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A sibila

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É um livro que percorre três gerações de mulheres da mesma família, as Teixeiras. É um romance literário que fala de vida, luta e morte. É um dos maiores clássicos da literatura portuguesa, escrita por Agustina Bessa Luís.

Falar da Sibila é falar da Quina, a dona e senhora da Casa das Vessadas. É uma das personagens femininas mais marcantes da literatura portuguesa. Agustina Bessa Luís gosta de escrever sobre mulheres, do universo em que se movem, das forças místicas que as acalentas e as dúvidas que as perseguem. A sibila é intensamente feminino se é que podemos dizer isto. São várias as personagens que povoam esta publicação, mas as mais marcantes são elas, as mulheres. E por isso que gostei tanto de ler este livro.

Maria da Encarnação é o princípio dessa viagem a um universo onde as mulheres estão cingidas ao mundo fechado do seu lar, mas que acaba por deixar a sua marca. Seguimos-lhes o percurso que passa pela amor as suas raízes e ao infiel marido, gastador compulsivo. Depois temos a Joaquina Augusta, a sibila, que gere o legado familiar com pulso de ferro, e em particular um local, a Casa das Vessadas da qual se considera guardiã. É uma personalidade fascinante porque apesar da sua fragilidade física é ela que comanda o destino desta família com a ajuda dos seus poderes sobrenaturais. E por fim Germana, a solteira, intelectual que é a futura herdeira deste território quase feudal e a nossa narradora. Todas elas assumem a sua responsabilidade perante a adversidade de uma forma maternal, protegem os seus e os que delas dependem. Mesmo aquelas que não  geram descendência. Tudo é canalizado em prol da casa que tanto amam e da terra que defendem com unhas e dentes. É também a história de um certo estilo de vida ligada a ruralidade e a um passado profundamente nacionalista.

Uma vez li e não me recordo quem o escreveu, mas devia ter sido um crítico literário que dizia que, nos grandes clássicos de literatura verificava que as melhores personagens femininas eram escritas por homens, dando como exemplos, Madame Bovary, Anna Karenina e Lady Macbeth. Do lado feminino, justifica a sua tese, com o Monte dos Vendavais, através do Heathcliff, em Orgulho e preconceito com o Mr. Darcy e o Poirot de Agatha Christie. E isto tudo para dizer o quê? Que ao contrário deste crítico, e julgo que devia ser britânico pela escolha literária, parece-me redutor falar de um tipo de descrição primorosa baseado no sexo do escritor. E apesar do argumento fazer sentido, eu acredito que ele nunca leu Agustina Bessa Luís. Bastava que ele começasse por este livro. Ela escreve sobre mulheres fortes, com fragilidades como qualquer ser humano, sensíveis até em muitos aspectos, mas fala delas de forma exímia e inesquecível. E se continuarmos a ler outras obras, iremos verificar isso mesmo, a escrita no feminino de Agustina remete-nos para personagens simplesmente sem igual. Boa leitura.

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