A Cheyenne marcou toda uma geração de jovens portugueses que não prescindiam desta marca de calças de ganga. Após uma má gestão que culminou com a falência da empresa, esta conceituada marca nacional ressuscitou o ano passado, sob os auspícios de uma nova direcção, com uma nova imagem mais desempoeirada que aposta em duas vertentes: no vintage e na inovação.
Como é que se inova numa coleção da Cheyenne?
Débora Sarmento: Sou criativa na área de vestuário de marca Cheyenne, é a seção da qual sou responsável. Só não faço as calças ganças, estou encarregue de criar as malhas, tricots, as t-shirts e os casacos. Inovo através da utilização de materiais mais recentes, da cor, das novidades têxteis e nos tingimentos.
Esses materiais novos ondes vais busca-los? Onde começa a tua pesquisa?
DS: A pesquisa começa na “premier vision”, na feira de tendências e a partir daí também vou à procura de outro tipo de influências e materiais que posso inserir nas coleções.
Em média quantas peças desenhaste para a coleção de verão 2012?
DS: Duzentos modelos. Vou apostar em jardineiras com riscas e remendos, em denim, que é uma das novas tendências. O perfecto para senhoras, é um casaco tipo aviador que uma das imagens fortes de esta estação e ainda imensos vestidos com flores pequenas e grandes. Para homem, criei parkas, casacos a marinheiro e em estilo biker com nylons leves e pormenores fluorescentes. Nos tons em ambas as coleções usei os verdes menta, o sorvete e o morango. São frescas. Mantém-se os blocos de cores, por exemplo, o anil forte e azul elétrico. As tonalidades mais empoeiradas, como o índigo, as ferrugens, os pastéis, o roxo e o fúcsia.
O que escolheste para a nova estação que se avizinha?
DS: Para a estação de Outono-inverno de 2012/13 já vou criar tanto para mulher, como para o homem. As malhas serão confeccionadas de acordo com as cores das tendências. Escolhi em termos de tons os mostarda, o marinho, roxo e os laranjas porque é uma cor da Cheyenne. As malhas que escolhi incluem os jerseys, viscoses e um tecido de carbono para dar um ar mais de invernoso.
Qual é o novo público-alvo da marca em termos femininos?
DS: É uma mulher moderna, sofisticada, discreta, que gosta de sair á noite e de estar na moda. Como é uma marca de denim, tem um espírito vintage. Em termos de faixas etárias abrange desde os vinte até os 40 anos. Há peças para todas as ocasiões, não nos limitámos a uma visão que envolve apenas o casual wear.
Em termos masculinos como é que conceito se reflecte?
DS: A colecção de homem também reflete os temas que abordei anteriormente, com diversos pormenores nas camisas, nomeadamente, tapa-costuras, tecidos diferentes nos malhetes, nas carcelas, nos punhos para contrastar.
Desta colecção o que destacas mais?
DS: O seu espirito vintage. É uma onda que abarca o denim, com uma entidade urbana. A aposta numa coleção abrangente que pode ser usada por vários tipos de pessoas quer de dia, quer á noite. É Cheyenne, mas vai mais além. Tudo mudou, daí a aposta numa mudança.
Esta coleção de inverno já com o teu look e com uma nova gerência aposta nas lojas?
DS: Sim. As colecções estão á venda no outlet e uma das maiores apostas é a loja no Mar shopping, só com a marca Cheyenne. Outra que se mantém é a venda online, mas também comercializámos a colecção nas lojas multimarcas.
Como tem sido a recepção do público a esta nova Cheyenne?
DS: As pessoas ainda não notaram verdadeiramente. Muita gente vai à loja, porque se lembra da marca mais antiga, dos jeans. A marca continua a ter um bom nome e uma imagem muito forte.
A antiga marca exportava, actualmente tem algum cliente estrangeiro?
DS: Sim, continuámos a vender para França, Espanha e claro, o mercado nacional.