Então é mais fácil de obter essas peças diferenciadas no estrangeiro?
RN: Sim, infelizmente é uma luta que tenho, assim como outras pessoas. Eu por mim se pudesse só comercializava produtos portugueses, porque existem, são excelentes e já os comercializei inclusive, só que a realidade em termos de negócio é muito mais rentável ao adquirir marcas com preços mais competitivos, são peças giras e com uma qualidade razoável. Em Espanha há muitas com essas características.
Recentemente começastes nas malas, já pensaste numa terceira componente para a “Alice in the mood”?
RN: Eu pensar já pensei, só que tento não arriscar muito e fazer as coisas devagar. Eu gostava de incluir sapatos, que é um risco enorme, porque uma coisa é uma camisola que fique mais folgada ou menos, outra coisas é enviar sapatos, escolher o número adequado e se não servir, volta para atrás e actualmente existem empresas vocacionadas para a venda do calçado que funciona lindamente. Eu acho que cada macaco no seu galho.
Quando criaste o teu pequeno negócio a tua primeira opção foi sempre que fosse online? Porquê?
RN: Sempre, por várias razões. A primeira, porque a Alice é uma ocupação, eu tenho uma profissão, de outra forma seria complicado, porque teria de contratar colaboradores obviamente. Depois o facto de ser online funciona lindamente, embora haja sempre complicações que o físico evita, estamos cá para as resolver. Depois há a questão física, o facto de não ter uma loja em termos de lucro é uma grande vantagem. O não ter de pagar um aluguer, luz e água faz muita diferença.
Consegues traçar um perfil das mulheres que compram as peças da “Alice in the mood”?
RN: Consigo traçar dois perfis. Á medida que a Alice foi crescendo consegue-se fazer um perfil das mulheres que vão comprando as peças e o que gostam. É uma mulher entre os 30 e os 40 anos que gosta de peças divertidas para levar a um ou dois eventos que marquem e depois muita delas tem filhas, primas e enteadas. São também mulheres jovens que estão no facebook e são elas que muitas vezes pedem as mães para comprar e as mães acabam também por comprar para elas. Há sempre peça com uma linha mais jovem e mais descontraída, os leggings, as calças de ganga para as mais novas e tenho outras roupas mais clássicas de fácil conjugação, porque a ideia é sempre essa. Não há apenas um perfil.
Tens alguma peça que tenha sido a mais emblemática das colecções todas que apresentaste?
RN: Tenho definitivamente. Uma camisola que já não existe era enorme e redonda, e tinha uma caveira enorme na frente. Foi uma peça que se evidenciou porque foi usada por uma daquelas bloggers que movem muitas pessoas e portanto, quando ela colocou um post dela com a camisola vestida, devo ter tido por volta de 500 encomendas e depois como eu quero que a Alice seja exclusiva, há um número máximo de peças. Nunca vem mais de 50.
Isso resulta de uma escolha pessoal, é assim que decidistes que seja?
RN: Exactamente. Por duas razões, eu alimento o conceito da exclusividade e é óbvio que tenho clientes em Portugal inteiro e na Europa e eu sei que não encontrámos 4 clientes com a mesma camisola em Lisboa, mas a ideia é sempre essa adquirir o mínimo. Depois como as pessoas sabem que há um número finito de peças, há uma reacção muito mais rápida. Eu pus a colecção há dois dias e já esta quase esgotada. Não passa pelo pensar primeiro e comprar depois, a escolha foi minha nessa matéria.
Para além das portuguesas que outras clientes fazem parte do mundo da Alice?
RN: A Europa toda praticamente. Tenho clientes de outros países, opto por não enviar para fora da Europa, embora os EUA seja relativamente acessível. Para o Brasil é muito difícil, tenho duas clientes, mas é complicado porque as peças ficam na alfândega presas por muito tempo e depois elas queixam-se que não as recebem, mas eu envio, só que a encomenda chega um mês depois e Angola não correu muito bem, por isso evito enviar para fora do espaço europeu.
Porque “Alice in the mood”?
RN: Na prática é a conjugação da Alice in Wonderland com a Alice dos nossos diferentes moods. Hoje apetece-me estar tranquila, mas amanhã posso sentir-me mais sensual. Todas temos os nossos géneros diários e até vários no mesmo dia. É uma conjugação do que somos como mulheres e do país das maravihas.