Um olhar sobre o mundo Português

 

                                                                           

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Miguel, o insubmisso

Escrito por 

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Súplica

Agora que o silêncio é um mar sem ondas,
E que nele posso navegar sem rumo,
Não respondas
Às urgentes perguntas
Que te fiz.
Deixa-me ser feliz
Assim,
Já tão longe de ti como de mim.

Perde-se a vida a desejá-la tanto.
Só soubemos sofrer, enquanto
O nosso amor
Durou.
Mas o tempo passou,
Há calmaria...
Não perturbes a paz que me foi dada.
Ouvir de novo a tua voz seria
Matar a sede com água salgada.

 

O dia Mundial da Poesia foi ontem, de qualquer forma quero homenagear o escritor, ensaísta e também poeta de Coimbra, Miguel Torga. Através de um dos seus mais singelos livros, os novos contos da montanha.


A escrita de Miguel torga, pseudónimo de Adolfo Correia da Costa, teve sempre uma forte carga emocional . Os novos contos da Montanha são disso prova. Este livro retrata o quotidiano do povo , das almas penadas como lhes chama, do Portugal serrano descrito pelo do autor, nascido no Norte profundo, que nunca esquece as suas origens. Não espere desta obra uma epopeia literária, leia com respeito e compreensão, porque como o próprio escritor refere no prefácio, justificando a necessidade que sentiu em retratar este mundo transmontano e cito: "Prometi isso porque me sentia humilhado com tanto surro e com tanta lazeira, e envergonhado de representar o ingrato papel de cronista de um mundo que nem me pode ler".

O tal mundo rural que descreve neste livro, é o país dos anos 60, pobre, isolado e analfeto que tanto o comoviam, e ao mesmo tempo entristeciam o escritor. Como podemos ler esta obra? Como quisermos, podemos abri-lo em qualquer dos contos e deliciar-nos com as singelas personagens que desfilam pela escrita de Miguel Torga. Trata-se uma leitura fácil e acessível para o leitor e um clássico da literuratura portuguesa, muitas vezes esquecido, mas que não deixa de emociar-nos pela delicadeza e ao mesmo tempo crueza como descreve os seus irmãos serranos. Destaco três dos personagens que mais gosto, a Mariana , o pastor Gabriel e o Alma grade, cada um destes contos descreve as pessoas que viviam nas serranias e a sua maneira de estar na vida dominados e despendentes da natureza, dos seus animais e das suas crendices. Longe de tudo, do poder, da política que nada lhes dizia e onde a igreja dominava, porque o dia-a-dia era uma labuta constante pela sobrevivência. Espero que gostem e leiam sempre... uma e outra vez. Boa leitura

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