É a confirmação do talento de Gonçalo M. Tavares como um dos maiores escritores da actualidade.
O livro é uma epopeia, não de um povo, mas de um único indivíduo, o Bloom, que decide encetar uma viagem até a Índia à procura da redenção, que não encontra no seu espaço interno. É uma fuga em frente, que acaba por ser exercício literário complexo, já que o autor astutamente, intercala esta jornada mais espiritual que física com poesia, com a ideia subjacente dos lusíadas só que ao contrário. Tudo acontece ao Bloom, num conjunto de 1102 estrofes e dez cantos. Tal qual Camões, Gonçalo M. Tavares, culpa, enxovalha, baralha e glorifica um herói, ou será anti-herói? Como sempre, vou ser mais uma vez uma desmancha-prazeres e deixar o leitor decidir. Não é uma leitura fácil. É inovadora em muitos aspectos, tem uma musicalidade inerente que marca o compasso da acção, como se fosse uma batuta, imprime-lhe drama, o escritor não nos deixa esquecer o motivo que leva a personagem principal a encetar uma viagem, quase anti-natura ou não. Leia e reflicta. Boa leitura!