede é nesta cidade. Temos contudo a ideia de expandir alguns projectos ao nível nacional, há um programa de estágios para jovens universitários em empresas. Existe um concurso para jovens investigadores direccionado para os alunos de ensino secundário, isto apesar das delegações não terem um equipamento de grande porte, o objectivo é estar presente e fazer a divulgação de projectos, mas não estar fisicamente no local para o levar ao cabo.