
Há 13 anos atrás surgiu um evento literário que marcou a agenda cultura do nosso país, as correntes d’escritas. Um encontro entre os escritores e os seus leitores que visa incentivar a conversa sobre livros, questionar conteúdos e reflectir sobre a literatura. A iniciativa do pelouro da cultura da Câmara Municipal da Póvoa do Varzim tem vindo, ao longo do tempo, a crescer não só no número de participantes, como de pessoas, sobretudo jovens que querem abordar as palavras, lê-las e critica-las, como afirma o vereador e membro da organização, Luís Diamantino.
Passados 13 anos quais são as metas que ainda restam por cumprir as correntes de escrita?
Luís Diamantino: Um evento como o Correntes D’Escritas tem como catalisador: a ambição. Pretende chegar sempre mais longe, nunca perdendo de vista os dois grandes objectivos: promover o livro e a leitura, sobretudo junto dos mais jovens.
Qual é o feedback que percepcionam do público ao fim destes anos? Há uma grande adesão dos jovens?
LD:O público tem participado de tal forma, que é o principal animador e incentivador deste encontro. Para ouvir falar sobre literatura, há filas de espera para entrar no auditório. Temos cada vez mais jovens a participar nas mesas e presentes no público, mas nunca esquecemos de levar os escritores a todas as escolas do concelho, onde são muito bem recebidos e estudados. Recebemos, também, escolas de outros concelhos.
Lê-se muito pouco no nosso país. Acha que era salutar haver mais eventos como este para promover a leitura? Nota isso no seu Concelho?
LD: Na Póvoa de Varzim, tem havido um trabalho muito forte na promoção da leitura, temos uma grande produção editorial, uma grande feira do livro, levamos a biblioteca às escolas, à pediatria do hospital, aos lares de idosos, às ruas, aos jardins… Criámos polos da Biblioteca Municipal nas freguesias do concelho e fomos dos primeiros municípios a criar as bibliotecas de praia. Em Portugal, edita-se cada vez mais, por consequência entendo que se lê bem mais. Após o nascimento do Correntes, verificámos o aparecimento de outros encontros literários, o que veio enriquecer o panorama editorial nacional. Na Póvoa, existem muitos leitores e cada vez mais escritores, sobretudo jovens.
Desde a primeira edição, pode destacar alguns dos momentos mais marcantes deste evento literário?
LD: Foram tantos os momentos com temas, pessoas, livros e leitores!
Qual é o escritor/a que ainda não fez parte deste evento e que gostaria de receber? Porquê?
LD: Gostaríamos de receber os que ainda não vieram e gostamos de receber todos os que por cá já passaram. Aqui a estrela é o livro.
Nos debates tem surgido algumas polémicas relacionadas com a validade literária de alguns dos convidados. Qual é a posição da organização nesta matéria?
LD: Polémicas?! Desconheço. Quem convida é a organização. Sem polémicas.
As correntes de escrita pretendem criar parcerias com outras autarquias como forma de promover ainda mais este encontro literário e de que forma?
LD: Como já disse, depois do Correntes têm surgido encontros literários um pouco por todo o país, alguns deles não escondem a relação com o nosso encontro. Desde o primeiro momento, temos parcerias com várias instituições como o Instituto Cervantes, o Instituto Camões, a Fundação de Serralves, o Casino da Póvoa, Porto Editora, várias embaixadas, SPA, etc. Neste momento, estamos a estudar uma parceria com o Teatro Nacional D. Maria II.
Qual é o futuro das correntes de escrita?
LD: Como se verificou na última edição, quando se pensava que o evento seria esmagado pela crise, nós apostámos bem mais na qualidade do que na quantidade (menos um dia), tivemos mais apoios, pois não ficámos de braços cruzados e arranjámos mais patrocinadores. Tivemos mais público, muita atenção dos meios de comunicação social. Quando já temos pessoas que tiram férias para estarem presentes no encontro, pensamos que vale a pena continuar a trabalhar. Até porque o futuro é já amanhã.
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