O teatro, sendo outro dos vectores da confederação, procura veicular novos autores, novas cenografias e formas de encenação, porquê? Ou não?
MR:O Teatro é-me coisa muito difícil de falar. É um parto para mim, de uma dureza imensa. Demorado, calculado. Eu amo o Teatro. E o Teatro é coisa de suma importância. A História diz-nos isso. Estou certo? Procurar o novo, aquilo que seja novo para nós… é como a surpresa constante. Queremos ser felizes a pensar o Teatro, e quando nos surpreendem, nós de algum modo experimentamos algo cá nos fundos, que nos transforma, mesmo que momentaneamente. É esse ponto que nós queremos. Ser surpreendidos pelos outros, e ao exigir isso desses mesmos outros, queremos também cumprir essas surpresas
Quem é o vosso público? O facto de estarem localizados numa das zonas histórias da cidade do Porto tem algum peso nessa matéria?
MR: Ontem estreamos o nosso novo filme “Lenda de Miragaya” e ficamos tremendos, pois a casa estava cheia, com um público inteligentíssimo, com opinião, com pensamento, com vivências… mas plural nas suas origens, motivações etc. Público-alvo não temos, na verdade é coisa em que não acredito de todo. Eu não gosto de público, eu gosto daqueles que Augusto Boal definiu tão bem, gosto de espectatores.
Foram um dos parceiros do Manobras, o que retiram desta experiência de dois anos?
MR:A bem da verdade o Manobras não nos veio alterar muito o movimento, pois nós já cá estávamos, e de todo o modo continuamos na caminhada. A equipa do Manobras teve imenso respeito por isso, e aliaram-se a nós de modo a potenciarem ainda mais o percurso feito em Miragaia.
Fala-me um pouco daprograma que tem agendado para 2013.
MR: Eu não sei se Portugal temos para 2013. Queremos deixar tudo em aberto, para uma luta que se quer urgente. Vamos continuar a pensar-nos e a agir-nos. Vai ser um ano desgarrado. Existem coisas em mente que vamos fazer, mas como isso é um trabalho de grupo, eu não me sinto na legitimidade de abrir o jogo agora.
Qual o futuro da confederação?
MR: Temos saudades dele. Por isso corremos para não o deixar fugir. Eu acredito no futuro. O sol vai nascer igual a ontem, o resto depende de nós, cidadãos, acreditarmos que fazemos parte desse futuro.