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Os maias

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É uma das maiores obras-primas da literatura portuguesa. Retrata o Portugal dos brandos costumes. As idiossincrasias de uma época. O amor lírico entre Carlos e Eduarda.

Sou suspeita para falar sobre esta obra de Eça de Queiroz. Gosto tanto deste livro que o releio com frequência, nas alturas mais estranhas. Largo tudo e mergulho na história do casarão do Ramalhete. Do solar da amaldiçoada família Maia. É um grande romance. Reflecte a nossa forma de ser como povo um tanto trágico-cómico, um tanto sarcástico, um tanto provincial, um tanto triste e resignado com o seu fado. Vamos às personagens. Pessoalmente, embora, tenha um certo carinho pelo par romântico desta história, na verdade não são os personagens que eu mais aprecio.

O avô, o Afonso, no meu ponto de vista, condensa as melhores características dos portugueses. A sua grande generosidade, um certo orgulho, coragem e teimosia, envoltos numa camada de ternura e de compaixão. Um homem fiel as suas origens. Leal com amigos. No esprecto oposto, temos o pseudo-poeta, o Ega. O mulherengo charmoso. Sempre com os gestos certos e as palavras meladas na ponta da língua. O típico malandro português que, não almeja verdadeiramente trabalhar, mas sim viver à custa dos outros, da fama como galã e quiçá ser escritor nos tempos livres. Amaldiçoado pelos maridos e sempre abençoado pelas mulheres, mesmo por aquelas, que apenas o lêem. Justificámos todas as peripécias em que se envolve. Perdoámos-lhe tudo. Vai-se lá saber porque! A terceira personagem, que de forma alguma podemos contornar, é o Ramalhete, a casa dos Maias. As suas paredes reflectem as várias cadências da tragédia familiar que se avizinha e que culmina com a morte do patriarca. A sua decadência é o sublimar da trama dramática, muito ao gosto do autor, que com uma escrita perversa e ao mesmo esplendorosa, faz sofrer intensamente todos os seus personagens. Diria até que Eça era um tanto masoquista e brilhante ao mesmo tempo. De lírico, pouco ou nada. Boa leitura.

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