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Molduras em movimento

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Jorge Rosa acalentou um sonho que se transformou em realidade, por um acaso do destino. Sem perder tempo, apostou na criação de uma marca de t-shirts de edição limitada, que tem arrecadado grande sucesso junto do público nacional e internacional. Walking frame é um conceito de autor, que pretende mostrar ideias de uma forma confortável e acessível para todos os tipos de pessoas.

Fala-me um pouco do conceito da tua marca?

Jorge Rosa: Se calhar é melhor eu contar um pouco a história de como tudo aconteceu. A paixão pelas t-shirts sempre houve, a vinte anos um amigo ofereceu-me um kit para pintar tecidos, era para miúdos, foi uma brincadeira e eu adorei. A partir desse momento transformou-se num sonho. A ideia que tive era criar edições limitadas para o mercado, mas era muito complicado naquela altura, ou fazia-as à mão, ou pintava-as uma à uma. Havia o processo de transfer, que não tem grande qualidade e a serigrafia que só se justifica quando mandámos fazer 200 ou mais t-shirts. Felizmente, apareceu uma máquina que era o que eu pretendia, permitia fazer apenas pequenas quantidades, para uma reprodução mais industrializada este processo não funciona. Na altura, eu trabalhava para pagar as contas. Lidava com telemóveis. Entretanto, a empresa faliu. Fiquei desempregado e decidi que era agora ou nunca. No primeiro ano, a marca começou em casa, eram caixas e caixas empilhadas, já ninguém conseguia viver naquela casa e só tinha vendas on-line. Mas o que acontece? O português gosta de sentir, de tocar os tecidos e ainda subsiste uma certa desconfiança em relação as compras on-line, é do género, será que chega? Será que é um esquema para me roubar? Ainda há esse tipo de mentalidade. O projecto estava a funcionar, mas não tinha tanta saída, não havia como. Fui até Lisboa e ao Porto mostrar o meu trabalho e felizmente encontrei lojas que estavam dispostas a representar a minha marca. Depois pensei, se eles conseguem vender o meu produto e subsistir, eu também consigo. Foi quando encontrei esta loja. Tenho-a a cerca de oito meses.

Porque escolhestes esta zona? O que te atraiu?

JR: Foi por acaso. Procurei lojas no centro da cidade, mas as rendas eram muito altas. Depois vi um anúncio no jornal, de um espaço na zona velha do Funchal. Ao princípio estive reticente, porque até bem pouco tempo, esta área não era tão animada e cheia de gente. Era muito feia e as pessoas não gostavam de passar por aqui. Vim na mesma ver a loja e gostei. A ideia inicial era ter um espaço que funciona-se também como atelier para poder sair de casa, tirar as coisas da sala, porque era uma situação insustentável, o preço também era simpático, tinha o site e pensei, se eventualmente alguém aparecer à porta, óptimo, assim as pessoas podem mexer antes de comprar. Foi uma coincidência feliz, porque foi quando surgiu o boom da zona velha, com as portas pintadas, apareceram os bares, os restaurantes e a loja apareceu na altura certa. É uma área inovada, porque há projectos por toda a parte. Felizmente, tem corrido bem.

Como funciona o processo criativo para a escolha dos temas que colocas na t-shirt?

JR: A parte criativa vai aparecendo. Há dias em que consigo desenhar uma ou duas, trabalho as imagens e corre tudo muito bem. Existem outros em que nada sai bem. Não tenho um método, as coisas vão acontecendo. Espontaneamente. Neste momento, a inspiração surge na internet, diga o que disserem, é uma fonte de informação fantástica, não vou copiar, atenção, vou ver ideias e desenvolvo-as a partir do que já foi feito, também me acontece, muitas vezes, estar deitado e de repente tenho uma ideia e aponto-a antes que me esqueça. Em conversas com amigos, sobre um determinado assunto, surge uma frase e eu penso, isto ficaria giro numa t-shirt. Não posso afirmar que faço apenas um género de camisas com uma mensagem, por exemplo ambiental, não é nada disso. As ideias vão aparecendo e eu vou desenvolvendo-as.

 

 

De todas as edições limitadas que fizestes até agora, qual foi a que obteve mais sucesso junto do publico?

JR: Foi uma mensagem para os portugueses. Eu fui buscar uma cadela, a associação protectora dos animais, ela era muito magrinha, tinha sido abandonada e estava em muito mau estado. Não concordo com a ideia de oferecer animais na quadra natalícia, porque é giro. É muito engraçado no inicio, mas claro que ter um bicho dá muito trabalho, por isso muitos são abandonados. Então lancei uma t-shirt com a foto da minha cadela com uma frase a dizer, eu não sou uma prenda de natal. É para obrigar as pessoas a pensar que não se trata de um objecto que usam e jogam fora. É muito irresponsável esse tipo de comportamentos. As pessoas desde logo compreenderam a mensagem e queriam essa t-shirt. Foi talvez também a que mais gostei de fazer. Funcionou muito bem.

Tens a loja, mas continuas com o projecto online?

JR: Sim, continuo. Especialmente para as pessoas que estão fora da ilha e que já conhecem o meu projecto. Neste momento envio para os EUA e para alguns países da Europa. Ainda é muito difícil enviar para o resto do mundo, mas com calma lá chegaremos.

Como defines o tipo de cliente que veste as tuas shirts?

JR: Curiosamente, o meu cliente é acima dos 25 anos. São pessoas que gostam de arte, de fotografia e imagens inovadoras. Abaixo dessas idades, são miúdos que querem ter uma roupa igual aos outros, se sai uma nova marca de skate, ou bicicleta, seja lá o que for, todos querem usar o mesmo. Edições limitadas para teenagers não funciona, não lhes diz nada. Daí o meu cliente ser acima dessa faixa etária, entre os 40 e os 50 anos de idade.

Mais mulheres ou homens?

JR: Mais mulheres. Eu no inicio do projecto não queria sequer fazer t-shirt para mulheres. Mas, o fornecedor das bases aconselhou-me a criar pelo menos uma meia dúzia para o sexo feminino e funciona. Elas gostam mais do walking frame. Não sei explicar o porquê.

Porquê o nome?

JR: Walking frame em português quer dizer andarilho. Mas, não tem nada a ver, o que pretendo dizer é que as pessoas que usam as minhas t-shirts são como molduras em movimento.

http://www.walkingframe.net/index.php?cPath=1_31&osCsid=5be928e9ce5edf5ad6218f323382c8ce

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