Franciso Pires Keil Amaral, viveu dois anos na ilha da Madeira por motivos profissionais e dessa estadia surgiu um livro com as ilustrações inspiradas a partir do elucidário madeirense, um compêndio sobre vários temas relacionados com o arquipélago. Uma edição de autor de 1996, dos quais sobraram 160 livros que passaram desapercebidos pela censura marcelista. São ilustrações bem humoradas e irreverentes sobre o estilo de vida dos ilhéus e de certa forma críticas ao regime da época que ainda se mantém actuais e que estão exposta até 28 de Fevereiro na Porta 33 e das quais nos falou Maria Lira, esposa de Pitum.
As ilustrações pelo que percebi são todas a partir do elucidário madeirense, mas não só.
Maria Lira: Sim, ele pegou no livro, leu os textos escolheu alguns e ilustrou. Contudo, numa das salas da Porta 33, estão os desenhos que fazia para o chamados jornais cor-de-rosa da época, só existiam quatro que conseguiam fugir um pouco à censura, que era o Comércio do Funchal, o Jornal do Fundão, o Diário de Notícias de Lisboa e o Notícias da Amadora. Eram todos muito jovens e o Pitum colaborava com eles.
Em 1969 foram publicados.
ML: Ele mostrou os desenhos ao presidente da Câmara da época, que foi o Fernando Couto que gostou muito e apoiou a sua publicação.
Então porquê ficaram todos estes livros guardados até agora?
ML: Porque o Fernando Couto demitiu-se logo depois do plano director de urbanização do Funchal ser aprovado. As pressões das pessoas e interesses instalados foram tantos, ficaram todos furiosos, porque não conseguiam fazer as negociatas que queriam e ele acabou por desistir, apesar do plano estar bem feito para que a cidade pudesse crescer harmoniosamente e quando um presidente de Câmara se demite o que vêm a seguir muda tudo, é o costume.
E os livros então ficaram guardados.
ML: Muitos ainda foram vendidos no gabinete de turismo, mas os restantes levou-os todos para Lisboa onde ficaram guardados em casa até agora.
O que levou a ressurreição desta relíquia literária?
ML: Foram os nossos amigos da Porta 33, o Maurício e a Cecília, que através da Lurdes Castro, fizeram a reedição do fotonovelo "o amor purifica" e "o tratoário azul" que foram apresentados o ano passado.
Quando olha para este livro o que pensa?
ML: Que são ainda muito engraçados e actuais.
É um humor muito requintado mesmo para os censores da época.
ML: Sim, achavam graça e passavam despercebidos, como eram brincadeiras, não ligavam muito.
Tem um preferido?
ML: Não, gosto de todos, contudo a primeira ilustração é esteticamente muito bonita (no topo da página). Contudo, são desenhos muito sóbrios, só a preto e branco. Ele nunca usou cor. Agora esta a fazer um série de desenhos para um livro que esta a escrever e também gosto deles todos.