Um romance de Dulce Maria Cardoso.
É uma escrita em cascata, como se as palavras estivessem em permanente movimento, acontece sobretudo, por causa do estilo de narrativa que não possui pontos finais. Dulce Maria Cardoso não pretende de forma alguma copiar o estilo de José Saramago, não é nada disso, existe pontuação, o que é inovador é a forma como apresenta à Violeta, o personagem principal, no seu permanente desassossego, que se reflecte na forma como escreve cada frase, onde nada é o que parece ser. A narrativa é uma torrente de acontecimentos quase irrevogáveis que desembocam num não-final, se é que se lhe pode chamar assim, inusitado. Antes de começar a ler urge que se livre de todos os seus preconceitos relativos à leitura, sim é isso mesmo, a forma como encara um livro, como espera que a trama se desenvolva ao longo de várias páginas em diversos capítulos bem compartimentados e com um final adequado, não tem nada a ver. Este romance é pura e simplesmente desconcertante e não é para os fracos de coração. Não é uma leitura difícil, requer é uma certa persistência, um gosto para além do racional pelas palavras e pelas emoções fortes. É um livro ao estilo da Dulce Maria, é assim que o defino. Poderia ter escolhido outra sugestão, mas paciência, aprecio "os meus sentimentos" pelos rasgos de genialidade. É um daqueles que dói, que faz pensar e questionar tudo. E pensava eu, que já tudo tinha sido escrito. Nada mais errado. Ainda bem. Boa leitura