É um livro inspirador e sarcástico sobre os portugueses e as suas idiossincrasias.
Miguel Esteves Cardoso, para além de jornalista, é um autor. Como ele próprio o diz, “um escritor que realmente o seja há-de sempre escrever”. Uma afirmação, que lhe assenta como uma luva. Ele é um observador atento, talvez por inerência profissional, das contradições que se manifestam na cultura portuguesa, através de uma linguagem mordaz, irónica e sem papas na língua. Ele descodifica também, os nossos comportamentos sociais e dá-lhes um nome, ao seu gosto pessoal, o que torna os textos ainda mais cáusticos e divertidos. A sua escrita é deliciosa pelo simples facto de muitas das vezes assinalar o óbvio e isso como povo diverte-nos. Também desmoraliza a classe política e isso agrada mais as hordas de leitores que o seguem. É o meu caso e não falo apenas das caricaturas que faz dos supostos eleitos livremente pelo povo, mas também de nós, os portugueses em geral. O que tem este livro de tão especial? Ao lê-lo, é impossível não termina-lo sem uma valente e sonora gargalha. Bem, talvez no seu caso, seja mais um sorriso rasgado. Estas crónicas foram publicadas no jornal expresso, e segundo as suas próprias palavras: “as melhores são aquelas que apanham o ar dum momento e se expõem a ele. Morrem constipadas no minuto seguinte. As crónicas que vêm menos a propósito são geralmente mais maçadoras e aguentam-se mais tempo. Mas, mesmo estas não podem virar a cara ao vento. Quando viram acabam por indicar, indirectamente de onde sopra. Tenho a impressão que é este género de crónica que prefiro”. Eu também tenho a impressão, ou melhor afirmo, que os textos do MEC (como é carinhosamente apelidado em Portugal) são os meus preferidos neste tipo de género jornalístico. Espero que sejam os vossos também. E como provocação, comecem a ler, depois do prefácio, claro está (e não falo por acaso!) na página 9, a crónica sobre os fidalgos, queques e betinhos. Boa leitura!