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O bazar alemão

Escrito por 

bazar

É a mais recente obra de ficção da escritora madeirense que aborda um período conturbado da historia do século vinte, a segunda guerra mundial, num contexto diferente do habitual. É a história da presença de nazis numa ilha perdida algures no Oceano Atlântico.

Sempre gostei de romances históricos porque, por norma os escritores têm sempre o cuidado de contextualizar as figuras principais do enredo num tempo e espaço o mais próximo dessa mesma realidade. Romanceiam a interacção entre os personagens, mas isso torna a narrativa mais interessante e ajuda a “prender” o leitor. Quando a escrita é fluída e clara, sentímo-nos transportados para essas paragens sem nunca lá ter estado. Descrevem o quotidiano das gentes, os objectos e os gestos que nos são estranhos, mas que ajudam à narrativa. “Viajamos” sentados no sofá e esse deleite que só os melhores nos fazem sentir. Por isso, quando pela primeira vez dei de caras com esta publicação fiquei deveras surpreendida e intrigada pelo título. A seguir fiquei ainda mais assombrada com o enredo, uma vez que, desconhecia esse capítulo da história da Madeira.

A minha noção da 2ª Grande Guerra foi-me transmitida pelos meus pais, que recordavam uma infância pautada pela grande escassez de víveres na ilha na altura, e mais, uma má recordação olfactiva que acompanhou, em particular, o meu pai, com os famosos candeeiros com óleo de baleia. Até hoje quando fala sobre esse período, recorda que não podiam ter as luzes acesas, as janelas eram cobertas com lençóis escurecidos para não deixar passar a mais pequena franja de luz, já que os aviões de guerra sobrevoam a ilha e a única forma de iluminação aceitável, disponível e barata, era alvo do desagrado de todos devido ao seu cheiro nauseabundo, mas não me recordo de nenhuma referência aos nazis. Aliás, foram esses os motivos que me levaram a ler este livro. E pela primeira vez, se levanta o véu de uma sociedade Funchalense que até então desconhecia, uma vez que, as reminiscências de que falei eram no meio rural de onde os meus pais eram originários, e como a política também chega a um ponto aparentemente algures perdido no Oceano Atlântico.

A Helena Marquês conta-nos com rigor, a história dessas várias personagens que se cruzam em vários pontos da ilha e das suas fragilidades como seres humanos. A acção centra-se nas acções de intimidação perpetuadas pelos Nazis em solo madeirense e a perseguição que encetaram aos judeus locais. Leiam e deliciem-se. É quase num fôlego. E mais não digo, para isso terão de o ler! Boa leitura.

 

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