É o primeiro romance do poeta Eduardo Pitta que retrata um Portugal escondido no armário, ou talvez não.
É um livro que obedece a uma tónica narrativa muito fluida, lê-se num fôlego, tem uma escrita nervosa e candente que alimenta o interesse do leitor até a última página, poderia ser até uma peça de teatro. Cidade proibida é o retrato de um certo Portugal privilegiado escondido através das convenções sociais, que no limite, é intolerante, mas finge que não é. O autor, Eduardo Pitta é o primeiro escritor português que aborda a homossexualidade de uma forma clara e sem pudores, e não deduza caro leitor que pretendo aludir uma potencial descrição gráfica do que se pode denominar como comunidade gay, nada disso, trata-se de um livro que aborda a vida de um homossexual no seio de uma família tradicional. A linguagem é enxuta de metáforas, o que me agradou nesta leitura, embora a construção das personagens seja um tanto quanto superficial. É a visão de um mundo muito particular, através de uma narrativa que nos remete para um universo privilegiado, desconhecido pela maioria dos portugueses. Raramente um autor português escreve sobre esta temática da homossexualidade de forma tão aberta e isso torna a leitura atractiva. Não é polémico, não é despudorado na linguagem, é apenas um livro agradável. Boa leitura!